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Protesto de índios, sem-teto e Comitê Popular da Copa termina em tumulto

Ericka de Sá, de Brasília28 de maio de 2014

Movimento reuniu mil manifestantes em Brasília, segundo a polícia. Três pessoas foram presas, e um policial ficou ferido. Reivindicações incluíam esclarecer supostas violações cometidas pela Fifa e pelo governo.

Brasilien/Ureinwohner/ Demonstration/
Foto: Reuters

Um grupo de mil manifestantes entrou em confronto com a polícia durante um protesto em Brasília nesta terça-feira (26/05). Índios, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto e membros do Comitê Popular da Copa protestavam de maneira pacífica, mas após a junção dos grupos em marcha ao Estádio Nacional Mané Garrincha, houve confronto com os cerca de 900 policiais que bloqueavam a via de acesso ao estádio. Três pessoas foram presas, e um policial foi ferido na perna por uma flecha

O confronto aconteceu próximo ao local onde estava a taça da Copa do Mundo, que percorre as cidades-sede. Por causa do protesto, a visitação precisou ser suspensa. “A operação foi eficiente, já que protegeu o grande público, especialmente crianças, estudantes e idosos que estavam no evento de visitação à Taça da Copa do Mundo”, defendeu o governo do Distrito Federal (DF), em nota oficial divulgada à noite. “A manifestação teve que ser contida no limite estabelecido para a segurança dos visitantes que estavam na tenda onde estava a Taça.”

A PM não lançou mão de armas letais, segundo o governo, mas bombas de gás foram usadas, e um repórter fotográfico foi ferido na perna por estilhaços de um dos artefatos. Os manifestantes revidaram com pedras e flechas.

Pauta indígena

Em nota de repúdio à ação da polícia, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) alega que a PM não cumpriu o combinado, que seria deixar o protesto seguir pacífico até o estádio.

“Os indígenas que estão em Brasília participando da Mobilização Nacional em Defesa dos Direitos Territoriais de seus povos uniram-se ao ato convocado pelo Comitê Popular da Copa - DF e marchavam tranquilamente em direção ao Estádio Nacional Mané Garrincha quando foram surpreendidos pela Cavalaria da Polícia com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral, spray de pimenta e tiros de bala de borracha”, diz o manifesto da APIB.

O grupo fica na capital até esta quinta-feira para participar de reuniões e protestar contra propostas – em tramitação no Congresso – que pretendem alterar o mecanismo de demarcação de terras indígenas. No início da tarde, antes do confronto, cerca de 500 índios chegaram a ocupar a marquise do Congresso Nacional de forma pacífica.

Julgamento Popular

A manifestação contra a Copa teve início na rodoviária, no centro da cidade. Na pauta do "Julgamento Popular" – realizado pelo Comitê Popular da Copa – DF, juntamente com dezenas de movimentos e organizações sociais, coletivos e ativistas de diversas áreas – estavam os “crimes” que teriam sido cometidos pela Fifa, pelos governos locais e empresas para a realização do Mundial.

“O objetivo do 'Julgamento Popular' é explicitar os diversos crimes e violações cometidos contra a população para possibilitar a realização de uma Copa do Mundo que não traz benefícios para a população”, dizia o texto de divulgação do protesto, enviado à imprensa pelo Comitê Popular da Copa, grupo que promete mais atos antes e durante o Mundial.

Entre as reclamações, segundo o texto, estão: “remoção de 250 mil pessoas de suas casas para a construção de obras, a mudança da legislação para a efetivação de políticas de exceção, a criminalização dos movimentos sociais, a repressão ao trabalho informal, os gastos exorbitantes, o desinteresse e a falta de programas para impedir a exploração sexual de crianças e adolescentes, a subserviência do poder público aos interesses privados e à Fifa”.

Já o MTST reivindica que as os gastos para a reforma do Mané Garrincha sejam auditados, além de mais verbas para programas de moradia no Distrito Federal.

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