Protestos antirracistas reúnem milhares pelo mundo
6 de junho de 2020
Atos em apoio às manifestações dos EUA ocorrem em diversas cidades da Europa, Ásia e Oceania, apesar de restrições impostas pela pandemia de covid-19. Manifestantes repudiam também a violência policial.
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Milhares de pessoas participaram neste sábado (06/06) em várias cidades do mundo de protestos antirracistas e contra a violência policial organizados em apoio às manifestações que ocorrem há dias nos Estados Unidos, apesar de restrições impostas pela pandemia de covid-19.
Os protestos globais refletem o aumento da insatisfação sobre o tratamento policial em relação a minorias étnicas e foram desencadeados pela morte de George Floyd, homem negro que foi morto quando estava sob custódia policial em Minneapolis, em 25 de maio.
Em Londres, milhares de manifestantes, usando máscara, ignoraram a chuva e se reuniram na Praça do Parlamento. Eles entoavam "sem justiça, sem paz, não ao racismo policial". Ato semelhante ocorreu em Manchester. Os protestos ocorreram apesar dos apelos do ministro do Interior, Priti Patel, para que as pessoas evitassem aglomerações devido à pandemia. O Reino Unido é o segundo país com o maior número de mortes causados pela covis-19, ao todo 40.548.
Na Alemanha, os protestos ocorreram em várias cidades. Em Berlim, cerca de 15 mil manifestantes se reuniram na Alexanderplatz. Durante o ato, os participantes se ajoelharam e fizeram oito minutos e 45 segundos de silêncio, exatamente o tempo que um policial pressionou o pescoço de Floyd com o joelho, causando a sua morte.
Em Munique, o ato reuniu 20 mil manifestantes, que entoaram o apelo "vidas negras importam", em Hamburgo, foram 14 mil. Nas redes sociais, a polícia da cidade expressou solidariedade às manifestações. "O racismo não pode ter lugar na nossa sociedade. Trabalhamos diariamente para que todos se sintam seguros em Hamburgo", escreveu no Twitter. Em Frankfurt, 8 mil pessoas participaram da manifestação.
Nos fins dos protestos pacíficos em Berlim e Hamburgo, foram registrados confrontos entre um grupo de manifestantes e a polícia. Em Hamburgo, dois policiais ficaram feridos e, na capital alemã, um fotógrafo acabou sendo acidentalmente atingido por uma garrafa.
Apesar de as autoridades de Paris terem proibidos os protestos devido à pandemia, centenas de manifestantes se reuniram na Place de la Concorde, que fica perto da embaixada americana, e na região da Torre Eiffel. Manifestações ocorreram ainda em Lyon, Lille e Rennes. Na França, os manifestantes pediam ainda justiça para Adama Traoré, um jovem de 24 anos, filho de imigrantes do Mali, que morreu sob custódia da polícia há quatro anos num subúrbio da capital francesa.
Protestos ocorreram ainda em diversas cidades da Ásia e Oceania. Em Brisbane, na Austrália, o ato reuniu 10 mil pessoas, segundo a polícia. Já os organizadores falam em 30 mil. Diversas ruas no centro da cidade precisaram ser fechadas. Os manifestantes ainda pediam um maior reconhecido das populações indígenas do país, as minorias mais excluídas da Austrália.
Na capital da Coreia do Sul, Seul, os manifestantes se reuniram pelo segundo dia consecutivo e levavam cartazes em apoio aos protestos dos Estados Unidos. Em Tóquio, também houve uma marcha com o racismo no Japão.
Devido às restrições impostas para conter o avanço do novo coronavírus, em Bangkok, os protestos foram online e os ativistas postaram fotos de cartazes e vídeos em apoio.
Floyd morreu após ser detido em Minneapolis, nos EUA, imagens de celular gravadas por uma testemunha mostram ele deitado ao lado da roda traseira de um veículo, com o policial o prendendo ao asfalto e pressionando o pescoço do detido com o joelho. Depois de vários minutos, Floyd gradualmente vai ficando quieto e deixa de se mexer. O policial não tira seu joelho do pescoço de Floyd até ele ser colocado numa maca por paramédicos. Uma ambulância levou Floyd a um hospital, onde ele morreu pouco depois.
A morte de Floyd resultou numa série de protestos nos Estados Unidos contra o racismo. Alguns atos, foram marcados por distúrbios nas ruas e confrontos violentos entre manifestantes e policiais.
Milhares se manifestaram nos Estados Unidos e até no Canadá contra o maltrato sistêmico de negros pela polícia, redundando em confrontações violentas. Trump contribuiu para acirrar os ânimos.
Foto: picture-alliance/AP Photo/J. Cortez
"Não consigo respirar"
Protestos tensos contra décadas de brutalidade policial perante cidadãos negros se alastraram rapidamente de Minneapolis a outras localidades dos Estados Unidos. As manifestações começaram na cidade do centro-oeste após a morte do afro-americano George Floyd, de 46 anos: em 25/05/2020, um policial o algemou e pressionou o joelho em seu pescoço até ele parar de respirar.
Foto: picture-alliance/newscom/C. Sipkin
De pacífico a violento
No sábado, os protestos foram basicamente pacíficos, mas se tornaram violentos com o avançar da noite. Em Washington, a Guarda Nacional foi mobilizada diante da Casa Branca. Tiroteios no centro de Indianápolis deixaram pelo menos um morto: segundo a polícia, não havia agentes envolvidos. Policiais ficaram feridos em Filadélfia. Em Nova York, dois veículos da polícia avançaram contra uma multidão.
Foto: picture-alliance/ZUMA/J. Mallin
Saques e destruição
Em Los Angeles, manifestantes enfrentaram com brados de "Black Lives Matter!" (Vidas negras importam) os agentes da lei armados de cassetetes e revólveres com balas de borracha. Na cidade, assim como em Atlanta, Nova York, Chicago e Minneapolis, os protestos se transformaram em revoltas de massa, com saques e destruição de estabelecimentos comercias.
Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Pizello
Provocador de Estado
O então presidente Donald Trump ameaçou enviar militares para abafar os protestos: "Minha administração vai parar a violência de massa, e de uma vez só", anunciou, acirrando as tensões nos EUA. Apesar de ele ter culpado supostos grupos de extrema esquerda pelas agitações, o governador de Minnesota, Tim Walz, citou diversos relatos de que supremacistas brancos estariam incitando o conflito.
Foto: picture-alliance/ZUMA/K. Birmingham
Mídia na mira da polícia
Diversos jornalistas que cobriam os protestos foram atacados por policiais. Na sexta-feira (29/05), o correspondente da CNN Omar Jimenez e sua equipe foram presos em Minneapolis. A polícia local também atirou na direção de Stefan Simons, da DW, quando ele se preparava para transmitir ao vivo, na noite de sábado. Outros repórteres foram alvejados com projéteis ou detidos quando estavam no ar.
Foto: Getty Images/S. Olson
Além das fronteiras
As manifestações chegaram até o Canadá: no sábado milhares marcharam pelas ruas de Vancouver e Toronto. Nesta cidade, os participantes também lembraram a morte da afro-canadense Regis Korchinski-Paquet, de 29 anos, na quarta-feira (27/05), caída da varanda de seu apartamento no 24º andar, onde se encontrava só com policiais.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/A. Shivaani
#GeorgeFloyd
Milhares também desfilaram diante da embaixada dos Estados Unidos em Berlim, manifestando indignação contra o homicídio de Floyd e o racismo sistêmico.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M:.Schreiber
Casa Branca cercada
A Força Nacional fez um cordão de isolamento, no domingo, para proteger a Casa Branca. O presidente Trump chegou a ser levado para um bunker na sede do Executivo, que foi alvo de manifestações por dias.
Foto: Reuters/J. Ernst
Soldados em Washington
Após Trump anunciar o uso de soldados para conter as manifestações, o Pentágono deslocou cerca de 1.600 militares para a área de Washington para apoiar as forças de segurança da capital caso seja necessário, diante dos protestos que marcaram uma semana da morte de Floyd. Na Alemanha, o ministro do Exterior, Heiko Maas, criticou a ameaça de Trump de usar militares armados contra os manifestantes.
Foto: Getty Images/AFP/W. McNamee
Recado de Obama
No dia em que a procuradoria endureceu as acusações contras os quatro policias envolvidos na ação, o ex-presidente dos EUA Barack Obama disse que protestos refletem "mudança de mentalidade" no país e incentivou os jovens a continuar realizando as manifestações. "Espero que (os jovens) sintam esperança, ao mesmo tempo que estão indignados, porque eles têm o poder de mudar as coisas", afirmou.
Foto: Reuters/J. Skipper
Funeral reúne centenas em Minneapolis
Centenas participaram de uma cerimônia fúnebre em homenagem a George Floyd em 04/06. Elas ficaram em silêncio por 8 minutos e 46 segundos, tempo em que Floyd ficou com o pescoço prensado pelo joelho de um policial. "É hora de nos levantarmos em nome de Floyd e dizer: tirem o seu joelho dos nossos pescoços", afirmou o reverendo e ativista pelos direitos civis Al Sharpton (foto) durante o funeral.