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Protestos de 2ª feira unem esquerda e direita

sm16 de agosto de 2004

A insatisfação da população com as reformas sociais do governo pode representar uma chance de crescimento de partidos de extrema direita e esquerda na Alemanha.

Milhares de pessoas protestam em Leipzig contra reformas do mercado de trabalhoFoto: AP

As ações de protesto contra as reformas do mercado de trabalho estão se alastrando pela Alemanha. De acordo com informações da organização crítica à globalização Attac, pelo menos 90 cidades alemãs planejam manifestações contra os cortes sociais nesta segunda-feira (16). Após os estados do Leste do país terem iniciado uma onda de protestos toda segunda-feira, cidades representativas do Oeste — como Colônia, Dortmund, Stuttgart e Saarbrücken — também estão planejando ações semelhantes.

Protestos: agitação de uma minoria?

Em reação aos protestos e às crescentes críticas internas ao seu governo, o chanceler federal Gerhard Schröder reiterou que pretende continuar no poder até o final de seu mandato em 2006 e se recandidatar pela terceira vez. "Não vejo ninguém no Partido Social Democrata (SPD) que esteja pensando seriamente em assumir a chancelaria federal", declarou Schröder à televisão alemã, remetendo-se à crescente insatisfação entre seus próprios correligionários. Ele descartou as manifestações do Leste do país contra suas reformas sociais como agitação de uma minoria.

No entanto, a impopularidade das reformas sociais do governo Schröder, sobretudo a reforma do mercado de trabalho (Hartz IV) e sua respectiva nivelação de salário-desemprego e ajuda social, poderá custar à coalizão social-democrata e verde o próximo mandato nas eleições parlamentares de 2006. Ou pelo menos causar ao SPD uma representativa perda de votos nas eleições estaduais deste ano. Mas quem sairá ganhando com a falta de prestígio dos social-democratas?

Insatisfação: uma chance para extremistas?

Análises da imprensa alemã apontam que os votos perdidos provavelmente não emigrariam para o grande bloco da oposição democrata-cristã e liberal. É que os conservadores têm a fama de ser ainda mais reformistas que os social-democratas. Além disso, é provável que a população, insatisfeita com receitas antigas do mainstream político, prefira apostar em partidos menores.

De acordo com uma análise do jornal Financial Times Deutschland, a reforma Hartz IV desestabilizou as formações partidárias estabelecidas e abriu chances eleitorais para partidos menores. Uma coisa certa, por exemplo, é o crescimento do Partido do Socialismo Democrático (PDS) nos próximos pleitos no Leste do país. Não é a primeira vez que isso acontece.

No entanto, a novidade agora seria a chance de crescimento dos partidos de extrema direita. Segundo o diretor do instituto de pesquisa Forsa, Manfred Güllner, tudo indica que 13% da votação nos estados correspondentes à antiga Alemanha Oriental seja destinada a partidos de extrema direita, como a União Popular Alemã (DVU) e o Partido Nacional Democrático (NPD). Na Saxônia, por exemplo, o NPD, que já detém 5% dos votos, poderia conquistar mais 9%, segundo indica o Financial Times Deutschland.

Formação de um novo reduto social-democrata

Tanto o PDS, sucessor do partido socialista da Alemanha Oriental, como os partidos de extrema direita podem ser beneficiados pela frustação gerada pelas reformas sociais. Ambos os lados estão convocando a população para as manifestações de segunda-feira, embora em algumas cidades a polícia tente separar manifestantes radicais de esquerda e de direita.

O jornal semanal Die Zeit também avalia a onda de protestos como uma amostragem representativa de toda a população: ativistas da classe operária da antiga Alemanha Oriental, classe média, funcionários e autônomos com grau acadêmico. Na avaliação do jornal, isso poderá levar a uma reestruturação dos domínios partidários na Alemanha.

Oskar LafontaineFoto: AP

Uma outra possibilidade seria o retorno do ex-presidente do SPD Oskar Lafontaine à política, como uma alternativa inesperada diante do desgaste da imagem pública de tantos políticos da situação. É difícil de avaliar se Lafontaine, que abandonou a política alemã há cinco anos após conflitos internos com seus correligionários, tem chances de se associar à ala mais esquerdista do SPD e criar um novo reduto social-democrata. A única certeza é que Lafontaine não é inteiramente inofensivo. Uma prova disso é a apreensão da cúpula SPD, que aumentou a pressão sobre o ex-ministro e ex-governador neste fim de semana, a fim de que ele siga a disciplina partidária ou abandone o SPD.

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