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Protestos marcam Dia Nacional da China em Hong Kong

1 de outubro de 2014

Manifestantes exigem renúncia do chefe do Executivo do território chinês e direito de eleições livres. Segundo a Anistia, pessoas estão sendo detidas na China continental por apoiar causa em Hong Kong.

Foto: Reuters/Carlos Barria

Manifestantes em Hong Kong prometeram nesta quarta-feira (01/10), Dia Nacional da China, intensificar os protestos caso o chefe do Executivo local, Leung Chun-ying, continue no cargo. Eles exigem a renúncia de Leung e querem garantias de Pequim de que poderão escolher livremente o próximo líder do governo local.

As exigências foram feitas durante a cerimônia de hasteamento de bandeiras, que marcou a comemoração oficial de aniversário de fundação da China comunista, em 1949. Manifestantes pró-democracia, em sua maioria estudantes, foram mantidos atrás de barricadas montadas pela polícia e apelaram, aos gritos, que Leung deixe o cargo. Quando a cerimônia começou, eles silenciaram e viraram as costas para a bandeira da China.

Em seu discurso, Leung não fez qualquer menção aos protestos, que desde o fim de semana tomaram as ruas de Hong Kong em reação à decisão anunciada por Pequim de enviar os nomes de postulantes ao cargo de próximo chefe do governo em Hong Kong para um comitê – formado em sua maioria por membros pró-China. Apenas candidatos aprovados por mais da metade do comitê poderão concorrer. Somente dois ou três, segundo o governo chinês, deverão participar das eleições, marcadas para ocorrer em 2017.

Leung, que não se reuniu com os manifestantes, tentou convencer os eleitores de que as regras estabelecidas por Pequim são melhores do que o atual sistema válido no território chinês, em que uma comissão eleitoral escolhe o chefe do Executivo.

"Definitivamente, é muito melhor ter sufrágio universal do que não ter", defendeu Leung. "É muito melhor ter um chefe do Executivo eleito por 5 milhões de eleitores aptos do que por apenas 1,2 mil pessoas. E com certeza é bem melhor depositar seu voto na urna do que ficar em casa assistindo pela televisão os 1,2 mil integrantes do comitê votando."

Manifestantes dão as costas para bandeiras chinesas durante celebração do Dia Nacional da ChinaFoto: picture-alliance/dpa/Dennis M. Sabangan

As manifestações estavam inicialmente programadas para começar nesta quarta-feira, para coincidir com o Dia Nacional da China, mas foram deflagradas no fim de semana passado. Autoridades de segurança reprimiram manifestantes com gás lacrimogêneo e de pimenta, raramente usados pela polícia no território. Os manifestantes paralisaram o centro da cidade, onde muitos permanecem acampados desde então.

Por conta dos protestos, alguns bancos e empresas financeiras estão tirando os escritórios do centro de Hong Kong, a fim de evitar que os distúrbios interfiram nos negócios.

Prosperidade e estabilidade

A forte onda de protestos é o maior desafio às autoridades da China desde que o país recuperou o controle sobre Hong Kong, até então território do Reino Unido, em 1997. No acordo então firmado, Pequim assegurou garantias de semi-autonomia e algumas liberdades a Hong Kong.

Em seu discurso neste Dia Nacional da China, o presidente chinês, Xi Jinping, prometeu "resguardar firmemente" a prosperidade e a estabilidade de Hong Kong. O governo em Pequim, que vem adotando linha dura contra qualquer possível ameaça ao Partido Comunista, condena a onda de protestos no território no sudeste do país, considerandoas manifetações ilegais.

Ao menos 20 ativistas foram detidos em várias partes da China e outros 60 foram interrogados por suposto apoio aos protestos em Hong Kong, segundo a Anistia Internacional. O grupo pediu a imediata liberação "daqueles detidos apenas por expressarem pacificamente seu apoio aos manifestantes de Hong Kong".

MSB/ap/afp/rtr/lusa

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