Manifestações em vários países pedem igualdade de direitos e fim da violência e do assédio sexual. Na Espanha, sindicatos estimam que mais de 5 milhões de mulheres aderiram à primeira "greve feminista" nacional.
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Organizações de defesa da igualdade de gênero e sindicatos convocaram marchas, protestos e greves em vários países nesta quinta-feira (08/03) em defesa da equidade de oportunidades e salários e contra a violência contra as mulheres.
Na Espanha, o Dia Internacional da Mulher foi marcado por uma série de greves parciais e manifestações em muitas cidades em favor de uma efetiva igualdade em relação aos homens. Os dois maiores sindicatos espanhóis, União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Comissões Obreras (CCOO), estimam que mais de 5 milhões de trabalhadoras aderiram à paralização por eles convocada, descrita como a primeira "greve feminista" nacional.
A greve atingiu diversos setores. Mais de 300 trens foram cancelados em todo o país no início da manhã desta quinta-feira. O Ministério dos Transportes, que controla a empresa ferroviária Renfe, estimou que apenas 65% do serviço estava assegurado. O metrô de Madri também foi afetado pelas paralisações.
Além da greve, protestos ocorreram nas cidades de Madri, Barcelona, Bilbao, Sevilla e Valência, com lemas como "Se nós paramos, para o mundo", "Vivas, livres, unidas pela igualdade" e mensagens contra a lacuna salarial por gênero e a violência machista. Na capital espanhola, a manifestação reuniu mais de 14 mil pessoas, segundo sindicatos.
Várias associações feministas do país convidaram ainda as mulheres a renunciarem à realização de tarefas domésticas neste dia. A atriz Penélope Cruz apoiou a manifestação e cancelou sua agenda nesta quinta-feira, além de anunciar que fará greve doméstica, deixando os dois filhos aos cuidados exclusivos do parceiro, o ator Javier Bardem.
Na França, além de manifestações, o jornal Libération cobrou 50 centavos de euros a mais por exemplar para leitores homens nesta quinta-feira, com o objetivo de denunciar a diferença salarial. Na capa, o periódico afirma que "apesar da lei, a diferença salarial entre homens e mulheres continua sendo de 25% na França", por isso "o jornal decidiu aplicar, por um dia, a mesma diferença em seu preço".
Na Turquia, a violência machista contra as mulheres e o abuso sexual foram o foco de uma manifestação convocada em Istambul, que desafiou as proibições impostas pelo estado de emergência em vigor. Cerca de 50 mulheres participaram do protesto. Outras manifestações foram registradas em 14 cidades do país.
Na Índia, centenas de mulheres, incluindo estudantes, professoras e profissionais do sexo, saíram às ruas da capital, Nova Deli, para chamar a atenção para violência doméstica, ataques sexuais e discriminação em empregos e salários.
No Paquistão, centenas de mulheres protestaram em diversas cidades para reivindicar direitos e pedir "independência" dos homens. Manifestação semelhante ocorreu também em Cabul, no Afeganistão.
Também na Coreia do Sul, centenas de mulheres – muitas delas vestindo preto – manifestaram-se em apoio ao movimento #MeToo. Reunidas no centro de Seul, elas pediram que os responsáveis por crimes sexuais sejam levados à Justiça e que haja igualdade de salários entre homens e mulheres.
Por que as mulheres ganham menos do que os homens?
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A Nigéria encarou o dia 8 de março com mais atenção no novo sequestro de Boko Haram. Em 19 de fevereiro, 110 meninas sumiram após o ataque do grupo terroristas a um instituto de ensino em Dapchi. "Isto tem que ser o principal agora. Por isso decidimos fazer um chamado #LeaveOurDaughtersAlone (Deixe nossas filhas em paz, em inglês) para acabar com este desastre nacional", afirmou a primeira-dama do país, Aisha Buhari.
No México, grupos de direitos humanos e sindicatos convocaram uma paralisação de mulheres por 16 horas para exigir igualdade salarial e o fim da violência e do assédio sexual no país.
Na Argentina, o principal ato foi em Buenos Aires, com uma manifestação de organizações feministas e da sociedade civil e partidos políticos partindo da Plaza de Mayo até o Parlamento, percorrendo cerca de 1,3 quilômetro. O ato reuniu milhares de pessoas. As mulheres pediam a aprovação de um projeto de lei que legaliza o aborto. No Chile, protestos foram convocados por organizações de defesa dos direitos das mulheres e entidades estudantis.
No Brasil, manifestações foram convocadas em várias capitais, incluindo Belo Horizonte, Salvador e Recife. Em São Paulo, milhares de mulheres se reuniram na Avenida Paulista contra a desigualdade salarial, violência de gênero e contra o governo de Michel Temer. O protesto foi organizado por diversos grupos feministas e mulheres de partidos de esquerda.
No Rio, o protesto foi contra a discriminação, o assédio e a intervenção federal. Centenas de pessoas participaram do ato. Em Curitiba, as mulheres protestaram contra a proibição do aborto e a baixa representatividade feminina na política e criticaram o juiz federal Sergio Moro.
AS/CN/dpa/afp/efe/ots
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As conquistas das mulheres alemãs
Do direito ao voto ao espaço na política: ao longo dos últimos cem anos as mulheres alemãs lutaram para derrubar leis e convenções que hoje soam impensáveis.
Foto: picture-alliance/akg-images
O direito ao voto
Em 1918, o Conselho dos Deputados da Alemanha proclamou: "Todas as eleições serão conduzidas sob o mesmo sufrágio secreto, direto e universal para todas as pessoas do sexo masculino e feminino com pelo menos 20 anos de idade". Logo depois, as mulheres puderam votar, pela primeira vez, nas eleições para a Assembleia Nacional alemã, em janeiro de 1919.
Foto: picture-alliance/akg-images
Lei de Proteção à Maternidade
A Lei entrou em vigor em 1952. Desde então, passou por várias alterações. O objetivo é assegurar a melhor proteção possível da saúde da mulher e do filho durante a gravidez, após o parto e durante a amamentação. Mulheres não podem sofrer desvantagens na vida profissional por causa da gravidez nem seu emprego pode ser ameaçado pela decisão de ser mãe.
Em 1971, Alice Schwarzer publicou na revista Stern um artigo no qual 374 mulheres confessaram ter interrompido a gravidez; entre elas, Romy Schneider. Após a publicação, dezenas de milhares de mulheres foram às ruas protestar a favor da maternidade autodeterminada. Em 1974, a coalizão social-liberal aprovou no Parlamento a descriminalização do aborto nos três primeiros meses da gestação.
Foto: Der Stern
Mais estudantes e professoras nas universidades
Em 1976, foi realizado em Berlim o evento "1° Universidade de Verão para as mulheres". Entre as exigências, as precursoras pediam o aumento da participação das mulheres entre estudantes e professoras, que era de 3 %. Em 1970, o percentual de estudantes passou para 9%. Hoje, ele chega a 48%. Em 1999, o número de professoras era de cerca de 4 mil. Hoje, elas são 11 mil em toda a Alemanha.
Foto: picture alliance/ZB/J. Kalaene
Livre da obrigação do serviço doméstico
Em 1977, entrou em vigor a nova lei de matrimônio. Até então, a esposa era "obrigada ao serviço doméstico". Ela só poderia trabalhar se não negligenciasse suas tarefas do lar e se o marido consentisse. Em 2014, 70% das mães trabalhavam fora; 30% em tempo integral e quase 40% em meio período. Entre os casais com crianças, a mulher alemã contribui com uma média de 22,6% da renda familiar.
Foto: picture-alliance/akg-images
Igualdade salarial
Em 1979, 29 funcionárias processaram o laboratório fotográfico Heinze, em Gelsenkirchen, pelo direito de ter a mesma remuneração por trabalhos iguais. Elas venceram: em 1980, o Parlamento alemão aprovou a lei sobre igualdade de tratamento de homens e mulheres no trabalho. Mas ainda há muito o que fazer: em , as mulheres ganharam 18% a menos por hora trabalhada do que os homens.
Foto: picture-alliance/chromorange
Pilotas da Lufthansa
Em 1986, a companhia aérea alemã Lufthansa permitiu, pela primeira vez, que duas mulheres completassem a formação de piloto. Elas são: Erika Lansmann e Nicola Lunemann (na foto). Hoje, nas diversas companhias aéreas do grupo, 417 mulheres trabalham como co-pilotas e 114 são comandantes.
Foto: Roland Fischer, Lufthansa
Trabalho noturno
Em 1992, o Tribunal Constitucional Federal revogou a proibição do trabalho noturno para mulheres. O Tribunal declarou que a alegada proteção estava associada com salários mais baixos e "desvantagens consideráveis". Na antiga Alemanha Oriental, as mulheres tinham sido autorizadas a praticar todas as profissões desde o início, a qualquer hora do dia ou da noite.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Gerten
Sexo sem consentimento
Em 1997, a violação sexual no casamento passou a ser considerada crime. O Bundestag decidiu por uma maioria esmagadora que os maridos estupradores já não tinham direitos especiais. A ideia de que seria uma "ofensa menor de coerção" foi abolida. Todos os "atos sexuais" forçados passaram a ser punidos como estupro.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Kästle
Mulheres na política
Depois de conquistarem o direito ao voto na maior parte dos países, as mulheres tentam alcançar a mesma proporção de participação política que os homens. Em 1949, o percentual de alemãs no Bundestag era de 6,8%. Atualmente, elas são 35,3%. A primeira mulher a chefiar o governo foi Angela Merkel, em 2005. Em 2018, ela chegou ao quarto mandato como chanceler federal, cargo que exerceu até 2021.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
Tarefas domésticas
Hoje as mulheres alemãs também lutam por direitos iguais em relação às tarefas domésticas e ao cuidado com familiares. Em 1965, elas exerciam esse trabalho durante, em média, quatro horas por dia; os homens, 17 minutos por dia. Atualmente as mulheres ainda gastam 43,8 pontos percentuais a mais de tempo com tarefas domésticas do que os homens: são quase 30 horas semanais, contra 20 dos homens.
Foto: Imago/O. Döring
O futuro
Para despertar o interesse das meninas em profissões antes consideradas masculinas, especialmente na indústria, desde 2001 empresas alemãs convidam meninas do 5º ano para o 'Girls day'. O dia das meninas é considerado o maior projeto de orientação profissional do mundo e, graças a ele, cada vez mais jovens mulheres decidem seguir carreira da área de ciências exatas na Alemanha.