Protestos pelo mundo marcam Dia Internacional da Mulher
8 de março de 2020
Várias cidades registram atos a favor de mais igualdade de gênero. Na Turquia, manifestantes são reprimidas com violência. Coronavírus leva ao cancelamento de manifestações na Itália e na Coreia do Sul.
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Centenas de milhares de mulheres saíram às ruas neste domingo (08/03) em protestos que marcaram o Dia Internacional da Mulher. Apesar do cancelamento de várias manifestações devido ao surto de coronavírus, as marchas ocorrem em várias cidades do mundo, como Paris, São Paulo, Bangcoc, Istambul e Bogotá.
Em Bangcoc, as manifestantes pediram melhorias na legislação trabalhista e mais diretos. Com um público bem menor do que o do ano passado, os organizadores do evento afirmaram que o temor de covid-19, a doença respiratória provocada pelo novo coronavírus, foi o responsável por afastar as mulheres da marcha.
Centenas de mulheres e homens marcharam em Manila, onde queimaram uma gigantesca efígie do presidente filipino, Rodrigo Duterte, a quem acusaram de misoginia. "De diferentes formas ou maneiras, as mulheres estão sendo exploradas", afirmou Arlene Brosas, representante de um grupo defensor durante o comício próximo ao palácio presidencial.
No Paquistão, mulheres protestaram em várias cidades, apesar de diversas petições apresentadas por grupos conservadores em tribunais para detê-las. As marchas são notáveis no país onde as mulheres não se sentem seguras em locais públicos devido ao assédio aberto.
Em Paris, ativistas do Femen se reuniram na Place de la Concorde para denunciar a "pandemia patriarcal". Ativistas de direitos humanos também condenaram a violência policial ocorrida num protesto feminino na noite de sábado, no qual nove pessoas foram presas. A prefeita da capital francesa, Anne Hidalgo, afirmou estar chocada com a violência "inaceitável e incompreensível" e expressou solidariedade aos manifestantes.
Milhares de mulheres protestaram também em Madri e em diversas cidades espanholas. As autoridades do país não impuserem restrições aos eventos, mas pediram que quem apresentasse os sintomas de covid-19 ficasse em casa.
Em Berlim, cerca de 10 mil mulheres foram às ruas pedir uma divisão igualitária do trabalho doméstico e igualdade de gênero. Vários atos ocorreram na capital alemã, inclusive um protesto de ciclistas.
Uma das maiores manifestações ocorreu no Chile, onde 125 mil pessoas invadiram as ruas da capital Santiago. As mulheres pediram igualdade de gênero e o fim da violência. "Eles nos matam, nos estupram e ninguém faz nada", cantaram. Muitas exigiram ainda uma nova Constituição, que reforçasse os direitos das mulheres.
Em Buenos Aires, as mulheres pretendem protestar próximo ao Congresso para pedir a legalização do aborto. O ato ocorre depois de o novo governo anunciar que apoia esse projeto, que já foi derrubado por parlamentares em tentativas anteriores.
Na Cidade do México, mulheres pintaram numa praça os nomes de vítimas de feminicídio, crime que mais do que dobrou no país nos últimos cinco anos, e pediram o fim da violência contra a mulher.
No Brasil, nem mesmo a chuva impediu a marcha em São Paulo, onde mulheres se reuniram na Avenida Paulista. No ato, elas lembraram a vereadora Marielle Franco, cujo assassinato completa dois anos neste mês, e protestaram contra o presidente Jair Bolsonaro e a favor da democracia.
Protestos no Quirguistão e na Turquia foram reprimidos com violência. Em Istambul, a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo contra um grupo de mais de 5 mil mulheres que desejam marchar pela rua Istiklal, onde governo proibiu há anos manifestações. Deputadas dos partidos de oposição também participaram do ato.
Nos Camarões, separatistas detonaram uma bomba numa cerimônia de comemoração da data, provocando pânico. Ninguém ficou ferido no ataque.
Eventos do Dia Internacional da Mulher foram cancelados na Itália, Índia e na Coreia do Sul. Num vídeo, o presidente italiano, Sergio Matarella, lamentou a necessidade de evitar grandes aglomerações devido ao coronavírus e agradeceu às mulheres que trabalham em hospitais e na zona de quarentena para combater a propagação da epidemia.
Sabia que uma atriz de Hollywood inventou a base da telefonia por celular? Conheça mulheres que revolucionaram a ciência com suas pesquisas, descobertas e inventos – do filtro de café a sistemas de computação.
Foto: picture alliance/IMAGO
Hedy Lamarr e a transmissão de dados sem fio
Ela e o compositor George Antheil inventaram um sofisticado sistema de comunicação para despistar radares, patenteado em 1942 por George Antheil e Hedy Kiesler Markey, nome original da atriz austríaca. Hoje, o "frequency hopping" (alternância de frequência) é base da moderna comunicação por espalhamento espectral. Essa técnica é usada nos protocolos Bluetooth, Wi-Fi e CDMA.
Foto: picture-alliance/ dpa
Ada Lovelace, primeira programadora
Já no início do século 19, Ada Augusta King, condessa de Lovelace (1815-1852), delineou o mundo dos computadores de hoje com sua invenção. Em 1835, a matemática inglesa desenvolveu um programa complexo para um computador mecânico nunca concluído, o "mecanismo analítico". Foi a base para as linguagens de programação posteriores, o que a tornou a primeira programadora do mundo.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
Barbe-Nicole Clicquot, "Grande Dame" do champanha
A francesa Barbe-Nicole Clicquot (1777-1866) inventou o método hoje conhecido como "remuage": as garrafas de champanhe são armazenadas com o gargalo para baixo e agitadas e giradas com regularidade, para que os sedimentos da levedura se depositem junto à rolha provisória. Isso garante uma bebida clara, sem a perda da efervescência.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Remy de la Mauviniere
Josephine Cochrane e a máquina de lavar louça
Se não fosse essa americana rica, muita gente ainda estaria brigando para decidir quem lava a louça. Josephine Cochrane (1839-1913) gostava de organizar festas e se irritava com os empregados, que com frequência quebravam os pratos. Para zelar por sua fina porcelana, ela patenteou a máquina de lavar louça em dezembro de 1886.
Foto: public domain
Marie Curie, a primeira Prêmio Nobel
Marie Curie (1867-1934) é uma das mais importantes cientistas da história. A polonesa naturalizada francesa foi a primeira mulher a ganhar um Nobel, ao lado do marido, Pierre Curie, em 1903, por suas pesquisas na área da física. Em 1911, ganhou o Nobel de Química. Ela pesquisou a radioatividade e descobriu os elementos químicos polônio e rádio.
Foto: picture-alliance/empics/PA Wire
Melitta Bentz e o filtro de café
Quando a mãe e dona de casa alemã Melitta Bentz (1873-1950) tomava café, ela sempre se incomodava com os irritantes grãozinhos entre os dentes. Certo dia, ela espontaneamente pegou o mata-borrão dos cadernos dos filhos, colocou-o em uma lata perfurada e serviu o café. Assim nasceu o filtro de café, que foi patenteado por ela em 1908, quando tinha 35 anos.
Foto: DW
Grace Hopper, pioneira da computação
A cientista da computação Grace Murray Hopper (1906-1992) ensinou o computador a falar. Enquanto os pioneiros da computação ainda se comunicavam em uma linguagem enigmática, esta pioneira já transformava os programas de computador de código binário em linguagem compreensível. Ela desenvolveu a linguagem de programação que serviu de base para a criação do Cobol (Common Business Oriented Language).
Foto: picture-alliance/Newscom/J. S. Davis
Gertrude Elion, pioneira da medicina
Quando o avô da americana Gertrude Belle Elion (1918-1999) morreu de câncer, ela decidiu pesquisar a doença. A bioquímica e farmacologista fez contribuições significativas para o avanço da quimioterapia, ao desenvolver uma droga usada para tratar a leucemia até hoje. Em 1989, ela recebeu o Nobel de Medicina.
Foto: CC By Unbekannt 4.0
Mária Telkes e a energia do futuro
Durante a Segunda Guerra Mundial, a cientista húngaro-americana Mária Telkes (1900-1995) inventou uma usina de dessalinização movida a energia solar. Em 1947, ela e a arquiteta Eleanor Raymond construíram uma casa completamente aquecida por energia solar. A base dessa tecnologia é usada ainda hoje.
Foto: Gemeinfrei
Margaret Hamilton e a conquista da Lua
A matemática e cientista de computação americana Margaret Hamilton (1936) chefiou durante muitos anos a divisão de software do programa Apollo, da Nasa. Ela desenvolveu o programa de voo usado pela Apollo 11, a primeira missão tripulada que aterrissou na Lua. Além disso, desenvolveu vários conceitos que são hoje a base dos sistemas de software.