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Protestos testam força do movimento anti-Dilma

14 de março de 2015

Grupos de diferentes cartilhas convocam manifestações em dezenas de cidades do Brasil, em atos que vão medir a real força dos defensores do impeachment da presidente.

Foto: picture-alliance/dpa/Ovalle

As cartilhas são diferentes – de empresários que pedem um enxugamento do Estado até extremistas que defendem um golpe militar. Mas o descontentamento é único. Unidos pelo desejo de ver a presidente Dilma Rousseff fora do poder, movimentos de oposição preveem marchar juntos neste domingo (15/03) em dezenas de cidades do país.

São grupos como "Vem pra Rua", "Revoltados On Line" e "Movimento Brasil Livre", que juntos somam mais de 1 milhão de seguidores no Facebook. Eles podem tornar o 15 de março um divisor de águas: personalizando o fiasco de um movimento que se pretende grande, mas que jamais mostrou sua força; ou provando serem mais que uma agitação de rede social, realmente capaz de capitalizar a polarização pós-eleitoral e influenciar o deteriorado cenário político nacional.

"São grupos diferentes, que têm em comum o desejo de mudança e a total insatisfação com o governo Dilma", disse ao jornal O Globo o empresário Rogerio Chequer, de 46 anos, um dos rostos mais visíveis do "Vem Pra Rua".

O "Vem pra Rua" afirma, como a maioria dos juristas e observadores políticos, que não há base jurídica para um impeachment. Mas, quando houver, diz que vai apoiar o processo. Com cerca de 300 mil seguidores no Facebook, o grupo usa vídeos gravados por artistas para chamar as pessoas às ruas, alegando que a pressão sobre o governo é importante.

Já o "Movimento Brasil Livre" diz que defende o liberalismo econômico e a participação mínima do Estado na economia. Ele se posiciona a favor do impeachment e contra a intervenção militar, assim como o "Vem pra Rua". No entanto, ambos admitem que grupos pró-golpe estarão presentes nas manifestações de domingo.

Um dos grupos que apoia a intervenção militar é o "Legalistas", do Rio de Janeiro."A coisa está indo por um caminho que não vejo outra saída", disse ao jornal Folha de S. Paulo o sargento da reserva da Aeronáutica Tôni Oliveira, de 58 anos.

De todos os grupos, o "Revoltados On Line" é o que tem mais seguidores no Facebook, com 700 mil. Nenhum movimento arrisca estimar a adesão às marchas de domingo. Eles engrossam o coro para que o povo saia às ruas, mas alegam que serão aglomerações espontâneas, sem uma liderança específica.

Página do grupo "Vem pra Rua" no Facebook: contra a intervenção militarFoto: Screenshot

Aécio apoia; Dilma rechaça "3º turno"

Os grupos se dizem apartidários. Mas ganharam um aliado de peso nesta semana, com o anúncio do senador Aécio Neves de que seu partido, o PSDB, dará apoio "irrestrito" aos atos antigoverno e estimula seus militantes a comparecerem. O político tucano, no entanto, não irá às marchas.

"O PSDB está divulgando nota de irrestrito apoio às manifestações", disse. "Estamos estimulando que nossos companheiros estejam participando da forma que acharem mais adequada. Mas, para não caracterizar esse movimento como algo partidário, o PSDB estará nas ruas através de seus militantes, mas sem a presença institucional de seu presidente."

Dilma reiteradamente defendeu o direito de manifestação, mas condenou qualquer tipo de violência nos protestos. A presidente afirmou, porém, que é preciso haver razão para um pedido de impeachment e pediu que não se crie um "terceiro turno".

"Aqui as pessoas podem se manifestar, têm espaço para isso e têm direito a isso. Eu sou de uma época em que, se a gente se manifestasse ou fizesse alguma coisa, acabava na cadeia, podia ser torturado ou morto", afirmou. "Acho que há que caracterizar razões para o impeachment e não o 'terceiro turno' das eleições. O que não é possível no Brasil é a gente não aceitar a regra do jogo democrático. A eleição acabou, houve primeiro e segundo turnos."

RPR/abr/ots

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