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República Tcheca

Peter Hornung (rr) 29 de dezembro de 2008

Neste 1º de janeiro de 2009, a República Tcheca assume por seis meses a presidência rotativa da União Européia – um grande desafio para um pequeno país que ainda não encontrou seu lugar entre a UE e a Otan.

Tchecos são mais mais provincianos do que pensam, diz politólogoFoto: dpa

O hino da República Tcheca transmite certa tristeza. "Onde fica a minha pátria?", questiona a sua letra. E, por mais que o texto termine respondendo à pergunta, o ceticismo permanece. Aliás, nisso os tchecos são especialistas, disse uma vez Günter Verheugen, comissário europeu da Indústria.

Trata-se de uma jovem nação fundada há apenas 16 anos, após o desmantelamento da Tchecoslováquia. Seu território é aproximadamente do tamanho da Baviera, mas sua população é menor, contando com 10,5 milhões de habitantes, dos quais a metade não tem religião – índice maior do que em qualquer outro país da Europa.

Budweiser original: ninguém bebe mais cerveja que os tchecosFoto: PA/dpa

Suas próprias tradições, no entanto, são sagradas, entre elas a culinária da Boêmia e a cerveja tcheca. Não é à toa que lá se bebe mais cerveja que em qualquer outro lugar no mundo: nisso, os tchecos são campeões mundiais, à frente até dos alemães.

Cosmopolitas ou provincianos?

As amargas experiências que tiveram ao longo do século 20 com os alemães e também com os russos marcaram o país e seu povo. Aliás, experiências históricas em geral desempenham um papel importante na mentalidade tcheca. O que nesse caso nem sempre é positivo, avalia o cientista político Jiri Pehe.

"Os tchecos são um povo provinciano, mais do que eles próprios pensam, pois foram isolados das principais correntes da história européia. É uma situação especial. De um lado, gostam de se ver como europeus, como um povo relativamente cosmopolita e liberal", explica Pehe.

"Mas, por outro lado, são algo atrasados, pois este país quase sempre foi província nos últimos 400 anos, seja de Berlim, Viena ou Moscou. Essa mentalidade está profundamente enraizada aqui. Os tchecos têm medo do mundo lá fora, medo de se abrir e mantêm uma série de ressalvas e mitos."

Ceticismo tcheco

Em 1999, o país se tornou membro da Otan e em 2004 passou a fazer parte da União Européia. Desde então, muito se falou sobre o ceticismo dos tchecos diante da UE, freqüentemente relacionado ao nome do presidente Václav Klaus.

República Tcheca, Hungria e Polônia foram primeiros países do Pacto de Varsóvia a integrar a OtanFoto: picture-alliance / dpa

De fato, há na República Tcheca uma série de políticos que raramente falam algo de bom sobre o bloco, o que acaba moldando a opinião pública do país. Sem eles, não se sabe como o país seria.

Seja como for, assumir a presidência do Conselho da União Européia é um grande desafio nacional. Mesmo em casa se discute se o país está suficientemente preparado para tal responsabilidade. Mas os tchecos sempre dão um jeito, improvisando e se esquivando como o "Bravo Soldado SchweikW, lembra um freguês da velha taverna onde Jaroslav Hasek criou esta famosa figura literária.

"Nós, tchecos, gostamos muito dessa personagem fictícia, embora ela represente o lado ruim de nossa mentalidade. A capacidade de viver a vida sem trabalho e sem grandes esforços. Mas é uma personagem que tornou os tchecos famosos no mundo todo."

Olhos voltados para o Oeste

Em 1993, quando acabava de ser fundada a República Tcheca, muito se questionou sobre a futura orientação do país, resumiu o premiê Mirek Topolanek no feriado nacional tcheco. "Pertenceremos à civilização do Oeste ou à do Leste? Que lugar terá nosso pequeno país na Europa, ao lado de vizinhos tão grandes?"

Tais questões estariam agora respondidas, com os olhos do país voltados para o Oeste, conclui o próximo presidente do Conselho da UE. De lá, todos os olhos agora se voltam para a República Tcheca, ao menos durante os próximos seis meses.
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