PSL cresce e empata com PSDB na preferência do eleitorado
3 de outubro de 2018
Datafolha aponta que 4% dos brasileiros apoiam partido de Bolsonaro – que até pouco tempo não pontuava –, enquanto 3% preferem sigla de Alckmin. Acima deles aparece apenas o PT, com 21%, líder do ranking desde 1999.
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Uma pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira (03/10) apontou um crescimento do partido do presidenciável Jair Bolsonaro, o nanico PSL, durante a corrida eleitoral. A legenda aparece agora tecnicamente empatada com siglas tradicionais na preferência do eleitorado brasileiro.
Quando questionados pela pesquisa sobre seu partido político de preferência, 4% dos entrevistados disseram ser o PSL. Até agosto deste ano, a sigla nunca havia pontuado em sondagens do instituto, que faz esse tipo de levantamento desde 1989.
Acima do PSL figura apenas o PT, que lidera o ranking de preferência dos eleitores brasileiros há quase 20 anos. O partido foi mencionado por 21% dos entrevistados, embora tenha caído três pontos percentuais em comparação com a pesquisa de agosto, quando tinha 24%.
Segundo a margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos, o MDB e o PSDB estão empatados tecnicamente em segundo lugar com o PSL, com 3% da preferência cada um. Em agosto, esses dois partidos haviam sido mencionados por 4% dos eleitores.
Em seguida aparecem o PDT, o Psol e o Novo, com 1% cada. Os demais partidos incluídos na pesquisa não pontuaram – ou seja, foram citados por menos de 1% dos entrevistados.
As sondagens do Datafolha sempre apontaram que a maior parcela da população não tem qualquer preferência partidária. Esse índice chegou a 64% em junho, caiu para 52% em agosto e, agora, 53% dos entrevistados disseram não ter simpatia por nenhum partido.
O Partido dos Trabalhadores, que vem numa trajetória de altos e baixos nos últimos anos, é a sigla preferida dos brasileiros desde 1999. Seu melhor índice foi em abril de 2012, no primeiro mandato de Dilma Rousseff, quando registrou 31% da preferência.
Após uma série de escândalos de corrupção e um aprofundamento da crise econômica, a simpatia com o PT acabou caindo nos anos seguintes, chegando a 9% em dezembro de 2016, em seguida ao impeachment de Dilma. Seu pior desempenho, porém, foi em agosto de 1989, com 6%.
Já o PSL de Bolsonaro, um partido nanico com poucos assentos no Congresso, começou a ganhar destaque em janeiro, quando o deputado federal, que até então representava o PSC, se filiou à legenda para concorrer à Presidência.
A primeira vez que o PSL pontuou nas pesquisas do instituto Datafolha foi no final de agosto, com o início da campanha eleitoral, quando teve 1% da preferência do eleitorado. Em setembro foi a 3% e, neste início de outubro, atingiu 4%.
Bolsonaro é líder das intenções de voto à Presidência com 32%, segundo a mais recente sondagem, também do Datafolha, divulgada nesta terça-feira. Fernando Haddad (PT), que substituiu o ex-presidente Lula na corrida, aparece em segundo lugar, com 21%. Em seguida estão Ciro Gomes (PDT), com 11%, Geraldo Alckmin (PSDB), com 9%, e Marina Silva (Rede), com 4%.
O Datafolha ouviu 3.240 mil eleitores em 225 cidades brasileiras. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa, encomendada pelo jornal Folha de S. Paulo, foi realizada nesta terça-feira, a cinco dias das eleições.
Treze nomes se lançaram na disputa pelo Planalto, entre eles vários veteranos de disputas presidenciais.
Foto: picture-alliance/Ap Photo/N. Antoine
Jair Bolsonaro (PSL)
Militar reformado e deputado no sétimo mandato, Bolsonaro, de 63 anos, encarna uma candidatura de cunho ultraconservador. Ele fala abertamente contra homossexuais, defende a posse de armas e elogia o regime militar – a ponto de fazer apologia à tortura. Tem sido um fenômeno nas pesquisas e aposta nas redes sociais para reverter a falta de estrutura de sua sigla nanica e a escassez de alianças.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Fernando Haddad (PT)
Por um tempo encarado como plano B do PT, o ex-prefeito de São Paulo, de 55 anos, foi oficializado candidato à Presidência a menos de um mês do primeiro turno, após se esgotarem as chances de Lula concorrer. Preso e virtualmente inelegível pela Ficha Limpa, o ex-presidente era líder nas pesquisas. Agora o desafio será transferir votos para Haddad, que foi ministro nos governos petistas.
Foto: picture-alliance/AP/A. Penner
Ciro Gomes (PDT)
Ex-governador e ex-ministro, Ciro, de 60 anos, disputa sua terceira eleição presidencial. Em 2018, diante das dificuldades de Lula, se colocou como alternativa no campo da esquerda. Conhecido pelo estilo explosivo, tem se concentrado em abordar temas econômicos. Apesar dos acenos ao PT, acabou isolado na formação de alianças e teve que se contentar com uma vice do próprio partido.
Foto: Imago/Fotoarena
Marina Silva (Rede)
A ex-ministra disputa sua terceira eleição presidencial, desta vez por um partido próprio. Em 2010 e 2014, terminou em terceiro lugar. Com um discurso que prega a ética na política, ela tenta contornar o pouco tempo de TV e a falta de recursos da sua legenda. Também teve dificuldades em fechar alianças com siglas relevantes e só vai contar com o apoio do pequeno PV.
Foto: Agência Brasil/F.Rodrigues Pozzebom
Geraldo Alckmin (PSDB)
O ex-governador de SP é outro veterano de disputas presidenciais. Nesta campanha, Alckmin, de 65 anos, conseguiu articular a maior frente de alianças ao atrair várias siglas do "centrão" - partidos conhecidos pelo fisiologismo. Ao longo da pré-campanha, penou nas pesquisas. Seu histórico não é promissor: ao fim do 2° turno presidencial de 2006 terminou com menos votos do que na rodada anterior.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Alvaro Dias (Podemos)
O senador paranaense vem promovendo um discurso moralizador contra a corrupção repleto de elogios à Operação Lava Jato. Aos 73 anos, já foi filiado a oito partidos, inclusive ao PSDB. Sua candidatura tem se mostrado competitiva no Sul do Brasil, o que é visto como um desafio para os tucanos de Alckmin, que sempre tiveram bom desempenho na região.
Foto: Agência Brasil/A. Cruz
Henrique Meirelles (MDB)
Ex-ministro da Fazenda, Meirelles, de 72 anos, é o candidato do presidente Michel Temer. Em sua campanha, tem defendido a política econômica do governo. Sua associação com o impopular Temer tem representando um desafio para sua candidatura. Sem conseguir formar alianças, se contentou em disputar com uma chapa pura. Esta é a primeira candidatura do MDB à Presidência em 24 anos.
Foto: Reuters/A. Machado
Guilherme Boulos (Psol)
Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Boulos, de 36 anos, foi escolhido candidato do Psol em uma disputa que rachou o partido. Adversários apontaram que sua proximidade com Lula transformaria a sigla em um "puxadinho do PT". Tem focado sua campanha na distribuição de renda e em críticas a Temer. Por enquanto tem penado nas pesquisas. Sua vice é uma líder indígena.
Foto: Agência Brasil/R. Riosa
Os nanicos
Seis candidatos disputam a Presidência por siglas nanicas. Entre eles o ex-banqueiro liberal João Amoêdo (Novo) e a ativista sindical Vera Lúcia (PSTU). O folclórico José Maria Eymael (DC), conhecido pelo seu jingle “Ey, Ey, Eymael”, disputa sua quarta eleição. O evangélico Cabo Daciolo é o candidato do Patriota (antigo PEN). Já filho do ex-presidente João Goulart, João Vicente, disputa pelo PPL.