Fundado em meio à luta pela redemocratização, partido tornou-se um dos maiores de centro-esquerda do mundo sob Lula. Agora desgastada, legenda enfrenta desafio de superar imagem de corrupta e reduzir antipetismo.
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Fundado em 1980, na transição da ditadura para a democracia, o PT completa 40 anos nesta segunda-feira (10/02), avaliando como recuperar o terreno perdido com o impeachment de Dilma Rousseff e a prisão e posterior soltura de Luiz Inácio Lula da Silva, e discutindo qual a melhor estratégia para fazer frente ao governo de Jair Bolsonaro.
Hoje com 1,5 milhão de filiados e a maior bancada na Câmara dos Deputados – empatado com o PSL – o PT surgiu como uma plataforma de movimentos e setores variados que lutavam pela redemocratização. Sob a liderança carismática de Lula, tornou-se um dos maiores partidos de centro-esquerda do mundo, em um país de território extenso, herança colonial e escravocrata e campeão de desigualdade.
Socialista democrático em sua origem, o PT fez ajustes de rumo após a derrota para Fernando Henrique Cardoso, em 1994, para ficar cada vez mais pragmático, conciliador e aberto a alianças com partidos de centro e de direita, em busca de melhorar a vida dos mais pobres sem ameaçar elites. Um processo que culminou na vitória do Lula "paz e amor" em 2002.
No Planalto, Lula foi hábil em reduzir a pobreza, promover crescimento via expansão do mercado interno e ampliar o acesso à educação superior, ajudado por um ciclo internacional favorável de commodities. Também viu o partido se tornar alvo do seu primeiro grande escândalo de corrupção, o mensalão, que mostrou a legenda eleita com forte discurso ético adotando práticas ilícitas.
A combinação de crescimento, redução da pobreza e articulação política eficaz fez Lula deixar o governo com 87% de aprovação, um recorde brasileiro. Dilma manteve ritmo semelhante até 2013, quando o esgotamento do modelo econômico, manobras contábeis, desonerações fiscais e má articulação política colocaram o país na rota rumo à maior recessão de sua história.
A recessão foi agravada pelo impacto da Operação Lava Jato, que mostrou um grande esquema de corrupção ligado ao PT e outros partidos e afetou a indústria da construção civil.
Dilma foi reeleita em 2014 por margem estreita, mas sofreu impeachment em 2016. Dois anos depois, Lula foi preso, condenado em segunda instância e solto apenas em novembro de 2019. É nesse momento de tentativa de superação de sua pior fase que o PT entra em sua quarta década de história.
A força atual da legenda
O cientista político Pedro Floriano Ribeiro, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) que estudou o PT por vários anos, afirma à DW Brasil que a legenda nasceu "muito diferente" de outros partidos, e que essa diferença foi diminuindo ao longo do tempo.
No entanto, segundo Ribeiro, o PT ainda se distingue de outras legendas por ter uma identidade forte, cultivada por uma militância ativa, e uma organização partidária funcional.
"O PT tem a marca partidária mais forte do país e é estruturador do nosso sistema político. Tanto que se fala muito do petismo e do antipetismo, e nunca do tucanismo e antitucanismo", diz.
Essa dimensão estruturadora da política é revelada por pesquisas de opinião que medem o percentual de eleitores que se consideram petistas e antipetistas. Uma compilação feita pelo cientista político Cesar Zucco, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a partir de diversas pesquisas, mostra que o percentual que hoje se coloca em um desses polos superou a metade do eleitorado em 2019, com 15,9% no polo petista e 34,9% no polo antipetista. O auge do petismo, por sua vez, se deu em 2012, quando alcançou 27,7% do eleitorado.
Entre todas as legendas, o PT também é a que tem o maior grau de identificação partidária da população: em abril de 2019, 14% elencavam o PT como seu partido de preferência, enquanto o PSL, na segunda colocação, tinha 3%, e o PSDB, 2% – 65% não tinham nenhuma preferência, segundo pesquisa Datafolha.
Essa marca forte pode ter efeitos positivos ou negativos, diz Ribeiro. Quando um líder do PT vai bem, o partido colhe os frutos, como na era Lula. Quando vai mal, como no segundo governo Dilma, é punido com força. Segundo ele, esse impacto não se observa com a mesma intensidade no caso de políticos com ligação partidária fraca, como é o caso de Bolsonaro e do PSL, pelo qual o presidente foi eleito.
A 'problemática' ascendência de Lula
Um dos dilemas do PT é sua relação com Lula, de quem o partido depende do aval em decisões fundamentais. O petista é desde a fundação do partido um ponto de referência para as diversas tendências que compõem a legenda, e seu grupo político, o mais influente.
Para Ribeiro, a relação entre o PT e Lula mostra uma "confiança cega, praticamente religiosa" em seu maior líder. "Ele é uma figura genial, mas comete seus erros", comenta, citando a escolha de Dilma como candidata à sua sucessão – figura de pouca vida partidária e sem experiência em cargos eletivos – e o atraso na definição da candidatura presidencial em 2018, usado pela fortalecer a campanha "Lula livre".
Contudo, diz Ribeiro, Lula foi a figura capaz de criar uma conexão mais próxima entre a camada mais pobre da população e o PT. Até 2002, "o eleitor mais pobre não votava no PT": era um partido de classes médias, como trabalhadores sindicalizados, parcelas urbanas universitárias, jovens engajados. "O eleitorado de menor renda votou no Collor [em 1989] e duas vezes no FHC [em 1994 e 1998]", diz.
Esse cenário mudou na campanha vitoriosa de 2002 e se repetiu nas eleições seguintes, quando a base popular atraída por Lula foi transferida para o partido. Esse vínculo com os mais pobres perdeu força durante a crise do segundo governo Dilma, e parte dessa parcela migrou para Bolsonaro em 2018.
"O PT depende do Lula para se manter como partido viável para a Presidência, mas, ao mesmo tempo, fica preso nessa relação e à mercê dele para ver que caminho tomar", diz.
Envolvimento com a corrupção
Os escândalos que atingiram governos do PT e seus líderes foram um dos principais flancos explorados pela oposição para desgastar o partido, simbolizado nos bonecos infláveis de Lula vestido como presidiário.
A Lava Jato revelou uma corrupção sistêmica, entranhada em diversas esferas de governo, ligada aos modos de financiamento de campanha e que beneficiava todas as principais legendas. Mas também mostrou como o PT aderiu a esses modelos de relacionamento com a coisa pública e como "diversas lideranças petistas abusaram" ao chegarem ao poder, diz Ribeiro.
A superação dessa imagem de partido corrupto é um aspecto-chave caso o PT queira reduzir o antipetismo e ampliar sua base de apoiadores, mas esbarra numa forte "cultura interna corporativa" na legenda, segundo a qual quem cometeu desvios em benefício do partido não deve ser punido, diz Ribeiro. Um exemplo é o do ex-tesoureiro Delúbio Soares, que teve a refiliação aprovada em 2011 após ter sido expulso em 2005 por causa do mensalão.
Ele sugere que o partido crie mecanismos internos de controle e prestação de contas mais rigorosos dos que os exigido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Assim como a Petrobras fez depois da Lava Jato. Isso sinalizaria algo para a sociedade", diz.
Frei Betto, assessor especial de Lula em 2003 e 2004, autor de A mosca azul - reflexão sobre o poder, afirma à DW Brasil que um dos grandes erros do partido foi não ter punido "com rigor" seus militantes que comprovadamente se envolveram em corrupção.
Para a cientista política Maria do Socorro Braga, professora da UFSCar, se o PT não quiser fazer autocrítica, terá que mostrar na prática, nas eleições municipais deste ano ou em 2022, "que tem condições de fazer um jogo limpo e republicano" para superar a pecha de corrupto e reduzir o antipetismo.
Caminho para o futuro
Com Lula solto e Bolsonaro mantendo o apoio de cerca de um terço do eleitorado brasileiro, o PT agora se prepara para as eleições municipais deste ano, que testarão a capacidade de o partido formular alternativas, a força de sua conexão com segmentos sociais e a disposição de se aliar a outros partidos.
Frei Betto, para quem o PT fez "o melhor governo do Brasil em tempos republicanos", afirma também que a legenda se tornou "um partido movido pela síndrome do eleitoralismo, sem um projeto definido", e precisa, em primeiro lugar, "formular um projeto" para o país.
"Deve voltar ao trabalho de base, formar militantes que atuem nas periferias, na área rural, principalmente junto aos jovens, estudantes sobretudo, e segmentos religiosos", diz.
Ele também afirma que a legenda deve ter a "humildade" de admitir que em certas circunstâncias não pode ser a cabeça de chapa, e defende que, nas eleições presidenciais de 2022, se Lula estiver impedido, o PT deve apoiar o atual governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB.
"Se perder a penetração popular, poderá voltar a ser o partido que era antes de 2002, mais restrito e com poucas chances de ganhar a presidência. O risco é o PT voltar a esse cenário", diz.
Socorro afirma que o partido terá que ser "muito mais criativo" para retomar sua capilaridade em setores sociais e entender como usar a internet para fazer política, uma estratégia da qual "a direita está se aproveitando mais".
Uma melhor comunicação no mundo digital também é um dos pontos apontados pelo deputado federal Paulo Teixeira, do PT de São Paulo, como cruciais para os próximos anos do partido. Ele afirma também que a legenda precisa formular propostas para o que ele chama de "novo mundo do trabalho, do aplicativo e do empreendedor", e liderar um bloco de partidos de esquerda e "progressistas" contra a agenda de Bolsonaro.
Indagado sobre a disputa presidencial de 2022, Teixeira reafirma: "Nosso candidato a presidente chama-se Lula." Se o ex-presidente estiver impedido devido à Lei da Ficha Limpa, diz: "Temos o Fernando Haddad, mas a construção de uma chapa nacional deve levar em consideração também o nome de Flávio Dino."
Das greves no ABC à Presidência. Da condenação pela Lava Jato ao terceiro mandato. Os principais momentos políticos na vida de Luiz Inácio Lula da Silva.
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Lula e as greves do ABC
Em 1975, Lula foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema e ganhou projeção nacional ao liderar uma série de greves no final da década. Em 1980, foi preso e processado com base na Lei de Segurança Nacional após comandar uma paralisação que durou 41 dias. Lula ficou 31 dias no cárcere do Dops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social).
Foto: Instituto Lula
Fundação do PT
Em 10 de fevereiro de 1980, pouco antes de ser preso, Lula ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT) com apoio de intelectuais e sindicalistas. Em maio do mesmo ano, ao sair do cárcere, foi eleito o primeiro presidente do partido. O pernambucano, então, ingressaria de vez na política: em 1982, concorreu ao governo de São Paulo e, em 1986, foi eleito deputado constituinte.
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A campanha de 1989
O PT lançou a candidatura de Lula nas primeiras eleições presidenciais diretas após o fim do regime militar. Com uma imagem de operário e um discurso de esquerda, Lula provocou temor em vários setores da economia, que se alinharam ao candidato Fernando Collor. O petista foi derrotado no segundo turno, depois de uma campanha que envolveu acusações de manipulação da imprensa a favor de Collor.
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A campanha de 1994
No embalo das primeiras denúncias de irregularidades no governo Collor, Lula lançou, em 1992, o movimento "Fora Collor" em apoio ao impeachment. Em 1994, concorreu novamente à Presidência, com Aloizio Mercadante como vice, mas foi derrotado no primeiro turno por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), lançado como "pai do Plano Real". O PT, por outro lado, elegia seus primeiros governadores (DF e ES).
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A campanha de 1998
Em 1998, Lula sofreu uma de suas piores derrotas eleitorais. À época, o petista teve como candidato a vice o ex-governador Leonel Brizola (PDT), um dos seus rivais na eleição de 1989 e com quem disputava a hegemonia na esquerda brasileira. A fórmula não deu certo. Lula obteve só 31% dos votos, e o então presidente Fernando Henrique Cardoso foi reeleito com 53% no primeiro turno.
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A posse de Lula
O eterno candidato do PT finalmente assumiu a Presidência em janeiro de 2003, após oito anos de governo do PSDB. Lula foi eleito com 61% dos votos válidos no segundo turno. A vitória foi alcançada após uma campanha que vendeu uma imagem mais moderada do petista – simbolizada no slogan "Lulinha paz e amor" – com o objetivo de acalmar os mercados e ampliar o eleitorado do partido.
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Economia em alta
Após as turbulências no final do governo Fernando Henrique Cardoso, a economia brasileira voltou a crescer com Lula, embalada sobretudo pelo boom das commodities. Foi o período da descoberta do pré-sal e investimentos em grandes obras de infraestrutura. O crescimento médio do PIB no segundo mandato chegou a 4,6%. O bom momento catapultou a popularidade de Lula, que chegou a 87% no final de 2010.
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Queda na desigualdade
Os programas sociais lançados por Lula, como Minha Casa, Minha Vida e ProUni, também contribuíram para a popularidade do presidente. O Bolsa Família, criado em 2004 a partir da unificação de outros programas de transferência de renda, se tornaria o carro-chefe. Quase 28 milhões de brasileiros saíram da zona de pobreza nos oito anos do governo Lula, afirmou um balanço em 2010.
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O escândalo do mensalão
Em 2005, o governo Lula foi atingido em cheio pelo escândalo de compra de votos de deputados, o mensalão. Apesar do desgaste, Lula sobreviveu à crise. Outros, como o ministro José Dirceu, uma das figuras fortes do governo, caíram em desgraça. No início, Lula afirmou que assessores o haviam "apunhalado", mas depois mudou o discurso e disse que o caso era uma invenção da oposição e da imprensa.
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A eleição de Dilma
Em 2007, logo após ser reeleito com mais de 60% dos votos, Lula começou a preparar o terreno para a sua sucessão. Como sucessora, ele escolheu a sua então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, uma tecnocrata sem experiência nas urnas. Nos três anos seguintes, Lula promoveu a imagem de Dilma junto aos brasileiros. A estratégia funcionou, e ela foi eleita em 2010.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/EBC
Prestígio mundial
Durante a Presidência, Lula gozou de prestígio mundial e se reuniu com os mais importantes chefes de Estado do planeta. Em abril de 2009, em um encontro do G20, o presidente dos EUA na época, Barack Obama, cumprimentou o colega e disse: "Adoro esse cara! O político mais popular da Terra". No mesmo ano, Lula apareceu em 33º lugar na lista das pessoas mais poderosas do mundo da revista Forbes.
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Luta contra o câncer
Em outubro de 2011, Lula foi diagnosticado com câncer na laringe, sendo submetido a um agressivo tratamento – pela primeira vez desde 1979, ele aparecia sem a barba. Exames apontaram a remissão completa do tumor cerca de cinco meses depois, e Lula voltou a se engajar nas campanhas do PT. Uma das grandes vitórias eleitorais de 2012 foi a de Fernando Haddad na Prefeitura de São Paulo.
Foto: AFP/Getty Images
Lula e a Lava Jato
Em março de 2016, Lula foi alvo de um mandado de condução coercitiva na Operação Lava Jato, que investigou escândalos de corrupção na Petrobras. O ex-presidente foi levado para depor sobre um sítio em Atibaia, um triplex no Guarujá e sua relação com empreiteiras investigadas na Lava Jato. No mesmo dia, a PF cumpriu mandados em residências do petista e de sua família, além do Instituto Lula.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Réu em diferentes processos
Nos meses seguintes, Lula foi denunciado por uma série de crimes, como corrupção passiva, lavagem de dinheiro, obstrução da Justiça e tráfico de influência, tornando-se réu em cinco processos diferentes. O petista sempre desmentiu as acusações, negou a prática de crimes e disse ser vítima de perseguição política. Ele também negou ser proprietário dos imóveis investigados.
Foto: picture-alliance/abaca
Morre Marisa Letícia
Em fevereiro de 2017, morreu a ex-primeira-dama Marisa Letícia. Lula e Marisa se conheceram em 1973, no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo. Ela esteve ao lado do marido durante a sua ascensão política, desde os tempos do sindicato, quando liderou passeata em apoio a sindicalistas presos, passando pela fundação do PT, costurando a primeira bandeira do partido, até a Presidência.
Foto: Reuters/N. Doce
Caravana pelo país
Visando uma nova candidatura à Presidência no ano seguinte, Lula começou em 2017 uma caravana pelo Brasil que reuniu milhares de pessoas. Em junho de 2018, o PT confirmou sua pré-candidatura, mesmo com ele já preso. Em agosto, o Tribunal Superior Eleitoral impediu que ele concorresse. Como sucessor, Lula escolheu Fernando Haddad, que chegou ao segundo turno, mas foi derrotado por Jair Bolsonaro.
Foto: Ricardo Stukert /Instituto Lula
Lula é condenado
Lula foi condenado pela primeira vez em 12 de julho de 2017. A sentença do juiz Sergio Moro determinou 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, ligados ao triplex no Guarujá. O TRF-4 confirmou a condenação em segunda instância, além de aumentar a pena para 12 anos e um mês de prisão. Foi a primeira condenação de um ex-presidente por corrupção no Brasil.
Foto: Abr
Derrota no STF
Por 6 votos a 5, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) negaram, em 4 de abril de 2018, um pedido de habeas corpus preventivo apresentado pela defesa de Lula para evitar uma eventual prisão após o fim dos recursos na segunda instância da Justiça Federal. Manifestantes contrários e a favor de Lula foram às ruas por ocasião do julgamento.
Foto: picture alliance/AP Photo/S. Izquierdo
Lula se entrega à PF
Em 7 de abril de 2018, Lula se entregou à Polícia Federal, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, após ordem de prisão expedida por Sergio Moro. Antes de se entregar, Lula fez um discurso acalorado aos apoiadores. De Congonhas, Lula partiu de avião para Curitiba, onde começou a cumprir sua pena.
Foto: Paulo Pinto/Instituto Lula
Vigília em frente à PF em Curitiba
Depois da prisão de Lula, apoiadores do ex-presidente revezaram-se em um acampamento em frente à Polícia Federal de Curitiba, onde ele permaneceu preso. O local recebeu constantes visitas de políticos e de artistas, do Brasil e do exterior. Apoiadores também realizaram caravanas pelo país, com o slogan "Lula Livre". Em fevereiro de 2019, Lula também foi condenado no caso do sítio em Atibaia.
Foto: Ricardo Stuckert
Solto após 19 meses na prisão
Lula deixou a prisão em 8 de novembro de 2019, depois de passar um ano e sete meses na sede da Polícia Federal em Curitiba. A soltura ocorreu após o STF derrubar uma decisão que autorizava a prisão em segunda instância, beneficiando diretamente o petista, que passou a recorrer em liberdade. Após deixar a prisão, Lula fez um discurso para apoiadores repleto de críticas à Lava Jato.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Correa
Supremo anula condenações
Após o fim da prisão, a campanha "Lula Livre" focou na anulação de suas condenações. Os advogados do petista recorreram até o Supremo, alegando que ele era vítima de perseguição judicial. Em abril de 2021, o plenário do Supremo concluiu que Moro não era o juiz competente para atuar nos processos do petista, e dois meses depois decidiu que Moro era parcial. As condenações de Lula foram anuladas.
Foto: Alexandre Schneider/Getty Images
Uma aliança inesperada
A preparação da sexta campanha presidencial de Lula envolveu uma costura política inusitada. O petista e aliados articularam para ter como vice o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, que foi filiado ao PSDB por 33 anos e era seu antigo adversário. A aproximação teve o objetivo de atrair o voto conservador e vingou: em abril de 2022, o PSB, novo partido de Alckmin, confirmou sua indicação.
Foto: Ricardo Stuckert/AFP
Em busca do voto anti-Bolsonaro
Lula lançou sua pré-candidatura em maio de 2022, defendendo a união de pessoas de orientações políticas variadas contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. No evento, Alckmin prometeu lealdade, disse que o futuro do Brasil "está em jogo" e foi aplaudido pelos petistas.
Foto: NELSON ALMEIDA/AFP
Triunfo na busca por terceiro mandato
Após uma das campanhas mais tensas da história brasileira, Lula conquistou novamente a Presidência. Com apoio de uma frente ampla que reuniu forças de centro e antigos adversários, o petista impôs uma derrota inconteste sobre o extremista de direita Jair Bolsonaro. Aos 77 anos, Lula se tornou o político mais velho a conquistar o Planalto.