Dirigentes do partido protocolam registro em Brasília. Ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad é inscrito como vice. Ato é acompanhado por marcha em apoio ao ex-presidente.
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O PT registrou nesta quarta-feira (15/08) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. O registro foi protocolado em Brasília por dirigentes do partido.
O PT espera agora a decisão do TSE que pode tirar Lula da disputa devido à condenação em segunda instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Apesar da condenação, o ex-presidente é o líder isolado nas pesquisas eleitorais.
A chapa foi inscrita com Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, como vice-presidente. O também ex-ministro da Educação deve liderar a candidatura petista caso o TSE vete a participação de Lula no pleito com base na Lei da Ficha Limpa.
No registro da candidatura, o PT declarou que Lula possui 7,9 milhões de reais em bens e sua profissão é torneiro-mecânico. Já o patrimônio de Haddad, professor universitário, é de 428 mil reais.
"Chegamos até aqui apesar do golpe, o primeiro passo para tentar evitar que Lula volte ao poder", disse em entrevista a presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, fazendo referência ao processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Haddad disse que o PT insistirá na participação de Lula nos debates previstos até a realização do primeiro turno, pedido que já foi negado pela Justiça, ou que pelo menos um representante do partido seja convidado no lugar do ex-presidente.
A candidatura foi registrada dentro da coligação "O povo feliz de novo, liderada pelo PT e composta por PCdoB, PCO e PROS.
Carta de Lula
Depois do registro, o PT divulgou uma carta do ex-presidente, na qual ele afirma ser vítima de uma "caçada judicial". Lula diz ainda ter sido condenado com base numa "fake news" do jornal O Globo sobre o apartamento no Guarujá.
"Que digam qual foi o ato que eu cometi para justificar uma condenação. Mas o que vemos, dia após dia, é a revelação de fatos que apenas reforçam uma atuação ilegítima de agentes do Sistema de Justiça para me condenar e me manterem na prisão", ressalta Lula.
Na carta, o petista diz ter certeza de que será absolvido em Cortes superiores e pede que seu direito de concorrer na eleição seja reconhecido. "Não quero favor, quero Justiça. Não troco minha dignidade por minha liberdade", destaca. O ex-presidente afirma também que "brigará até o final" para obter o registro de sua candidatura.
Marcha em apoio a Lula
O registro da candidatura de Lula foi acompanhado por uma marcha em apoio à participação do ex-presidente nas eleições presidenciais de outubro. Segundo informações dos organizadores, a manifestação reuniu cerca 40 mil pessoas, enquanto a polícia militar do Distrito Federal indicou 10 mil participantes.
Os manifestantes caminharam pela Esplanada dos Ministérios em direção ao TSE empunhando cartazes e vestindo camisetas com a frase "Lula Livre". Em frente ao tribunal, os manifestantes pediram que Lula não seja enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
A passeata, organizada pelo Movimento do Trabalhadores Sem Terra (MST), contou ainda com a participação de Haddad e de Manuela D’Ávila (PCdoB), a possível vice da chapa caso a candidatura de Lula seja barrada pelo TSE.
Condenado em segunda instância na Operação Lava Jato a 12 anos e um mês de prisão em janeiro deste ano, Lula está preso em Curitiba desde 7 de abril e pelas regras da Ficha Limpa seria inelegível. O ex-presidente sempre negou as acusações.
Após a publicação de um edital com os registros, o Ministério Público Eleitoral (MPE), partidos, coligações ou o relator do processo no TSE podem entrar com a impugnação das candidaturas. el inelegibilidade.
CN/efe/lusa/ots
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Treze candidatos se apresentaram para disputar o Planalto. O líder das pesquisas acabou fora da corrida, e vários nomes tentam contornar isolamento partidário. Veja os principais episódios da disputa.
Foto: Reuters/A. Machado
Bolsonaro é eleito presidente
Em segundo turno, os brasileiros elegeram Jair Bolsonaro (PSL) como presidente. Após uma campanha eleitoral polarizada, o militar reformado de extrema direita recebeu 55,13% dos votos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). Com bandeiras do Brasil e vestidos nas cores verde e amarelo, eleitores comemoram pelo país. No discurso da vitória, Bolsonaro prometeu um governo constitucional e democrático.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S.Izquierdo
TSE abre investigação contra Bolsonaro
A pouco mais de uma semana do segundo turno, o Tribunal Superior Eleitoral abriu uma ação para investigar suspeitas de compra de disparos de mensagens antipetistas no WhatsApp por parte de empresários aliados a Bolsonaro. O pedido de investigação foi feito pelo PT, após uma reportagem do jornal "Folha de S. Paulo". A PF também abriu inquérito para investigar a disseminação em massa de "fake news".
Foto: Reuters/R. Moraes
Bolsonaro e Haddad vão ao segundo turno
Numa das eleições mais polarizadas da história, em 7 de outubro os brasileiros levaram ao segundo turno os dois candidatos que, segundo sondagens, são também os mais rejeitados: Bolsonaro (PSL) e Haddad (PT). Favorito no Sul e Sudeste, o ex-militar teve 46% dos votos válidos contra 29% do petista, que foi o mais votado em oito estados do Nordeste e no Pará. Em terceiro, Ciro Gomes (PDT) teve 12%.
Foto: Reuters/P. Whitaker/N. Doce
Bolsonaro cresce nas pesquisas
Já líder nas pesquisas, o candidato do PSL ampliou sua vantagem no início de outubro, ultrapassando pela primeira vez a marca de 30% em sondagens do Ibope e do Datafolha. Ao longo da semana que antecedeu as eleições, o ex-capitão foi subindo e, na véspera do pleito, cruzou a barreira de 40% dos votos válidos. Após ser esfaqueado, a campanha do candidato se concentrou nas redes sociais.
Foto: Reuters/P. Whitaker
A troca de Lula por Haddad
Após meses de suspense e com aval de Lula, Fernando Haddad foi oficializado candidato à Presidência pelo PT em 11 de setembro, a menos de um mês do primeiro turno, após se esgotarem as chances de o ex-presidente concorrer. Preso e virtualmente inelegível pela Ficha Limpa, Lula era líder nas pesquisas de intenção de voto. O desafio agora será transferir votos para o ex-prefeito.
Foto: Agencia Brasil/R. Rosa
Ataque a Bolsonaro
O candidato do PSL foi esfaqueado durante um ato de campanha em Juiz de Fora, um ataque que prometia mudar os rumos da corrida presidencial. Seus adversários condenaram a agressão, e alguns chegaram a mudar o tom da campanha. Não houve, contudo, um impacto decisivo sobre o eleitorado. Ele segue líder das intenções, mas com percentual praticamente igual. A rejeição a ele, por outro lado, aumentou.
Foto: picture-alliance/dpa/Agencia O Globo/A. Scorza
O "plano B" do PT
Com Lula virtualmente inelegível, a escolha do seu vice passou a ser encarada como um trampolim para um candidato substituto. No início de agosto, o PT acabou indicando Fernando Haddad, que desde o início do ano era cotado como "plano B". Manuela D'Ávila (PCdoB) ficou com a curiosa posição não oficial de "vice do vice", assumindo a posição com Lula candidato ou não.
Foto: Agência Brasil/F.Rodrigues Pozzebom
A novela dos vices
A fase de convenções começou no fim de julho sem que a maioria dos pré-candidatos tivesse um vice. Bolsonaro teve três convites recusados até fechar com o general Mourão (PRTB). Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT) se contentaram com nomes do próprio partido. Alckmin teve convite recusado pelo empresário Josué Alencar, cuja família é ligada a Lula, antes de optar por Ana Amélia (PR).
Foto: Agência Brasil/F.Frazão
Os candidatos isolados
A jogada de Alckmin com o "centrão" acabou isolando outros candidatos. Jair Bolsonaro (PSL) tentou negociar com o PR, mas teve que se contentar com o nanico PRTB. Ciro Gomes (PDT) também viu suas investidas no grupo naufragarem. Marina Silva (Rede) e Ciro também não conseguiram apoio do PSB, que ficou neutro numa manobra do PT. Os três terminaram a fase de convenções com pouco apoio e tempo de TV.
Alckmin fecha com o "centrão"
Em julho, o tucano Geraldo Alckmin ainda patinava nas pesquisas, mas criou um fato novo na campanha ao conseguir o apoio do "centrão", as siglas que costumam emprestar seu apoio a governos em troca de cargos e verbas. Ao se aliar com PR, PP, PSD, DEM e SD, Alckmin passou a dominar 44% da propaganda eleitoral na TV. Sua coligação também recebe 48% do novo fundo de campanhas.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Candidaturas descartadas
A eleição de 2018 parecia destinada a superar o número de candidatos de 1989, quando 22 disputaram. Em abril, 23 manifestavam interesse em concorrer, entre eles o presidente Michel Temer, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o ex-presidente Fernando Collor. Mas eles logo desistiram ou foram abandonados por seus partidos. Outros aceitaram ser vices. Em agosto, só 13 permaneciam na corrida.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Os "outsiders" saem de cena
A possibilidade de Lula ficar de fora e o sentimento antipolítico entre a população sinalizavam que esta seria a eleição dos "outsiders". O ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa e o apresentador Luciano Huck chegaram a ser incluídos em pesquisas. O empresário Flávio Rocha anunciou candidatura. Em julho, todos já haviam desistido, e a disputa ficou restrita a velhos nomes da política.
Foto: Imago/ZUMA Press/M. Chello
Lula é condenado e preso
Quando anunciou, em 2016, a intenção de disputar a eleição, Lula se tornou o líder nas pesquisas. Em janeiro, porém, sua situação se complicou após uma condenação em segunda instância que o deixou virtualmente inelegível. Em abril, foi preso. Com a possibilidade de a candidatura ser barrada, o PT passou a ter dificuldades em formar alianças, e o desfecho do pleito ficou ainda mais imprevisível.
Foto: Reuters/L. Benassatto
Entra em cena o fundo de campanhas
Diante da proibição das doações por empresas, o Congresso criou em outubro de 2017 um novo fundo de R$ 1,7 bilhão para financiar candidaturas, já definindo a capacidade financeira de várias campanhas. Quase 60% do valor ficou concentrado em seis legendas: MDB, PT, PSDB, PP, PSB e PR, deixando candidatos à Presidência de pequenas e médias siglas com menos recursos na largada.