Ex-presidente da Catalunha firma acordo para tentar assumir novamente governo regional. Entre opções cogitadas, está sua posse por teleconferência desde Bruxelas, onde está foragido da Justiça espanhola.
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Os dois maiores partidos separatistas da Catalunha chegaram a um acordo para tentar levar novamente o ex-presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, à chefia do governo da região, informaram nesta quarta-feira (10/01), fontes das duas legendas.
O acordo aconteceu na noite de terça-feira em uma reunião em Bruxelas entre Marta Rovira, dirigente da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), e o próprio Puigdemont, em nome da coalizão Juntos pela Catalunha (JxCat).
Puigdemont se encontra na capital belga, foragido da Justiça da Espanha, que o investiga por vários supostos crimes relacionados com o processo de independência da Catalunha.
Os partidos separatistas cogitam a possibilidade de que Puigdemont assuma a presidência catalã à distância, anunciando seu programa de governo por videoconferência ou através de um outro deputado que o represente.
A intenção de Puigdemont é retornar à Espanha – onde é alvo de um mandado de prisão – após tomar posse.
A primeira sessão do novo Parlamento catalão está marcada para a próxima quarta-feira. Depois, os partidos teriam até dia 31 de janeiro para debater sobre a posse do novo chefe de governo regional.
Nas eleições regionais antecipadas de 21 de dezembro, o JxCat se firmou como maior força separatista no Parlamento, elegendo 34 deputados. O ERC conseguiu 32 do total de 135 assentos. O outro partido independentista, a Candidatura de Unidade Popular (CUP), conseguiu quatro cadeiras. Juntas, as agremiações detêm maioria absoluta de 70 deputados. Entretanto, cinco deputados separatistas estão na Bélgica, incluindo Puigdemont, e três outros estão presos na Espanha.
Há dúvidas sobre se seria possível que Puigdemont retorne a Espanha sem que seja preso. Além disso, o novo Parlamento pode ser constituído sem a presença de todos os deputados, mas eles têm que votar pessoalmente para eleger o novo chefe de governo regional. Uma ideia entre os separatistas é tentar mudar as regras do Parlamento, para possibilitar a participação parlamentar à distância.
Os partidos fiéis ao governo espanhol querem impedir uma formação de governo à distância."Ninguém pode se tornar chefe governo da Catalunha estando na Bélgica”, disse a presidente na Catalunha do partido Ciudadanos, Ines Arrimadas.
MD/efe/afp/rtr
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Breve história da Catalunha
Desejo de independência da Espanha é acalentado pelos catalães há muito tempo. Ao longo dos séculos, região experimentou vários graus de autonomia e repressão.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/F. Seco
Antiguidade rica
A Catalunha foi habitada por fenícios, etruscos e gregos, que estiveram nas áreas costeiras de Rosas e Ampúrias (acima). Depois vieram os romanos, que construíram mais assentamentos e infraestrutura. A Catalunha foi uma parte do Império Romano até ser conquistada pelos visigodos, no século 5.
Foto: Caos30
Condados e independência
A Catalunha foi conquistada pelos árabes no ano 711. O rei franco Carlos Magno interrompeu o avanço deles em Tours, no rio Loire, e em 759 o norte da Catalunha se tornou novamente cristão. Em 1137, os condados que compunham a Catalunha iniciaram uma aliança com a Coroa de Aragão.
Foto: picture-alliance/Prisma Archiv
Guerra e perda de território
No século 13, as instituições de autoadministração catalã foram criadas sob o nome Generalitat de Catalunya. Depois da unificação da Coroa de Aragão com a de Castela, em 1476, Aragão pôde manter suas instituições autônomas. No entanto, a revolta catalã – de 1640 a 1659 – fez com que partes da Catalunha fossem cedidas à atual França.
Foto: picture-alliance/Prisma Archivo
Lembrando a derrota
No final da Guerra da Sucessão, Barcelona foi tomada, em 11 de setembro de 1714, pelo rei espanhol Felipe 5°, as instâncias catalãs foram dissolvidas e a autoadministração chegou ao fim. Todos os anos, em 11 de setembro, os catalães fazem uma grande comemoração para lembrar o fim do seu direito à autonomia.
Foto: Getty Images/AFP/L. Gene
República passageira
Após a abdicação do rei Amadeo 1°, da Espanha, a primeira república espanhola foi declarada em fevereiro de 1873. Ela durou apenas um ano. Os partidários da república estavam divididos, com um grupo apoiando uma república centralizada e outros, um sistema federal. A foto mostra Francisco Pi y Maragall, um partidário do federalismo e um dos cinco presidentes da república de curta duração.
Foto: picture-alliance/Prisma Archivo
Tentativa fracassada
A Catalunha tentou estabelecer um novo Estado dentro da república espanhola, mas isso apenas exacerbou as diferenças entre os republicanos e os enfraqueceu. Em 1874, a monarquia e a Casa de Bourbon, liderada pelo rei Afonso 12 (foto), retomaram o poder.
Foto: picture-alliance/Quagga Illustrations
Direitos de autonomia
Entre 1923 e 1930, o general Primo de Rivera liderou uma ditadura – com o apoio da monarquia, do Exército e da Igreja. A Catalunha se tornou um centro de oposição e resistência. Após o fim do regime, o político Francesc Macia (foto) conseguiu impor direitos importantes de autonomia para a Catalunha.
Fim da liberdade
Na Segunda República Espanhola, os legisladores catalães trabalharam no Estatuto de Autonomia da Catalunha, aprovado pelo Parlamento espanhol em 1932. Francesc Macia foi eleito presidente da Generalitat de Catalunha pelo Parlamento catalão. No entanto, a vitória de Franco no fim da Guerra Civil Espanhola (1936 a 1939) acabou com tudo isso.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Opressão
O ditador Francisco Franco governou com mão de ferro. Partidos políticos foram proibidos, e a língua e a cultura catalãs, reprimidas.
Foto: picture alliance/AP Photo
Novo estatuto de autonomia
Após as primeiras eleições parlamentares que se seguiram ao fim da ditadura de Franco, a Generalitat da Catalunha foi provisoriamente restaurada. Sob a Constituição democrática espanhola de 1978, a Catalunha recebeu um novo estatuto de autonomia, apenas um ano depois.
O novo estatuto de autonomia reconheceu a autonomia da Catalunha e a importância da língua catalã. Em comparação com o estatuto de 1932, ele apresentou avanços nos campos da cultura e educação, mas restrições no âmbito da Justiça. A foto é de Jordi Pujol, que foi por longo tempo chefe de governo da Catalunha depois da ditadura.
Foto: Jose Gayarre
Anseio por independência
O desejo por independência da Espanha se tornou mais forte nos últimos anos. Em 2006, a Catalunha recebeu um novo estatuto, que ampliou ainda mais os poderes do governo catalão. No entanto, eles são perdidos após uma queixa levada pelo conservador Partido Popular ao Tribunal Constitucional espanhol.
Foto: Reuters/A.Gea
Primeiro referendo
Um referendo sobre a independência estava previsto para 9 de novembro de 2014. A primeira questão era "você quer que a Catalunha se torne um Estado?" No caso de uma resposta afirmativa, a segunda pergunta era "você quer que esse Estado seja independente?" No entanto, o Tribunal Constitucional suspendeu a votação.
Foto: Reuters/G. Nacarino
Luta de titãs
Desde janeiro de 2016, Carles Puigdemont é o presidente do governo catalão. Ele deu continuidade ao curso separatista de seu antecessor, Artur Mas, e convocou um novo referendo para 1° de outubro de 2017. O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, disse que a consulta é inconstitucional.