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Pussy Riot pede saída de Putin do poder

27 de dezembro de 2013

Na primeira entrevista após deixarem a cadeia, integrantes da banda punk criticam o presidente da Rússia e a Igreja Ortodoxa. Elas pretendem fundar uma organização para lutar por melhores condições nas prisões.

Foto: Picture-Alliance/dpa

As integrantes da banda punk Pussy Riot Maria Alyokhina e Nadezhda Tolokonnikova afirmaram nesta sexta-feira (27/12) que não mudaram de opinião sobre o presidente da Rússia, Vladimir Putin, após ele ter concedido uma anistia que permitiu a elas deixar a prisão.

Numa entrevista à imprensa em Moscou, elas disseram que esperam ver Putin fora do poder. As ativistas voltaram a afirmar que a anistia concedida pelo governo é apenas uma ação de marketing.

"No que diz respeito a Vladimir Putin, a nossa posição não mudou. Nós queremos continuar fazendo aquilo pelo que fomos presas. Continuamos querendo afastá-lo do poder", disse Tolokonnikova durante a primeira entrevista coletiva à imprensa após a libertação, ocorrida na segunda-feira.

Tolokonnikova descreveu Putin como fechado, intransparente e chekist, termo usado na antiga União Soviética para membros do serviço secreto. Alyokhina criticou o sistema político construído pelo ex-agente da KGB na última década. "Há conspirações e suspeitas constantes", disse.

As ativistas declaram também que gostariam que o ex-magnata do petróleo e oposicionista Mikhail Khodorkovsky, libertado na semana passada, fosse candidato à presidência. Khodorkovsky passou mais de dez anos na prisão, acusado de sonegação de impostos e fraude. No Ocidente e entre a oposição russa, a prisão dele era vista como politicamente motivada.

Alyokhina e Tolokonnikova foram libertadas após anistia do governo russoFoto: Reuters

Propaganda política

Além de reafirmar sua posição oposicionista, Tolokonnikova declarou que a anistia concedida a presos na última semana não passa de uma ação de marketing para melhorar a imagem da Rússia, que sediará em fevereiro os Jogos Olímpicos de Inverno.

"O degelo nada tem a ver com humanismo. As autoridades só fizeram isso por causa da pressão da sociedade russa e ocidental", afirmou Tolokonnikova, acrescentando que teme que, depois dos Jogos Olímpicos, a repressão aumente no país.

A cantora defendeu um boicote aos Jogos. "Gostando ou não, participar dos Jogos na Rússia é uma aprovação da situação interna na Rússia, é um consentimento com o curso tomado por uma pessoa que está interessada sobretudo nos Jogos: Vladimir Putin."

Durante a coletiva, as ativistas também comentaram a sua prisão. Alyokhina acusou a Igreja Ortodoxa Russa de ter um papel fundamental na prisão das músicas. As duas colegas, além da outra integrante do grupo, Yekaterina Samutsevich, libertada em outubro do ano passado por determinação da justiça, cumpriam pena por terem cantado uma oração contra Putin numa catedral ortodoxa.

A banda foi acusada de vandalismo motivado por ódio religioso. A soltura de Tolokonnikova e Alyokhina era prevista para março de 2014, mas ambas foram beneficiadas pela anistia concedida pelo governo a diversos presos nesse mês.

Banda foi acusada de vandalismo motivado por ódio religioso devido a protesto em igrejaFoto: picture-alliance/dpa

Futuro na oposição

As ativistas disseram que pretendem permanecer na Rússia e afirmaram que agora focarão suas energias na luta por melhores condições nas prisões do país. "Nas prisões russas há pessoas que estão à beira da morte", disse Alyokhina.

As duas pretendem fundar, com doações, uma organização que será a voz dos prisioneiros. Tolokonnikova também declarou que trabalhará com o blogueiro e líder da oposição Alexei Navalny.

CN/afp/dpa/rtr/lusa

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