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Putin anuncia que Rússia aprovou 1ª vacina contra covid-19

11 de agosto de 2020

Presidente russo diz que uma de suas filhas já foi inoculada e passa bem. Velocidade do processo de aprovação e falta de transparência, no entanto, provocam ceticismo na comunidade científica internacional.

Vladimir Putin
"Sei que é bastante eficaz, que proporciona imunidade duradoura", disse Putin sobre vacinaFoto: picture-alliance/AP/A. Nikolsky

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou nesta terça-feira (11/08) que a vacina contra o coronavírus desenvolvida no país foi aprovada para uso e que uma de suas filhas já foi inoculada.

Durante uma reunião governamental transmitida pela TV, Putin disse que a vacina se mostrou eficiente durante os testes, oferecendo imunidade duradoura contra o coronavírus.

"Esta manhã, pela primeira vez no mundo, uma vacina contra o novo coronavírus foi registrada", disse Putin. "Sei que é bastante eficaz, que proporciona imunidade duradoura."

Ele acrescentou ainda que uma de suas duas filhas recebeu a vacina e está se sentindo bem.

"Uma de minhas filhas foi vacinada, dessa forma, participado da fase de testes. Após a primeira vacinação, ficou com 38 graus de temperatura, no dia seguinte tinha 37 graus e pouco. E foi tudo."

O presidente não disse qual das suas filhas foi inoculada. Putin tem duas filhas, Maria, de 35 anos, e Ekaterina, 34.

Depois do anúncio de Putin, autoridades do país informaram que a vacina recebeu o nome de "Sputnik V", em referência ao pioneiro satélite soviético lançado nos anos 1950, que marcou o início da corrida espacial.

Autoridades russas disseram que profissionais da área médica, professores e outros grupos de risco serão os primeiros a ser vacinados.

A Rússia é o primeiro país do mundo a registrar e aprovar para uso da população uma vacina contra o coronavírus. No entanto, muitos cientistas no país e no exterior têm se mostrado céticos com as declarações do governo russo, questionando a decisão de registrar a vacina antes mesmo dos testes de fase 3, que normalmente duram meses e envolvem milhares de voluntários.

Também há desconfiança sobre a falta de publicação de dados em publicações científicas que atestem sua eficácia. Pouco se sabe também sobre as fases de todo o processo de pesquisa e quantas pessoas foram efetivamente testadas.

No início de agosto, o Ministério da Saúde do país anunciou que os ensaios clínicos da vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo Centro Nacional de Pesquisa Epidemiológica e Microbiológica da Rússia (Gamalei) haviam sido concluídos, e que o país havia iniciado a etapa de registro.

Na semana passada, um porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), enfatizou, sem citar a Rússia, que é preciso cautela em relação a declarações sobre a eficácia de novas vacinas. "Às vezes, pesquisadores afirmam que encontraram algo. Isso é, obviamente, uma boa notícia", disse Christian Lindmeier. "Mas há uma grande diferença entre descobrir, ou ter uma pista, de uma vacina que funcione e passar por todas as fases", concluiu.

A Rússia é o quarto país com mais casos de covid-19 no mundo, com mais de 890 mil infecções pelo coronavírus. Quase 15 mil pessoas morreram em consequência da doença no país.

JPS/ap/dpa/afp/ots

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