Putin convoca recorde de recrutas para o exército russo
1 de abril de 2025
Em meio à pressão dos EUA por cessar-fogo com a Ucrânia, Rússia quer alistar 160 mil homens com idade entre 18 e 30 anos nas Forças Armadas até julho. É a maior mobilização no país desde 2011.
Putin quer expandir o contingente militar da Rússia para 2,4 milhões de homens, sendo 1,5 milhão na ativaFoto: Alexey Pavlishak/REUTERS
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O líder russo Vladimir Putin fez a maior convocação para alistamento militar no país dos últimos anos, destinada a 160 mil homens com idade entre 18 e 30 anos. As chamadas aos quartéis serão feitas de 1º de abril a 15 de julho, segundo decreto publicado nesta segunda-feira (31/03).
A chamada é a maior desde 2011, quando 200 mil homens foram convocados, e vem apesar da pressão dos Estados Unidos por um cessar-fogo na Ucrânia. Putin também aumentou a idade limite para o alistamento, que antes era de 27 anos.
Putin quer expandir o contingente militar da Rússia para 2,4 milhões de homens, sendo 1,5 milhão na ativa, com a incorporação de aproximadamente 180 mil novos soldados em três anos.
O ministério russo da Defesa justifica o aumento diante do que chama de "ameaças crescentes" tanto da guerra na Ucrânia quanto da expansão da Otan.
Mas a aliança militar só cresceu desde então, com a adesão de Finlândia e Suécia, que temem sofrer um ataque parecido.
Kremlin nega que convocatória tenha relação com a Ucrânia
Na Rússia, homens estão sujeitos ao alistamento militar obrigatório em convocatórias semestrais. Os recrutas têm que servir por 12 meses antes de ser liberados.
O governo afirma que não envia recrutas para combater na guerra e nega que as chamadas tenham relação com o conflito. A Ucrânia, porém, já disse no passado ter capturado recrutas russos, e Putin admitiu no início ter enviado por engano alguns deles ao front.
Em 2022, a Rússia convocou mais de 300 mil "reservistas" para sua ofensiva na Ucrânia, em uma ação que chamou de "mobilização parcial". Desde então, centenas de milhares de homens fugiram do país para evitar ter que lutar no conflito.
A Rússia também mobilizou centenas de milhares de homens como soldados contratados – inclusive estrangeiros e imigrantes –, oferecendo-lhes altos salários e bônus de alistamento generosos.
Desde 2012, o Kremlin passou a focar mais em contratos profissionais e períodos curtos de serviço.
Segundo a BBC, a Rússia já teria perdido mais de 100 mil soldados na Ucrânia. Já Zelenski afirmou em fevereiro que a Ucrânia teria perdido cerca de 46 mil homens.
ra (AFP, dpa, ots)
Guerra na Ucrânia completa três anos
Resistência militar, milhões de refugiados, milhares de mortes e o medo da retirada dos EUA: uma retrospectiva do drama no país do Leste Europeu desde a invasão russa em fevereiro de 2022.
Foto: Narciso Contreras/Anadolu/picture alliance
Exército russo se posiciona
Imagens de satélite mostram tanques e tropas russas em Yelnya, na Rússia, perto da fronteira com a Ucrânia. Em 11 de novembro de 2021, o então secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, alertou o presidente russo, Vladimir Putin, sobre os riscos que resultariam caso suas tropas invadissem a Ucrânia. Putin ignorou os alertas e ordenou a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.
Foto: Maxar Technologies/AFP
Invasão da Ucrânia
A ofensiva militar russa contra a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022 resultou em ataques com mísseis nas cidades de Kiev, Odessa e Kharkiv. Um prédio militar foi incendiado na capital ucraniana. A guerra, chamada por Moscou de "operação militar especial", havia começado.
Foto: Efrem Lukatsky/AP Photo/picture alliance
O trauma de Bucha
Após algumas semanas, o exército ucraniano expulsou tropas russas das cidades do norte e do nordeste. O plano das forças de ocupação de cercar Kiev fracassou. As atrocidades cometidas pelos militares russos foram reveladas durante a libertação dos territórios. As imagens de civis torturados e mortos em Bucha, perto de Kiev, deram a volta ao mundo. Autoridades registraram 461 mortes.
Foto: Serhii Nuzhnenko/AP Photo/picture alliance
Vida em ruínas
Nos planos de Moscou, a invasão deveria durar três dias e terminar em vitória. De acordo com o Instituto para o Estudo de Guerra, o Kremlin agora controla 20% do território ucraniano, principalmente no leste.
Foto: Sofiia Gatilova/REUTERS
Eleições nos territórios ocupados pela Rússia
Desde setembro de 2022, a Rússia anexou as regiões de Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Kherson. Um ano depois, Moscou realizou eleições nas mesmas regiões. O partido Rússia Unida saiu vitorioso em todas as votações, apontadas amplamente como fraudulentas.
Foto: Alexander Ermochenko/REUTERS
Nove milhões em fuga
A guerra na Ucrânia provocou uma onda de refugiados na Europa sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial. De acordo com a ONU, 3,7 milhões de ucranianos estão internamente deslocadas no país. Outros seis milhões fugiram da Ucrânia, e a maioria foi acolhida pela Polônia e Alemanha.
Foto: Hannibal Hanschke/Getty Images
Mariupol, símbolo da resistência ucraniana
O cerco à cidade de Mariupol, no sul da Ucrânia, durou 82 dias. A cidade foi fortemente bombardeada e os últimos defensores ucranianos se entrincheiraram na siderúrgica de Azovstal. A foto de uma mulher grávida sendo retirada da maternidade deu a volta ao mundo.
Foto: Evgeniy Maloletka/AP/dpa/picture alliance
Ponte da Crimeia em chamas
Com 19 quilômetros de comprimento, a Ponte da Crimeia é a mais longa da Europa. Explosões danificaram severamente a ponte em outubro de 2022, que ficou apenas parcialmente transitável. Em junho de 2023, um novo ataque causou mais danos. O ministro da Defesa ucraniano admitiu que o serviço secreto do país estava por trás dos ataques.
Foto: Alyona Popova/TASS/dpa/picture alliance
Inundações em larga escala
Em 6 de junho de 2023, a barragem de Kakhovka, no rio Dnipro, foi deliberadamente explodida. A Rússia e a Ucrânia culparam uma à outra. A barragem estava sob controle russo na época. Ocorreram grandes inundações, e milhares perderam suas casas.
Foto: Libkos/AP Photo/picture alliance
Infraestrutura de energia destruída
Os ataques russos têm mirado repetidamente a rede elétrica. Em junho de 2024, o ministro de Energia da Ucrânia anunciou que 80% das usinas térmicas e mais da metade das hidrelétricas haviam sido atacadas. O resultado foram cortes significativos de energia e o agravamento da situação humanitária, principalmente no inverno.
Foto: Sergey Bobok/AFP
Ataques ucranianos em território russo
Em agosto de 2024, as forças armadas ucranianas lançaram uma ofensiva em território russo pela primeira vez. Inicialmente, conseguiram controlar cerca de 1,4 mil quilômetros quadrados na região de Kursk. Desde então, perderam novamente dois terços do território ocupado.
Foto: Roman Pilipey/AFP/Getty Images
Guerra dos drones
Os drones viraram um artefato de guerra central na Ucrânia. Ambos os lados usam os veículos aéreos não tripulados para reconhecimento e vigilância, mas também para ataques direcionados.
Três anos de guerra deixaram marcas profundas na sociedade e no território ucranianos. No leste e no sul, muitas cidades e vilarejos foram severamente devastados pelos ataques russos. Várias se tornaram cidades fantasma, como o vilarejo de Bohorodychne, na região de Donetsk.
Longe do front, os problemas não são imediatamente visíveis. A vida continua para alguns, com lojas, cafés e restaurantes abertos. Geradores de energia viraram um antídoto contra cortes de energias.
Foto: Oleksandr Kunytskyi/DW
Trump, um agente de mudança?
Durante a campanha eleitoral, o então candidato Donald Trump afirmou que poderia acabar com a guerra em 24 horas. Em mais de um mês de mandato, ainda não conseguiu. Entretanto, sua aproximação com a Rússia e o simultâneo distanciamento da Ucrânia geraram preocupações crescentes entre ucranianos sobre a possibilidade de a guerra terminar em breve sob termos ainda desconhecidos.