Líder russo diz que Moscou "responderá à altura" qualquer ameaça que resulte da adesão de Suécia e Finlândia à aliança, e acusa Ocidente de usar conflito na Ucrânia para avançar na defesa de seus próprios interesses.
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O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira (29/06) que seu país responderá à altura, caso a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) envie soldados e infraestrutura militar à Finlândia e Suécia, após a provável adesão dos dois países escandinavos à aliança ocidental.
"Não temos com a Suécia e a Finlândia os problemas que temos com a Ucrânia", disse Putin em entrevista a uma emissora estatal russa.
"Mas eles devem entender que antes não havia nenhuma ameaça, enquanto agora, se contingentes militares e infraestrutura forem enviados, responderemos à altura, e vamos criar as mesmas ameaças aos territórios deles que forem criadas para nós."
Ele afirmou que conta com uma piora nas relações de Moscou com Estocolmo e Helsinki após o ingresso das duas nações na Otan.
"Tudo estava bem entre nós, mas agora deverão certamente surgir algumas tensões", disse o líder russo. "Isso será inevitável, se houver alguma ameaça contra nós."
O processo formal para a adesão sueca e finlandesa à Otan teve início nesta quarta-feira, após a Turquia chegar a um acordo com os dois países e pôr fim ao impasse que ameaçava a expansão da aliança no norte da Europa.
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"Ambições imperialistas"
Putin condenou o que chamou de "ambições imperialistas" da Otan, acusando os países ocidentais de tentarem estabelecer sua supremacia através da guerra na Ucrânia.
Ele advertiu que o bem-estar do povo ucraniano "não é o objetivo do Ocidente e da Otan", e que, para eles, o conflito seria apenas "um meio de defender seus próprios interesses".
Segundo afirmou, os países da aliança, "acima de tudo, os Estados Unidos, precisavam há muito tempo de um inimigo externo para unir seus aliados em torno de si".
O presidente russo destacou que a estratégia militar russa na Ucrânia, de "libertar" o leste do país do domínio de Kiev, permanece inalterada. O objetivo, insistiu, é garantir a segurança da Rússia.
Putin assegurou que "tudo está ocorrendo como planejado", e que não há um prazo final para o que chama de "operação militar especial" no país vizinho.
Otan vê Rússia como "ameaça direta"
Nesta quarta-feira, a Otan passou a classificar a Rússia como a principal ameaça à segurança das nações que compõem a aliança.
No mais recente conceito estratégico da aliança, divulgado nesta quarta-feira durante a cúpula da organização, em Madri, os 30 países-membros destacaram que "a Federação Russa é a ameaça mais significativa e direta à segurança dos aliados e à paz e à estabilidade na zona euro-atlântica" para a próxima década.
Em seu novo conceito estratégico, a Otan acusa a Rússia de tentar "estabelecer esferas de influência e controle direto por meio de coerção, subversão, agressão e anexação", em uma clara referência à invasão da Ucrânia.
rc (Reuters, AFP)
Sanções do Ocidente atingem círculo íntimo de Putin
Em reação à invasão da Ucrânia, UE, EUA e outros países ocidentais impuseram sanções severas à economia russa e aos associados do presidente Vladimir Putin. Quem são os bilionários atingidos?
Foto: Christian Charisius/dpa/picture alliance
Igor Sechin
Sechin é ex-primeiro-ministro da Rússia e diretor executivo da estatal petroleira Rosneft. No documento da União Europeia relativo às sanções, ele é descrito como "um dos assessores mais próximos e amigo pessoal" de Vladimir Putin. Além disso, apoia a consolidação da anexação ilegal da Crimeia à Rússia, sobretudo com o envolvimento da Rosneft no fornecimento de combustível à península.
Foto: Alexei Nikolsky/Russian Presidential Press and Information Office/TASS/picture alliance
Alisher Usmanov
Nascido no Uzbesquistão, Usmanov é magnata de metais e telecomunicação. A UE o cita como um dos oligarcas favoritos de Putin, tendo pago milhões a um de seus principais assessores, hospedado o presidente russo em sua luxuosa residência pessoal, além de atuar em sua "linha de frente" e "resolver seus problemas de negócios". Os EUA e o Reino Unido também o acrescentaram a suas listas negras.
Foto: Alexei Nikolsky/Kremlin/Sputnik/REUTERS
Mikhail Fridman e Petr Aven
A UE descreveu Fridman (c.) como "importante financiador e facilitador do círculo íntimo de Putin". Ele e seu parceiro de longa data Aven (dir.) lucraram bilhões de dólares com petróleo, transações bancárias e comércio de varejo, segundo a agência de notícias Reuters. A UE acrescenta que Aven é um dos homens de negócios russos ricos que se reúnem regularmente com Putin no Kremlin.
Foto: Mikhail Metzel/ITAR-TASS/imago
Negando conexões com Putin e o Kremlin
Numa coletiva de imprensa após o anúncio pela UE, tanto Fridman quanto Aven (dir.) negaram ter qualquer "relação financeira ou política com o presidente ou o Kremlin" e prometeram combater as punições, supostamente sem base, "com todos os meios à disposição". Nascido no oeste da Ucrânia, Fridman é um dos poucos russos submetidos a sanções que se pronunciou publicamente contra a guerra.
Foto: Alexander Nenenov, Pool/AP/picture alliance
Boris e Igor Rotenberg
A família Rotenberg é notória por seus laços estreitos com Putin. Boris é coproprietário do SMP Bank, associado à petroleira Gazprom. Seu irmão Arkady, já sob sanções da UE e dos EUA, praticava judô com Putin desde adolescente. Igor, filho de Arkady, controla a campanha de perfuração Gazprom Bureniye. Após a invasão russa, Boris e Igor entraram para as listas britânica e americana de sancionados.
Foto: Sergey Dolzhenko/epa/dpa/picture-alliance
Gennady Timchenko
Timchenko é um importante acionista do Rossiya Bank – definido no documento da UE como o banco pessoal das autoridades russas, investindo nas emissoras de televisão que apoiam ativamente as medidas do governo russo para desestabilizar a Ucrânia. Além disso, o Rossiya teria aberto sucursais na Crimeia, apoiando sua anexação ilegal.
Foto: Sergei Karpukhin/AFP/Getty Images
Alexei Mordashov
Mordashov investiu seriamente no National Media Group, o maior holding particular de mídia da Rússia, que apoia as medidas estatais de desestabilização da Ucrânia, afirma a UE. Em comunicado, o bilionário asseverou que não tem "nada a ver com a emergência da atual tensão geopolítica" e definiu essa guerra como uma "tragédia de dois povos fraternos".
Foto: Tass Zhukov/TASS/dpa/picture-alliance
Iates confiscados
As novas sanções incluem o congelamento de bens e restrições a viagens. Desde sua imposição, diversos iates de luxo pertencentes à elite russa foram confiscados na Itália, França e Reino Unido. Entre seus proprietários estão Sechin, Usmanov e Timchenko.