Isolados pelo Ocidente, líderes devem se reunir em Vladivostok para discutir cooperação militar. Analistas apontam que Kremlin busca fornecimento de munições para usar contra a Ucrânia enquanto Pyongyang quer tecnologia.
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O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, visitará em breve a Rússia para se encontrar com o presidente Vladimir Putin, confirmaram os dois países nesta segunda-feira (11/09), dias após a diplomacia dos EUA apontar sobre a possibilidade de uma reunião de cúpula entre os dois líderes sancionados e isolados pelo Ocidente.
Kim visitará a Rússia nos próximos dias a convite de Putin, disse o Kremlin, enquanto a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA afirmou que os dois vão "se encontrar e conversar", sem entrar em detalhes.
"A convite do presidente russo, Vladimir Putin, Kim Jong-un, chefe-de-Estado da República Democrática da Coreia, vai fazer uma visita oficial a Federação Russa nos próximos dias", informou o Kremlin em comunicado.
No entanto, a mídia sul-coreana aponta que o ditador norte-coreano já parece esar se deslocando para Vladivostok, no extremo oriente da Rússia, em um trem especial, mas Moscou e Pyongyang não confirmaram imediatamente uma programação exata para a visita. O jornal sul-coreano Chosun Ilbo disse que Kim deixou Pyongyang na noite de domingo e se encontraria com Putin já na terça-feira.
A emissora YTN informou que o trem especial levaria Kim até a fronteira nordeste da Coreia do Norte com a Rússia e que a cúpula provavelmente ocorreria na terça ou quarta-feira. As duas reportagens citaram fontes não identificadas do governo sul-coreano.
Em abril de 2019, Kim viajou para esta mesma cidade para se encontrar com Putin, também se deslocando por meio de um trem blindado especial, que demorou cerca de 20 horas a chegar ao porto russo banhado pelo Oceano Pacífico.
Uma eventual viagem de Kim para sua segunda cúpula com Putin vinha sendo analisada de perto por vários países ocidentais por causa de sinais de um estreitamento de uma cooperação militar entre a Coreia do Norte e a Rússia, que trava sua guerra contra a Ucrânia.
Apesar das negativas de Pyongyang e Moscou, os Estados Unidos disseram que as negociações estão avançando ativamente para que a Coreia do Norte forneça armas para a Rússia, que gastou vastos estoques de armas em mais de 18 meses de conflito na Ucrânia. Já Pyongyang estaria em busca tecnologia avançada para a fabricação de de satélites e submarinos com propulsão nuclear, bem como como ajuda alimentar.
A Coreia do Norte é um dos poucos países que apoiou abertamente a Rússia desde a invasão da Ucrânia no ano passado, e Putin prometeu na semana passada "expandir os laços bilaterais em todos os aspectos de uma forma planejada, reunindo esforços". Em julho, Putin também elogiou o "firme apoio" de Pyongyang.
Esta será a primeira viagem de Kim ao exterior desde 2019, quando a pandemia de covid-19 levou a ditadura comunista a fechar as suas fronteiras no início de 2020.
jps (Reuters, Lusa)
Guerra da Coreia, 70 anos depois
Combates na península coreana duraram mais de três anos. De um lado, o sul, apoiado pela ONU. Do outro, o norte, reforçado por China e URSS. Guerra acabou em 1953, com milhões de mortos e a divisão das Coreias cimentada.
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Fronteira da Guerra Fria
Em 27 de julho de 1950, as tropas da comunista Coreia do Norte atravessam o Paralelo 38, iniciando uma verdadeira campanha de ocupação. Em poucos dias, praticamente todo o país estava sob seu controle. É o início de uma guerra que durará 37 meses, custando 4,5 milhões de vidas humanas, segundo certas estimativas.
Foto: AFP/Getty Images
Antecedentes
Depois de ser ocupada pelo Japão de 1910 a 1945, a Coreia estava dividida desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O território acima do 38º paralelo norte ficou sob controle soviético, o do sul, na mão dos EUA. Em agosto de 1948, Seul proclama a República da Coreia. Em reação, o general Kim Il-sung cria no norte a República Popular Democrática da Coreia, em 9 de setembro do mesmo ano.
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Reforço da ONU
Seguindo o avanço dos norte-coreanos sobre o Paralelo 38, a partir de julho de 1950 as Nações Unidas decidem dar apoio militar à Coreia do Sul, por pressão dos EUA. São enviados para a península 40 mil soldados de mais de 20 países, entre os quais 36 mil norte-americanos. A sorte parece ter virado: logo os Aliados conseguem ocupar quase todo o país.
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Codinome Operação Chromite
Em 15 de setembro de 1950, tropas ocidentais sob o comando do general Douglas MacArthur desembarcam perto da cidade portuária de Incheon, no sudoeste, capturando uma base central de suporte do Norte. Pouco depois, Seul está novamente na mão dos Aliados, que em outubro também ocupam Pyongyang. O fim da guerra parece próximo. Mas aí a China envia tropas de apoio aos norte-coreanos.
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Ajuda de Mao
Em meados de outubro iniciava-se a intervenção chinesa. De início, a ajuda parte apenas de unidades de pequeno porte. No final do mês ocorre a primeira mobilização em grande escala na Coreia do Norte do "exército de voluntários" de Mao. Em 5 de dezembro, Pyongyang – única capital comunista ocupada por tropas ocidentais durante a Guerra Fria – está novamente nas mãos de norte-coreanos e chineses.
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Pró e contra a bomba atômica
Em janeiro de 1951 começa uma grande ofensiva da Coreia do Norte, com apoio chinês. Cerca de 400 mil chineses e 100 mil norte-coreanos forçam as tropas aliadas a recuar fortemente. Em abril, o general MacArthur é destituído de seu posto, depois que o presidente Harry Truman lhe ordenara usar bombas atômicas contra a China. Seu sucessor é o general Matthew B. Ridgway.
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Guerra de exaustão
Em meados de 1951, mais ou menos na altura da linha de demarcação que separava o Norte e o Sul antes da guerra, as forças oponentes chegam a um impasse. A partir daí, começa uma encarniçada guerra de exaustão, que durará até o fim das operações de combate, dois anos mais tarde – embora as negociações de paz já tivessem sido iniciadas em julho de 1951.
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Batalha de ideologias
O conflito entre as Coreias é considerado a primeira "guerra por procuração" entre o Ocidente capitalista e o Oriente comunista. A maior parte dos soldados lutando nas tropas da ONU vinha dos Estados Unidos. No lado oposto, os norte-coreanos contaram com o reforço de centenas de milhares de chineses e russos.
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Coreia do Norte em ruínas
Desde o início, foi uma guerra de ataques aéreos e bombardeios. Durante os três anos de combates, as forças aéreas das Nações Unidas realizaram mais de 1 milhão de operações. Ao todo, os americanos lançaram cerca de 450 mil toneladas de bombas, inclusive de napalm, sobre a Coreia do Norte. A destruição foi extensa: ao fim da guerra, quase todas grandes cidades estavam arrasadas.
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Estimativas conflitantes
Quando, em 1953, as tropas aliadas se retiram da península coreana, o saldo é de milhões de mortos. Os dados sobre o número de soldados caídos são conflitantes. Calcula-se que morreram cerca de meio milhão de militares coreanos, assim como 400 mil chineses. Os Aliados registram 40 mil vítimas, 90% delas americanos.
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Troca de prisioneiros
Ainda durante os combates, de meados de maio a início de abril de 1953, ocorreu a primeira troca de presos entre os dois lados. Até o fim do ano, mais detentos seriam repatriados. A ONU devolveu mais de 75 mil norte-coreanos e quase 6.700 chineses. O outro lado soltou 13.500 pessoas, entre as quais 8.300 sul-coreanos e 3.700 soldados dos EUA.
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Cessar-fogo
Após mais de dois anos, as negociações de cessar-fogo iniciadas em 10 de julho de 1951 culminam no Armistício de Panmunjom. A divisão da península está sedimentada: o 38º paralelo norte é definido com fronteira entre as Coreias do Norte e do Sul. Mas como um tratado de paz nunca foi assinado, do ponto de vista do direito internacional os dois países se encontram até hoje em estado de guerra.
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Terra de ninguém
O idílio na cidade fronteiriça de Panmunjom é enganoso. Até hoje, a fronteira ao longo do Paralelo 38 é a mais rigorosamente vigiada do mundo. Ao longo da linha estipulada no acordo de armistício de 1953, o Norte e o Sul são separados por uma zona desmilitarizada de cerca de 250 quilômetros de extensão e 4 quilômetros de largura. Aqui, soldados de ambos os lados se defrontam diariamente.