Putin indica chefe do Wagner para liderar tropas na Ucrânia
29 de setembro de 2023
Andrei Troshev deve formar "unidades de voluntários" para a guerra, sob comando do Ministério da Defesa. Grupo de mercenários estava fora de ação desde a tentativa de motim e da morte do antigo líder Yevgeny Prigozhin.
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O presidente russo, Vladmir Putin, nomeou um dos principais comandantes do grupo Wagner para liderar as chamadas "unidades de voluntários" que se juntarão aos combates na guerra na Ucrânia.
O indicado é Andrei Troshev, que se tornou uma das maiores lideranças do grupo de mercenários russos após a morte do comandante Yevgeny Prigozhin. Sua escolha é vista como um sinal da continuidade da utilização do grupo Wagner pela Rússia na guerra travada no país vizinho.
Segundo declarações divulgadas pelo Kremlin nesta sexta-feira (29/09), Putin disse a Troshev que sua tarefa é "lidar com a formação de unidades de voluntários que poderão realizar várias tarefas de combate, prioritariamente na zona da operação especial militar" – termo utilizado pelo governo russo para descrever sua guerra de agressão na Ucrânia.
Subordinado ao Ministério da Defesa
O fato de o vice-ministro russo da Defesa, Yunus-Bek Yevkurov, também estar presente à reunião com Putin e Troshev no Kremlin, sinaliza que o grupo Wagner estará sob o comando da pasta.
O encontro parece refletir a intenção russa de reenviar parte do grupo às frentes de batalha na Ucrânia, mesmo após o motim dos mercenários em junho e a morte de Prigozhin num acidente de avião em circunstâncias misteriosas.
O grupo Wagner é visto pelo Kremlin como um recurso valioso, embora os combatentes não venham tendo papel significativo na guerra desde a captura da cidade ucraniana de Bakhmut, na batalha mais longa e sangrenta do conflito.
No auge de suas atividades em vários continentes, o Wagner chegou a contar dezenas de milhares de combatentes. Pelo menos 50 mil criminosos condenados aceitaram lutar pelo grupo na Ucrânia em troca de liberdade. O grupo possui ainda dezenas de milhares de voluntários, incluindo muitos ex-membros das forças especiais.
Os combatentes são bem pagos e, segundo alardeava Prigozhin, a cadeia de comando age de modo responsável e sem a burocracia das Forças Armadas russas.
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Pacto com Kremlin
A breve rebelião dos mercenários, em 23 e 24 de julho, visava derrubar a liderança do Ministério da Defesa, a quem Prigozhin culpava pelos erros na coordenação da guerra na Ucrânia e por tentar controlar o grupo Wagner. Seus comandados tomaram a base militar russa em Rostov-on-Don e partiram rumo a Moscou, antes de encerrarem o abruptamente o motim.
Embora Putin os tenha considerado como "traidores", o Kremlin negociou rapidamente um acordo para pôr fim à rebelião, em troca de uma anistia, evitando que os mercenários fossem levados à Justiça pelo motim. Foram-lhes oferecidas três alternativas: se aposentarem, se mudarem para Belarus ou assinarem novos contratos com o Ministério da Defesa.
Em julho, o presidente russo afirmou que, cinco dias após o motim, ele se reuniu com 35 comandantes do grupo, inclusive Prigozhin, e sugeriu que continuassem a servir sob o comando de Troschev – de codinome "Cabelo Grisalho". A oferta foi rejeitada pelo então líder maior do grupo.
Troshev é um militar aposentado que teve papel de liderança no grupo Wagner desde sua criação, em 2014, e se tornou alvo de sanções europeias por sua atuação na Síria como diretor executivo do grupo de mercenários.
rc/av (AP, Reuters)
A invasão russa da Ucrânia em imagens
Em 24 de fevereiro de 2022, Moscou invadiu o território ucraniano por terra, ar e mar, lançou foguetes e destruiu instalações militares em diferentes partes do país vizinho. Em pânico, cidadãos tentaram fugir.
Foto: Kunihiko Miura/AP/picture alliance
Ucranianos em pânico
Uma manhã dramática na Ucrânia. Depois que a Rússia iniciou um ataque ao país vizinho. e se ouviram as primeiras explosões – inclusive na capital, Kiev –, muitos fugiram. Veículos militares circulavam pelas ruas da cidade, enquanto residentes faziam as malas e tentavam deixar o local.
Foto: Sputnik/dpa/picture alliance
Filas de carros em Kiev
O desespero dos civis ucranianos gerou um enorme congestionamento na principal avenida em direção ao oeste de Kiev. O ataque foi anunciado pelo presidente russo, Vladimir Putin, num pronunciamento, alegando ter iniciado uma operação militar contra a Ucrânia para de "desmilitarizar" o país e eliminar supostas "ameaças" contra Moscou.
Foto: Chris McGrath/Getty Images
Ataques aéreos
Explosões foram ouvidas alguns minutos depois do fim do pronunciamento de Putin. Nesta foto, vê-se um outdoor aparentemente destruído por um míssel, em Kiev. O governo ucraniano falou de uma "invasão em grande escala" de seu território, assegurando que o país "se defenderá e vencerá".
Foto: Efrem Lukatsky/AP Photo/picture alliance
Tropas ucranianas se mobilizam
Tanques ucranianos se deslocam para a cidade portuária de Mariupol, no sudeste do país. As Forças Armadas ucranianas são as segundas maiores da região, porém a Rússia as supera em todas as áreas, exceto no número de soldados na ativa.
Foto: Carlos Barria/REUTERS
Explosões em várias partes do país
Soldados examinam os restos de um foguete numa praça da capital ucraniana. Além de Kiev, explosões atingiram várias cidades próximas à fronteira com a Rússia. O mesmo ocorreu nas regiões costeiras, bem como na cidade portuária de Odessa, próxima à Península da Crimeia, ocupada por Moscou.
Foto: Valentyn Ogirenko/REUTERS
Rússia destrói instalações militares
Algumas partes da Ucrânia ficaram cobertas por fumaça preta após as explosões. A coluna de fumaça nesta foto parte de um aeroporto militar que teria sido atingido por bombardeios, perto da cidade de Kharkiv, no leste do país.
Foto: Aris Messinis/AFP/Getty Images
Ameaça à população
O Ministério da Defesa russo afirma que não visa cidades e "não há ameaça à população civil". A Agência de Segurança da Aviação da União Europeia descreveu o espaço aéreo ucraniano como "zona de conflito ativo". Os metrôs de Kiev foram liberados ao público e muitos civis se abrigaram nas estações, como mostra esta foto.
Foto: AFP via Getty Images
Explosões em áreas residenciais
Apesar do que diz o governo russo, há relatos de explosões em áreas residenciais. Bombeiros tentam conter um incêndio num bloco de apartamentos após um suposto ataque aéreo na localidade de Chuhuiv, perto de Kharkiv, no leste do país.
Foto: Wolfgang Schwan/AA/picture alliance
Invasão por terra
A invasão russa à Ucrânia ocorre também por mar e terra. Esta foto capturada por uma câmera de vigilância e publicada pelas autoridades fronteiriças da Ucrânia mostraria veículos militares russos cruzando a fronteira na Crimeia, em direção à Ucrânia. Essa península foi anexada pela Rússia em março de 2014.
Foto: State Border Guard Service Of Uk/picture alliance/dpa/PA Media
Alguns fogem, outros se preparam
Os efeitos dos ataques podem ser observados em todo o país. Na cidade de Lviv, de 700 mil habitantes, no extremo oeste da Ucrânia, longas filas se formaram em caixas eletrônicos O mesmo ocorreu em supermercados e lojas, na esperança de estocar alimentos e água. Enquanto alguns tentavam fugir, outros pareciam se preparar para se isolar.