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Putin obtém aval do Parlamento para enviar tropas à Crimeia

1 de março de 2014

Parlamento russo aprova pedido do presidente Vladimir Putin para realizar intervenção militar na península da Crimeia, que pertence à Ucrânia. Tensão na região preocupa Washington.

Foto: Sean Gallup/Getty Images

O Parlamento da Rússia aprovou um pedido do presidente Vladimir Putin feito neste sábado (01/03) para realizar uma intervenção militar na República Autônoma da Crimeia, península que pertence à Ucrânia. Putin justificou a intervenção afirmando ser necessário proteger a população de origem russa que vive na região e também os agentes das Forças Armadas da Rússia com base no território.

A solicitação do presidente russo é uma resposta a um apelo do primeiro-ministro da Crimeia, Serguei Aksyonov, que horas antes havia solicitado ajuda a Moscou diante do aumento das tensões na península no Mar Negro. "Em nome de minha responsabilidade pela vida e da segurança dos cidadãos, peço ao presidente russo, Vladimir Putin, ajuda para garantir a paz e a tranquilidade na região da Crimeia", declarou Aksyonov num comunicado divulgado pela mídia local e pela TV russa.

Putin prometera que o pedido não ficaria sem resposta. O Ministério russo do Exterior declarou que é grande a preocupação com o precipitar dos acontecimentos na Crimeia – a qual "círculos políticos importantes" na capital ucraniana, Kiev, estariam procurando desestabilizar.

Há 60 anos a Crimeia pertence à Ucrânia. A maioria de seus habitantes é de origem russa e rejeita a reviravolta política em Kiev que levou à queda do presidente Viktor Yanukovytch e à formação de um novo governo, liderado pelo pró-europeu Arseniy Yatsenyuk.

Soldados russos na região

A frota da Rússia no Mar Negro está estacionada na Crimeia e, segundo o premiê Aksyonov, membros da Marinha russa estão vigiando prédios importantes no local. O governo ucraniano colocou suas Forças Armadas em estado de alerta: segundo o Ministério da Defesa em Kiev, o Kremlin teria designado mais 6 mil soldados para a região.

O primeiro-ministro Yatsenyuk exigiu que a Rússia retire imediatamente suas tropas, mas descarta, ao mesmo tempo, uma reação militar pelas Forças Armadas da Ucrânia.

Segundo a agência de notícias russa Interfax, houve distúrbios na cidade de Kharkiv, no leste ucraniano, na tarde deste sábado. Durante uma manifestação que reuniu milhares de pessoas diante da sede da administração regional, ativistas pró-Moscou invadiram e tentaram ocupar o prédio, lá içando a bandeira russa. A tentativa resultou em choques com partidários do novo governo em Kiev.

Pró-russos diante do Parlamento da Crimeia: "Vamos libertar a Ucrânia da ocupação dos EUA"Foto: Sean Gallup/Getty Images

Washington ameaça

Nesta sexta-feira, diante da notícia de que Putin havia mobilizado 2 mil soldados para a Crimeia, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, dirigiu uma advertência direta ao chefe de Estado russo, em coletiva de imprensa em Washington.

"Qualquer violação da soberania e das fronteiras da Ucrânia seria profundamente desestabilizadora", declarou Obama. Segundo ele, os EUA estão observando a situação muito atentamente e uma operação militar da Rússia na Crimeia terá "um preço".

Segundo notícias veiculadas na capital americana, no caso de uma intervenção russa, a Casa Branca está considerando cancelar a cúpula do G8 – formado pelas potências econômicas Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia – programada para junho, no Estádio Olímpico de Sochi, em território russo.

A proposta estaria sendo discutida com países parceiros na União Europeia. Se houver intervenção, o governo americano considera, além disso, suspender as relações comerciais com Moscou e interromper negociações em andamento.

AV/dpa/afp/rtr

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