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Putin pressiona americanos a não apoiarem intervenção militar na Síria

12 de setembro de 2013

Após a sugestão de Moscou de destruir as armas químicas pela Síria, presidente russo alerta em artigo publicado no "New York Times" que um ataque a Damasco iria provocar "nova onda de terrorismo".

Vladimir Putin (esq.) e Barack Obama se encontraram na cúpula do G20 em São Petersburgo, semana passadaFoto: Reuters

Depois que os representantes das cinco potências com poder de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas não conseguiram chegar a um acordo na noite de quarta-feira (11/09) sobre um projeto de resolução para a Síria, o presidente russo Vladimir Putin se dirigiu ao povo americano, advertindo Washington contra um ataque militar contra Damasco.

Em artigo publicado no site do jornal New York Times na noite de quarta, o presidente russo responsabilizou os rebeldes, mas não o seu homólogo sírio Bashar al-Assad, pelo suposto uso de armas químicas. "Temos todos os motivos para acreditar que [o gás químico] foi utilizado não pelo Exército sírio, mas por forças da oposição, para provocar uma intervenção de seus poderosos apoiadores internacionais". Estes teriam se colocado "do mesmo lado que os fundamentalistas", acresceu Putin.

No artigo, Putin insta fortemente Washington a aceitar a sugestão russa sobre as armas químicas. Os EUA, a Rússia e todos os Estados-membros das Nações Unidas "deveriam aproveitar" o fato de que "o governo sírio está disposto ao controle internacional e posterior destruição de suas armas químicas", escreveu o chefe do Kremlin.

Putin alertou que um ataque militar contra Damasco sem um mandato da ONU poderia levar a um desmantelamento da Organização [das Nações Unidas], provocando "uma nova onda de terrorismo" e desestabilizando toda a região. Além disso, um ataque "levaria somente a novas vítimas inocentes", advertiu Putin.

Proposta russa

Apoiada pela China, a Rússia já rejeitou três resoluções no Conselho de Segurança da ONU que condenavam o governo Assad e o ameaçavam com sanções. Isso levou a meses de bloqueio no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Depois da negativa russa ao projeto de resolução apresentado pela França na ONU, que previa um prazo de 15 dias para que a Síria declarasse todo o seu arsenal de armas químicas e abrisse as instalações para os inspetores internacionais, a Rússia entregou aos Estados Unidos a sua própria sugestão para uma resolução, afirmou a mídia russa.

Os Estados Unidos, no entanto, reagiram com reservas à sugestão transmitida pela Rússia. Segundo um porta-voz do Departamento de Estado americano, Moscou teria apresentado antes "uma ideia" do que um "pacote maior". A proposta russa para uma resolução engloba "componentes que ainda têm que ser trabalhados", disse o porta-voz.

Tempo para diplomacia

Após a iniciativa russa anunciada na última segunda-feira prevendo que a Síria deveria colocar seu arsenal de armas químicas sob controle internacional, em seu discurso à nação, no dia seguinte, o presidente americano Barack Obama avaliou as chances e os riscos da proposta, que teria "o potencial de eliminar a ameaça representada pelas armas químicas sem o recurso a forças militares". Porém, para Obama, ainda é "muito cedo" para saber "se a proposta russa terá sucesso".

O presidente dos EUA deu ordens para os militares para manterem a posição atual na região, "caso a diplomacia falhe". Washington está sob pressão desde 21 de agosto, quando um suposto ataque químico, alegadamente realizado pelo governo sírio nos arredores de Damasco, teria matado mais de 1.400 pessoas.

Depois do discurso de Obama, o governo americano deixou claro que Washington não estaria interessado em táticas de adiamento, mas afirmou que "certamente levará algum tempo" até que as armas químicas sírias estivessem sob o controle da comunidade internacional, disse o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney. O processo para se chegar a uma resolução da ONU teria apenas começado, afirmou o porta-voz.

Encontro bilateral

Para chegar a um consenso sobre uma resolução, os embaixadores da Rússia e da China, como também do Reino Unido, dos EUA e da França se encontraram por cerca de meia hora no escritório da representação russa nas Nações Unidas, em Nova York. Após o encontro da quarta-feira, nenhum dos embaixadores quis expressar uma opinião.

Um dos diplomatas disse somente que as conversas teriam aberto o caminho para o encontro entre o secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, previsto para esta quinta-feira (12/09) em Genebra.

Três dias após a surpreendente sugestão de Moscou sobre a destruição das armas químicas pela Síria, o secretário de Estado americano e seu colega russo se encontram pela primeira vez para discutir pessoalmente o tema.

CA/dpa/afp/rtr

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