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Putin quer substituir Wikipédia por versão russa "confiável"

6 de novembro de 2019

Governo russo vai direcionar soma equivalente a R$ 100 milhões para substituir enciclopédia colaborativa. Anúncio ocorre pouco depois de o país lançar "internet soberana", isolada de grandes servidores mundiais.

Vladimir Putin mit Laptop
Foto: picture-alliance/dpa/D. Astakhov

O presidente russo, Vladimir Putin, propôs nesta terça-feira (05/11) a substituição da enciclopédia online colaborativa Wikipédia por uma versão russa.

"É melhor substituí-la pela nova Grande Enciclopédia da Rússia em formato eletrônico. Aqui, de qualquer forma, haverá informações confiáveis em um bom formato moderno", disse Putin, segundo a agência RIA Novosti, fazendo referência a uma enciclopédia russa que foi publicada em formato impresso entre 2004 e 2017. 

A declaração foi feita durante uma reunião do Conselho de Língua Russa, realizada no Kremlin.

O Kremlin anunciou em setembro, em um projeto de lei, que planeja gastar 1,7 bilhão de rublos (cerca de 100 milhões de reais) para a criação da versão online da Grande Enciclopédia da Rússia nos próximos três anos.

Em 2015, a versão em língua russa da Wikipédia chegou a ser suspensa temporariamente no país após um procurador se queixar de um artigo que descrevia uma variedade de maconha chamada charas.

A legislação russa proíbe a divulgação online sobre uso de drogas e sites correm o risco de ter todo o conteúdo suspenso, mesmo se o material que violar as regras ocupar apenas uma página.

A Wikipédia é administrada pela Fundação Wikimedia, uma organização sem fins lucrativos baseada nos EUA. 

A declaração de Putin ocorre poucos dias após a entrada em vigor de uma nova lei que estabelece uma "internet soberana" na Rússia, isolada dos grandes servidores mundiais.

O país também planeja criar um Sistema de Nomes de Domínio (DNS) russo independente em 2021. Isso significa que o governo russo pode deter o controle sobre para quais sites os usuários serão direcionados.

O governo justificou a lei afirmando que a medida visa proteger o país contra ciberataques, desenvolvendo uma arquitetura própria de rede digital.

Desse modo, se asseguraria que a internet russa siga funcionando, mesmo que as operadoras domésticas não consigam se conectar com servidores estrangeiros.

Críticos, no entanto, veem na lei um pretexto para ampliar o controle político. A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) aponta violação de direitos humanos como liberdade de opinião e livre acesso à informação.

Em meados do ano, milhares de cidadãos protestaramcontra a nova lei. Já hoje são bloqueados na Rússia numerosos websites, por exemplo, da oposição. Ativistas temem que no futuro seu país fique digitalmente isolado e que se intensifique a vigilância pelos serviços secretos.

JPS/dpa/ots

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