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Putin reconhece vitória de Biden, e Bolsonaro silencia

15 de dezembro de 2020

Russo era um dos últimos líderes a não parabenizar presidente eleito dos EUA. México e Polônia também saúdam democrata. Após confirmação no Colégio Eleitoral, Biden diz ter chegado a hora de seu país "virar a página".

O presidente eleito dos EUA, Joe Biden
"Nesta batalha pela alma da América, a democracia prevaleceu", disse Biden em discurso depois da confirmaçãoFoto: Susan Walsh/AP Photo/picture alliance

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, parabenizou nesta terça-feira (15/12) o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, por sua vitória nas eleições americanas, e afirmou esperar que seus países possam superar diferenças para promover segurança e estabilidade global.

Putin ainda não havia reconhecido o resultado do pleito nos Estados Unidos, e enviou sua mensagem um dia após o Colégio Eleitoral americano ter confirmado Biden como o próximo presidente do país.

No início de novembro, após Biden ter sido declarado vencedor do pleito, o Kremlin declarou que aguardaria "o fim das disputas políticas internas" antes de parabenizá-lo. O presidente eleito dos Estados Unidos adotou durante a campanha uma posição dura em relação à Rússia, e acusou o país de ter interferido nas eleições de 2016 em benefício do atual presidente americano, Donald Trump.

Putin disse esperar que ele e Biden possam trabalhar juntos pela estabilidade globalFoto: Reuters/A. Druzhinin

Em sua mensagem, Putin desejou a Biden "sucesso" e disse confiar que "Rússia e Estados Unidos, que têm uma responsabilidade especial pela segurança e estabilidade global, possam, apesar de suas diferenças, realmente contribuir para resolver muitos dos problemas e desafios que o mundo enfrenta hoje".

O presidente russo também afirmou que "a cooperação russo-americana baseada nos princípios de igualdade e respeito mútuo são do interesse dos habitantes de ambos os países e de toda a comunidade internacional". "Da minha parte, estou pronto para colaboração e contatos com o senhor", disse Putin.

Trump não reagiu de imediato à decisão do Colégio Eleitoral, mas, em uma aparente tentativa de tirar o foco do assunto, foi ao Twitter logo depois para anunciar que o procurador-geral do país, William Barr, deixará o cargo nos próximos dias. Trump vinha expressando sua insatisfação com Barr nas últimas semanas, devido às questões legais relacionadas com a eleição.

Polônia e México parabenizam, Bolsonaro silencia

O presidente polonês, Andrzej Duda, também enviou mensagem a Biden nesta terça-feira parabenizando-o pela vitória. Assim como Putin, Duda não havia felicitado Biden no início de novembro, após ele ter sido declarado vencedor das eleições. O presidente polonês é um dos líderes mundiais que mantêm uma relação próxima com Trump.

"Após a votação do Colégio Eleitoral, gostaria de parabenizá-lo por ter concluído com sucesso o processo eleitoral para se tornar o 46º presidente dos Estados Unidos, e desejo ao senhor um mandato de muito sucesso", escreveu Duda.

Outro presidente que congratulou Biden foi o mexicano Andrés Manuel López Obrador. Em carta enviada na noite de segunda-feira, Obrador destacou a posição de Biden em relação a imigrantes durante sua campanha, e disse que o México seguirá engajado em promover o desenvolvimento do sudeste do país e em outras nações da América Central.

"Acredito que, dessa forma, ninguém será obrigado a deixar a sua terra de nascimento, e poderá viver, trabalhar e ser feliz com sua família, entre seu povo e sua cultura. (…) Dessa forma, poderemos criar uma solução definitiva para os fluxos migratórios a partir e através do México em direção aos Estados Unidos", escreveu o mexicano.

Ele também fez um alerta implícito para que Biden não se envolva em assuntos internos do México, como em intervenções relacionadas ao tráfico de drogas. Em outubro, o país protestou contra a prisão do ex-secretário da Defesa mexicano Salvador Cienfuegos, dizendo que os americanos não haviam informado os mexicanos sobre as denúncias contra ele. 

"Temos certeza que, com o senhor como presidente dos Estados Unidos, será possível seguir aplicando os princípios básicos de política externa expressos na Constituição [mexicana], especialmente a não intervenção e o direito à autodeterminação", disse Obrador em sua carta a Biden.

Com as mensagens de Putin, Duda e Obrador, o presidente Jair Bolsonaro se torna o último líder de um país relevante a não ter ainda parabenizado Biden por sua vitória, gesto que na linguagem diplomática equivale ao reconhecimento do resultado eleitoral. No dia 29 de novembro, Bolsonaro afirmou que tinha havido fraude nas eleições dos Estados Unidos, sem apresentar provas. 

Nos dois primeiros anos de seu mandato, o presidente brasileiro construiu uma relação de alinhamento automático ao governo Trump, em busca de concessões que mostraram poucos resultados para o Brasil.

Além de Bolsonaro, outro líder que ainda não reconheceu a vitória de Biden é Kim Jong-un, da Coreia do Norte.

"Virar a página"

Em pronunciamento logo após a decisão do Colégio Eleitoral, Biden afirmou que havia chegado a hora de seu país "virar a página".

"Nesta batalha pela alma da América, a democracia prevaleceu", disse Biden em discurso depois da confirmação de sua vitória. "Nós, o povo, votamos. A fé em nossas instituições foi mantida. A integridade de nossas eleições segue intacta."

Biden obteve 306 votos no Colégio Eleitoral. São necessários 270 para vencer a eleição.

O Congresso dos EUA se reunirá em 6 de janeiro para certificar os votos do Colégio Eleitoral. A posse de Biden e de sua vice, Kamala Harris, está agendada para o dia 20 de janeiro.

BL/afp/dpa/ots