Arquivista de Dresden, no leste da Alemanha, encontra documento emitido nos anos 1980 para o então agente da KGB, que exerceu seu trabalho de espionagem baseado na cidade do leste alemão.
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O presidente russo, Vladimir Putin, portou uma cédula de identificação emitida pelo serviço secreto da antiga Alemanha Oriental, a Stasi, até a queda do Muro de Berlim, em 1989, revelou um arquivista da cidade alemã de Dresden nesta terça-feira (11/12).
A identidade, até então desconhecida, foi emitida em 31 de dezembro de 1985 e renovada diversas vezes até o final de 1989. Putin foi agente do serviço secreto soviético KGB nos anos 1980 e serviu na agência russa que o sucedeu, a FSB, no fim dos anos 1990, antes de se tornar presidente, no ano 2000.
Entre 1985 e 1989, Putin exerceu seu trabalho de agente baseado em Dresden, no leste da Alemanha, onde uma de suas filhas nasceu. Detalhes sobre as atividades de espionagem do atual líder russo na cidade são desconhecidos.
A cédula de identidade, que permaneceu despercebida durante décadas nos arquivos da Stasi de Dresden, não significa automaticamente que Putin trabalhou para o serviço secreto da antiga República Democrática Alemã (RDA), aponta o arquivista Konrad Felber, que encontrou o documento.
"Agentes podem dispor de várias identidades", afirmou Felber. "Com o documento, Putin podia entrar e sair sem problemas dos escritórios da Stasi", acrescentou, afirmando que isso lhe deve ter permitido recrutar agentes alemães. "Assim, ele não tinha que revelar a ninguém que trabalhava para a KGB."
O porta-voz de Putin, Dmitri Peskov, admitiu ser possível que Putin tivesse uma identidade da Stasi. "A KGB e a Stasi eram serviços parceiros. Por isso, não se pode descartar que tenha havido um intercâmbio de identidades", disse à agência de notícias russa Tass.
LPF/dpa/afp
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Como a Alemanha Oriental plagiava produtos ocidentais
Jeans, hambúrgueres e meias de nylon eram muito cobiçados na antiga Alemanha comunista (RDA) e eram feitos para atender à vontade dos consumidores – que muitas vezes não gostavam dos produtos.
Foto: Deutsches Hygienemuseum
O Porsche da Saxônia
Muitos cidadãos da ex-República Democrática da Alemanha (RDA), de regime comunista, só podiam admirar os automóveis Trabant nos catálogos, porque demorava anos para fabricá-lo. O carro conhecido como "Porsche da Saxônia" era motivo de piadas. O "Trabi" era inspirado num modelo ocidental, o LLoyd LP 300, de Bremen. A RDA imitava os produtos ocidentais para atender à sede de consumo da população.
Foto: picture-alliance/dpa
O Leste de jeans
A Alemanha Oriental via o jeans como símbolo do Ocidente capitalista. Mesmo assim, em 1978, a RDA comprou um milhão de calças jeans da marca norte-americana Levi's. Os alemães-orientais chegaram a disputar as calças. Por outro lado, os jeans produzidos na RDA costumavam empoeirar nas prateleiras. Os consumidores achavam que o tecido não era autêntico e que a lavagem não tinha o efeito desejado.
Foto: picture-alliance/dpa
Nylon era sucesso na RDA
Em 1972, a fibra DeDeRon era moda, como mostra a modelo na foto. Na RDA, o tecido – que equivalia ao nylon ocidental – fazia sucesso em roupas, meias e aventais. O governo insistia na variante socialista do produto, cujo nome brincava com a abreviatura do nome do país em alemão (Deutsche Demokratische Republik, DDR). Mas as meias de nylon da Alemanha Ocidental eram as preferidas da população.
Foto: picture-alliance/akg-images
Refrigerante socialista
Enquanto os ocidentais matavam a sede com Coca Cola, a RDA oferecia duas alternativas "socialistas" aos cidadãos: Club Cola e Vita Cola. As duas bebidas deveriam ter o gosto do refrigerante norte-americano – uma tarefa que nem o concorrente da Coca Cola, a Pepsi, conseguiu cumprir. Visitantes do Ocidente criticavam o gosto amargo da Vita Cola.
Foto: Gemeinfrei
O hambúrguer do Leste
Em 1982, o Centro de Pesquisas e Racionalização alemão-oriental apresentou o Grilletta, copiando mais um símbolo do estilo de vida ocidental: o hambúrguer. A receita parece conhecida. Corta-se um pão ao meio, coloca-se um bolinho de carne e ketchup. Este último costumava faltar na RDA e era substituído por outro molho.
Foto: picture-alliance/ZB
Adoçando o cotidiano socialista
A "barra doce" tinha apenas 7% de cacau, apesar de parecer uma barra de chocolate. Para compensar a falta da principal matéria-prima do chocolate, a "barra doce" era completada com açúcar, gordura e uma mistura de avelãs e ervilhas. As fábricas de doces na RDA tinham que lutar constantemente contra a falta de ingredientes, ao contrário da concorrência ocidental.
Foto: picture-alliance/ZB
Música e mercado negro
Pelo selo Amiga, a RDA distribuiu as obras de alguns expoentes da música ocidental, como os Beatles. Mas a liderança comunista costumava descrever o rock do Ocidente como "sujeira". Os álbuns distribuídos pela RDA acabaram por ser apenas uma cópia "pobre" dos originais – o que estimulava o mercado negro de discos de vinil.
Foto: picture-alliance/dpa
Acrobacia de palavras
Também a população da Alemanha Oriental gostava de aeróbica, prática que ficou cada vez mais popular nos anos 1980. Mas não se podia usar o termo "aeróbica" porque o nome vinha do Ocidente capitalista, por isso se usava o termo "ginástica pop". Até um tradicional programa de ginástica na televisão da Alemanha Ocidental tinha um equivalente na Alemanha comunista.
Foto: Deutsches Hygienemuseum
Produto encalhado digital
O computador de modelo KC compact, da RDA, é inspirado num produto ocidental, o Amstrad PC da marca Schneider. O desenvolvimento de computadores na RDA era atrasado, comparado com o do Ocidente. Por isso, os engenheiros da RDA copiavam os modelos ocidentais. O KC compact começou a ser produzido em série pouco antes da queda do Muro, em 1989, e por ser plágio ficou nas prateleiras.
Foto: Enrico Grämer
Ostalgia
Os alemães-orientais só podiam comprar produtos ocidentais na rede estatal de lojas Intershop – em troca da moeda alemã-ocidental. Hoje, produtos alemães-orientais têm boa procura e se beneficiam do que os alemães chamam de "ostalgia". Muitos produtos, no entanto, são originais apenas na embalagem, pois se adaptaram a padrões ocidentais. É o caso do teor de cacau na "barra doce", que triplicou.