Foguete de médio alcance norte-coreano explode logo após lançamento, segundo fontes militares americanas e sul-coreanas. Trump diz que, com novo teste, Kim Jong-un desrespeita a China e seu presidente.
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Em desafio às recentes advertências das Nações Unidas e de Washington, Pyongyang realizou neste sábado (29/04), às 5h30 (hora local, 17h30 de Brasília, na sexta-feira) um novo teste de míssil balístico que aparentemente explodiu minutos depois de seu lançamento, segundo fontes militares sul-coreanas e americanas.
"O míssil não deixou o território norte-coreano" e não representou uma ameaça para os Estados Unidos, afirmou o comandante Dave Benham, do Comando do Pacífico dos EUA.
Em reação ao lançamento, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que, com seu novo teste, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, desrespeitou a China.
"A Coreia do Norte não respeitou a vontade da China nem de seu estimado presidente [Xi Jinping] ao lançar hoje, embora sem sucesso, um míssil", disse Trump, em mensagem no Twitter.
O desejo de Pequim, no entanto, parece se dirigir a ambas as partes, quando o ministro do Exterior chinês, Wang Yi, disse: "O uso da força não resolve diferenças e levará somente a desastres maiores." Ele deixou claro que a China não quer ser vista como único árbitro de paz na Ásia Oriental, ao afirmar: "A chave para a resolução da questão nuclear na península não está na mão dos chineses."
Embora Pyongyang já tenha testado vários mísseis, o lançamento deste sábado vem em meio a altas tensões com Washington, considerado que o novo presidente americano assumiu uma linha mais dura frente à Coreia do Norte do que seu antecessor.
Conversas duras na ONU
Em reunião no Conselho de Segurança das Nações Unidas, nesta sexta-feira, diplomatas americanos e japoneses pediram uma ação mais dura frente à provocação norte-coreana.
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"Preferimos muito mais uma solução negociada para este problema, mas estamos comprometidos com a nossa defesa e a de nossos aliados", declarou na ocasião o secretário de Estado americano, Rex Tillerson. Anteriormente, Tillerson havia advertido que a política de "paciência estratégica" de Washington estava chegando ao fim.
"Nos últimos 20 anos, os esforços para desmantelar o programa [nuclear] falharam, acrescentou o secretário de Estado, apelando por sanções econômicas mais fortes. "Com cada teste, a Coreia do Norte empurra a Ásia para um mundo mais próximo de um conflito", constatou Tillerson.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também exortou a Coreia do Norte a "parar imediatamente os testes", afirmando que o grêmio internacional iria "ajudar de qualquer forma possível."
Após o lançamento fracassado do míssil, a Coreia do Sul alertou imediatamente a comunidade internacional que, se não for adotada uma postura mais rígida perante o programa armamentista de Pyongyang, "vamos apenas alimentar ainda mais o regime beligerante" de Kim Jong-un.
O governo japonês também emitiu um comunicado, dizendo que a Coreia do Norte havia violado resoluções da ONU e condenando o teste em termos inequívocos.
CA/ap/afp/rtr/efe/dw
Qual o poder de fogo da Coreia do Norte?
Pyongyang prometeu responder a qualquer provocação militar após EUA sinalizarem disposição de agir contra o regime. Qual a real força desse Exército que desafia potências internacionais?
Foto: Reuters/S. Sagolj
Um dos maiores exércitos do mundo
Com 700 mil homens na ativa e outros 4,5 milhões na reserva, a Corea do Norte pode convocar a qualquer momento um quarto de sua população para a guerra. Todos os homens do país devem passar por algum tipo de treinamento militar e estar sempre disponíveis para pegar em armas. Estima-se que as tropas norte-coreanas tenham superioridade de 2 para 1 em relação à Coreia do Sul.
Foto: Getty Images/AFP/E. Jones
Um arsenal de respeito
Segundo o índice Global Firepower de 2016, o país possui 70 submarinos, 4,2 mil tanques, 458 aviões de combate e 572 aeronaves de outros tipos. Um arsenal bastante considerável. Esta imagem de 2013 mostra o líder Kim Jong-un ordenando que os mísseis do país estivessem prontos para atacar os EUA e a Coreia do Sul a qualquer momento.
Foto: picture-alliance/dpa
Poder balístico
Os mísseis aqui mostrados foram exibidos no desfile do dia 15 de abril de 2017, juntamente a outros que passaram sob o olhar do líder Kim Jong-un. Existe, porém, a suspeita de que muitos eram apenas maquetes para impressionar o mundo. Mesmo assim, a capacidade balística do país asiático não deve ser menosprezada.
Foto: Gettty Images/AFP/E. Jones
Coloridas e maciças demonstrações de força
Todos os anos, milhares de soldados e civis desfilam pelas ruas de Pyongyang em paradas militares. A maior destas, no chamado Dia do Sol, honra a memória de Kim Il-sung, patriarca do clã que governa o país desde sua fundação e avô de Kim Jong-un. Os preparativos para os desfiles espetaculares podem levar vários meses.
Foto: picture-alliance/dpa/KCNA
Testes nucleares
Apesar da pressão internacional, a Coreia do Norte não esconde suas ambições nucleares. Além dos testes com mísseis balísticos, Pyongyang realizou em cinco ocasiões os chamados ensaios nucleares, duas vezes apenas em 2016. O país sustenta que a última ogiva a ser testada pode ser lançada de um foguete, algo que especialistas consideram pouco provável. Ao menos até o momento.
Foto: picture-alliance/dpa/KCNA
Unidades femininas
Do contingente militar norte-coreano, 10% é composto por mulheres. Elas servem em unidades especiais diferenciadas e devem prestar serviços ao exército por até sete anos, segundo uma lei aprovada em 2003. É possível ver algumas delas patrulhando as ruas com sapatos de salto alto.
Foto: picture-alliance/AP Photo/W. Maye-E
Os inimigos de Pyongyang
Além dos EUA, a Coreia do Norte também considera como grandes inimigos a Coreia do Sul e o Japão. Pyongyang vê os exercícios militares americanos na Península da Coreia como uma ameaça à sua população, afirmando se tratar de uma preparação para uma iminente invasão de seu território.
Foto: Reuters/K. Hong-Ji
Preparação permanente
As Forças Armadas norte-coreanas treinam permanentemente em frentes distintas para estar prontas para o combate. O legado da Guerra da Coreia, que dividiu a península em dois países ainda unidos por um passado comum, é sentido até os dias de hoje. Na imagem, desembarque de embarcações anfíbias de unidades navais em local desconhecido na Coreia do Norte.
Foto: Reuters/KCNA
Fim da paciência americana?
Em abril de 2017, os Estados Unidos disseram ter enviado o porta-aviões Carl Vinson (foto) à Península da Coreia, sinalizando possíveis medidas contra Pyongyang. A Coreia do Norte afirmou estar pronta para qualquer tipo de guerra. Fontes de serviços de inteligência afirmam que os norte-coreanos estão a menos de dois anos de conseguir obter poder suficiente para lançar mísseis contra os EUA.