Quênia ameaça não ir aos Jogos do Rio devido ao zika
9 de fevereiro de 2016
Comitê olímpico do país africano, onde estão alguns dos maiores corredores de média e longa distância do mundo, cobra medidas dos organizadores. "Eles terão que garantir que o Brasil é seguro para receber atletas."
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O Comitê Olímpico do Quênia disse nesta terça-feira (09/02) que estuda não enviar atletas ao Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos devido ao atual surto do vírus zika no Brasil.
O Quênia possui alguns dos maiores corredores de média e longa distâncias do mundo. Nos Jogos de 2012, em Londres, o país conseguiu 11 medalhas, todas no atletismo. No Mundial da categoria no ano passado, os quenianos lideraram o quadro de medalhas.
"Obviamente, nós não vamos nos arriscar a levar quenianos [para o Brasil] caso o vírus zika atinja níveis epidêmicos", disse o presidente do comitê, Kipchoge Keino, à agência de notícias Reuters. "Eles terão que nos garantir que o país é suficientemente seguro para receber atletas."
Keino, que é ex-atleta e medalhista olímpico, afirmou que o Quênia está em contato com os organizadores dos Jogos e que já deixou claro a eles suas preocupações.
"Nós já deixamos claro que, se não limparem os locais desta doença potencialmente perigosa, nós não iremos para lá", disse. "Mas se eles garantirem que as coisas estão em ordem e que não há risco para os participantes, nós iremos."
Paes descarta risco
Na segunda-feira, foi noticiado que o Comitê Olímpico dos Estados Unidos (Usoc) teria deixado na mão dos atletas a decisão de participar ou não dos Jogos, devido ao surto de zika. O Usoc, porém, negou ter incentivado qualquer esportista do país a não ir ao Rio.
"As notícias que indicam que o Comitê Olímpico dos Estados Unidos aconselhou seus atletas a reconsiderarem sua participação nas Olimpíadas do Rio, devido ao vírus zika, são 100% inexatas", disse o porta-voz do Usoc, Patrick Sandusky.
Na última sexta-feira, em entrevista coletiva, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, disse que não acredita que a ocorrência do vírus possa comprometer os Jogos de 2016, que começam em agosto. Ele garantiu que medidas para conter o alastramento da doença estão sendo executadas pelo Poder Público, tanto em nível municipal quanto federal.
“Não acho que haverá impacto [nos Jogos Olímpicos], principalmente porque nesta época do ano [agosto] é a estação de seca, no inverno, e não temos histórico de ação do mosquito nesse período. A pior parte do ano é o verão, mas estamos tomando as devidas precauções”, disse Paes, em resposta à pergunta de uma jornalista estrangeira.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência sanitária mundial por causa do elevado número de casos de microcefalia e outras complicações neurológicas no Brasil, possivelmente relacionados ao vírus zika.
A OMS afirma que o vírus zika está se espalhando de forma "explosiva" e pode infectar até 4 milhões de pessoas em todo o continente americano. O vírus é transmitido por mosquitos, principalmente o Aedes aegypti.
Os 10 vírus mais perigosos do mundo
Embora a covid-19 seja muito contagiosa, sua taxa de mortalidade é relativamente baixa em comparação com esses dez vírus.
Foto: picture-alliance/dpa
Vírus de Marburg
O vírus mais perigoso do mundo é o Marburg. Ele leva o nome de uma pequena cidade alemã às margens do rio Lahn, onde o vírus foi documentado pela primeira vez. O Marburg provoca febre hemorrágica e, assim como o ebola, causa convulsões e sangramentos das mucosas, da pele e dos órgãos. A taxa de mortalidade do vírus chega a 88%.
Foto: Bernhard-Nocht-Institut
Ebola
O vírus do ebola foi descoberto em 1976 na República Democrática do Congo por uma equipe de pesquisadores belgas. A doença foi batizada com o nome do rio que passa pelo vilarejo onde ela foi identificada pela primeira vez. Ele pode ocorrer em cinco cepas distintas, denominadas de acordo com países e regiões na África: Zaire, Sudão, Bundibugyo, Reston, Floresta de Tai. A cepa Zaire é a mais fatal.
Foto: Reuters
Hantavírus
O hantavírus descreve uma ampla variedade de vírus. Assim como o ebola, ele também leva o nome de um rio – neste caso, onde soldados americanos foram os primeiros a se infectarem com a doença durante a Guerra da Coreia, em 1950. Os sinais são doenças pulmonares, febre e insuficiência renal.
Foto: REUTERS
Gripe aviária
Com uma taxa de mortalidade de 70%, o agente causador da gripe aviária espalhou medo durante meses. Mas o risco real de alguém se infectar com o vírus H5NI é muito baixo. Os seres humanos podem ser contaminados somente através do contato muito próximo com as aves. Por esse motivo, a maioria dos casos ocorre na Ásia, onde pessoas e galinhas às vezes vivem juntas em espaço pequeno.
Foto: AP
Febre de Lassa
Uma enfermeira na Nigéria foi a primeira pessoa a se infectar com o vírus Lassa. A doença é transmitida aos humanos através do contato com excrementos de roedores. A febre de Lassa ocorre de forma endêmica na África Ocidental, como é o caso, atualmente, mais uma vez na Nigéria. Pesquisadores acreditam que 15% dos roedores dali sejam portadores do vírus.
Foto: picture-alliance/dpa
Junin
O vírus Junin é associado à febre hemorrágica argentina. As pessoas infectadas apresentam inflamações nos tecidos, hemorragia e sépsis, uma inflamação geral do organismo. O problema é que os sintomas parecem ser tão comuns que a doença raramente é detectada ou identificada à primeira vista.
Crimeia-Congo
O vírus da febre hemorrágica Crimeia-Congo é transmitido por carrapatos. Ele é semelhante ao ebola e ao Marburg na forma como se desenvolve. Durante os primeiros dias de infecção, os doentes apresentam sangramentos na face, na boca e na faringe.
Foto: picture-alliance/dpa
Machupo
O vírus Machupo está associado à febre hemorrágica boliviana. A infecção causa febre alta, acompanhada de fortes sangramentos. Ele desenvolve-se de maneira semelhante ao vírus Junin. O Machupo pode ser transmitido de humano para humano, e é encontrado com frequência em roedores.
Foto: picture-alliance/dpa/Marks
Doença da floresta de Kyasanur
Cientistas descobriram o vírus da floresta de Kyasanur na costa sudoeste da Índia em 1955. Ele é transmitido por carrapatos, mas supõe-se que ratos, aves e suínos também possam ser hospedeiros. As pessoas infectadas apresentam febre alta, fortes dores de cabeça e musculares, que podem causar hemorragias.
Dengue
A dengue é uma ameaça constante. Transmitida pelo mosquito aedes aegypti, a doença afeta entre 50 e 100 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. O vírus representa um problema para os dois bilhões de habitantes que vivem nas áreas ameaçadas, como Tailândia, Índia e Brasil.