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Quais são os progressos do Acordo Verde Europeu?

Ajit Niranjan
31 de maio de 2023

Com o objetivo de zerar as emissões de gases do efeito estufa até 2050, União Europeia implementa políticas para limpar sua economia.

Desenho de usinas de carvão ao lado de parque eólico

Em um esforço para tentar conter o aquecimento global, a União Europeia (UE) prometeu em 2019 se tornar o primeiro continente a atingir a neutralidade climática até 2050 – ao zerar o nível de emissões líquidas de carbono. Apesar da pandemia de covid-19 e da guerra na Ucrânia, que provocou uma crise energética, os parlamentares europeus continuam pressionando por políticas para reduzir a poluição.

Algumas metas do Acordo Verde Europeu já foram transformadas em lei e outras estão em discussão. Os parlamentares deram um toque verde aos pacotes de ajuda para o combate aos efeitos da pandemia e rasgaram regras que bloqueavam projetos de energia limpa.

"A covid não matou o Acordo Verde Europeu. Na verdade, ela o fortaleceu", avalia Pieter de Pous, analista baseado em Berlim da think tank climática E3G.

Se a União Europeia conseguir limpar a sua economia, poderá servir de modelo para poluidores dos Estados Unidos até a China, além de mostrar para os países da África e da Ásia que um dos emissores mais ricos do mundo leva a sério as mudanças climáticas.

Mas quão próximo está a UE de atingir suas metas? E quão longe ainda precisa ir?

Junto com os parceiros da Rede Europeia de Jornalismos de Dados, a DW acompanha os progressos em cinco setores-chave. Essa reportagem será atualizada regularmente à medida que novos dados forem disponibilizados.

Redução das emissões de gases do efeito estufa

Desde 1990, a União Europeia reduziu em cerca de 30% as emissões anuais de gases de efeito estufa. O bloco pretende agora cortar essas emissões em 57% em relação a aqueles níveis até o fim da década.

"A verdade honesta é que o mundo não está no caminho para conter o aumento da temperatura em 1,5°C. Precisamos de mais ambição", afirmou o vice-presidente da Comissão Europeia e arquiteto do Acordo Verde, Frans Timmermans, em novembro de 2022.

Apesar da declaração, a última meta da UE fica aquém dos cortes necessários para honrar a promessa de manter o aquecimento global a 1,5°C até o final do século. O projeto Rastreador de Ações Climáticas, que envolve duas organizações de pesquisa ambiental, descobriu que as emissões deveriam cair pelo menos cinco pontos percentuais, em um total de mais de 62%. As políticas atuais dos países do bloco parecem destinadas a reduzir as emissões em apenas de 36% a 47%.

Mais energia renovável

A União Europeia obtém 22% de sua energia de fontes renováveis. No ano passado, apresentou um plano para expandir para 40% até o final da década. Depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, a Comissão Europeia elevou novamente a meta para 45%. Esse objetivo implica num impulso forte e rápido para pressionar atividades elétrica poluentes e limpar a geração de energia do continente.

A proposta já passou por duas rodadas burocráticas legais, mas ainda precisa ser aprovada pelos países membros, que fazem lobby para manter a meta em 40%.

A União Europeia tem buscado fontes de energia para substituir o gás russo, depois de o presidente Vladimir Putin decidir invadir a Ucrânia e fechar os gasodutos. Países como a Alemanha, a maior economia do bloco, reativaram usinas de carvão, assinaram acordos de longa data com produtores de gás na África e Oriente Médio, e construíram terminais para receber carregamentos de gás natural liquefeito do exterior.

Ao mesmo tempo, a Alemanha e outros países da UE prometeram expandir as fontes de energia renováveis e facilitar para as empresas fazerem o mesmo.

Embora analistas esperem um aumento na poluição devido ao aumento da queima de carvão, eles estão mais preocupados com os planos para a construção de novas infraestruturas de gás, que poderiam manter as emissões por décadas. Isso poderia colocar em risco a meta de ampliar a energia verde para 45% até 2030.

Painéis solares e turbinas eólicas

A indústria espera que a União Europeia construa a infraestrutura para 220 GW de energia solar e 92 GW de energia eólica nos próximos quatro anos, apoiada pela queda no preço de energia renovável. Isso é mais do que o esperado em alguns cenários para limitar o aquecimento global a 1,5°C, segundo a think tank de Londres Ember, que modelou caminhos para atingir essa meta.

"Para sair desta crise, precisamos influxo maciço de energia renovável local e confiável", afirma a analista solar da Ember, Harriet Fox. "Se a UE está levando a sério a expansão de energia renovável, não há nenhuma razão para que as metas da indústria não possam ser alcançadas."

A perspectiva para a indústria eólica é menos otimista do que para a solar, devido ao longo tempo de aprovação das licenças para a construção de parques eólicos. Em novembro, os países da UE concordaram em reduzir os prazos para a concessão de licenças. Isso significa que eles podem pular parte da burocracia para avaliar os impactos ambientais do projeto, acelerando assim o tempo entre planejamento e construção.

Aquecimento de casas sem queima de gás

A União Europeia planeja também modernizar mais edifícios que funcionariam com 49% de energia renovável até 2030. Em uma proposta, a Comissão Europeia defendeu a colocação de países solares em novos edifícios públicos e comerciais a partir de 2027 e nos já existentes a partir de 2028. Também pretende estabelecer meta semelhante para construções residenciais a partir de 2030.

Além de construir infraestrutura para a produção de energia limpa, a União Europeia teria que eletrificar sistemas que funcionam com a queima de combustíveis fósseis, como o aquecimento de casas. Uma das maneiras mais eficiente para se fazer isso é trocar os aquecedores a gás por bombas de calor elétricas.

Modelos da Comissão Europeia mostram que a quantidade de calor gerado por bombas movidas com energia renovável teria que praticamente triplicar até o fim da década. Uma análise preliminar do Projeto de Assistência Regulatória, uma ONG global que trabalha para descarbonizar edifícios, indicou que o ritmo de instalações precisaria quase que dobrar.

Embora os preços elevados do gás tenham aumentado a demanda por bombas de calor, a falta de técnicos para a instalação conteve a mudança.

Dirigir carros sem queimar combustíveis fósseis

A Comissão Europeia pretende cortar as emissões médias de CO2 de carros novos em 55% até 2030, antes de zerá-las até 2035. Essa seria uma das correções mais fáceis para limpar os transportes – o único setor onde a poluição aumenta constantemente. As emissões de gases do efeito estufa no transporte cresceram 15% em 2021 em relação às medidas em 1990.

Alguns países europeus, como Alemanha e Itália, porém, recuaram nesta meta. Especialistas afirmam que essa meta é realista, ainda que modesta. A participação de veículos elétricos nas vendas de carros novos na União Europeia pulou de 11% em 2002 para 18% em 2021.

Se mais trajetos de carro fossem feitos de trens, ônibus ou a pé, as emissões de transportes poderiam cair ainda mais rápido.

Agricultura com menos emissões

A União Europeia fez pouco progresso na redução das emissões na agricultura, que é responsável por 10% das emissões de gases de efeito estufa do bloco. Esses vêm de várias formas e de diferentes fontes: metano de flatulência e arrotos de vaca, óxido nitroso de fertilizantes e ambos do estrume.

Dois terços das emissões agrícolas da UE vêm de animais. O bloco planeja investir em aditivos alimentares sustentáveis, que podem reduzir as emissões de metano, além da quantidade de soja produzida em terras desmatadas para alimentar o gado. No entanto, segundo o bloco, a redução dessas emissões depende também uma mudança na dieta alimentar dos humanos.

Esse projeto é uma colaboração entre vários veículos da Rede Europeia de Jornalismo de Dados. Liderado pela DW, o projeto tem como parceiros o Openpolis, Pod Crto, Denik Referendum e VoxEurop.

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