Qual a diferença entre bomba de hidrogênio e bomba atômica?
4 de setembro de 2017
Saiba quais são as características fundamentais da bomba termonuclear, que a Coreia do Norte diz ter testado, e da bomba atômica – duas das armas mais destrutivas da história.
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A Coreia do Norte anunciou no último fim de semana ter realizado um teste com uma bomba de hidrogênio, também conhecida como bomba termonuclear, se distanciando assim de seus experimentos com armas nucleares de primeira geração. Mas qual a diferença entre uma bomba atômica e a bomba de hidrogênio ou bomba H, mais avançada?
A diferença fundamental entre uma bomba de hidrogênio e uma bomba atômica é o processo de detonação. Em bombas atômicas, como as que foram detonadas em Nagasaki e Hiroshima em 1945, o poder explosivo resulta da liberação repentina de energia após a separação (fissão) dos núcleos de um elemento químico pesado, como o plutônio. Esse procedimento é conhecido como fissão nuclear.
Anos após a primeira bomba atômica ser desenvolvida no estado americano do Novo México, os Estados Unidos criaram uma arma que tinha como base a tecnologia da bomba atômica, mas que expandiu o processo de detonação para criar uma explosão mais forte. Essa arma é conhecida como bomba termonuclear, bomba de hidrogênio ou bomba H.
O processo de detonação de uma bomba termonuclear inclui várias etapas, começando com a detonação de uma bomba atômica. A primeira explosão gera temperaturas de milhões de graus, criando energia suficiente para forçar a aproximação de seus dois núcleos leves, combinando-os num segundo estágio conhecido como fusão nuclear – no caso, de isótopos de hidrogênio.
Forma
Segundo especialistas, a bomba mais recente da Coreia do Norte demonstra uma clara diferença em relação às armas anteriores e possui uma câmara que sugere uma bomba de hidrogênio de duas etapas.
"As imagens mostram uma forma mais completa de uma possível bomba de hidrogênio, com uma bomba primária de fissão e um segundo estágio de fusão conectados em forma de ampulheta", disse Lee Choon-geun, pesquisadora do Instituto de Políticas de Ciência e Tecnologia da Coreia do Sul.
Potência
A potência destrutiva de uma bomba termonuclear pode ser de centenas a milhares de vezes maior que a de uma bomba atômica.
O poder explosivo de uma bomba atômica frequentemente é medido em quilotoneladas (kt), ou mil toneladas de trinitrotolueno (TNT), enquanto as explosões de bombas termonucleares são geralmente medidas em megatoneladas, ou o equivalente a uma detonação de um milhão de toneladas de TNT.
Os ataques nucleares a Hiroshima e Nagasaki
Ataques às duas cidades japonesas em 1945 são os únicos casos de emprego de armas atômicas numa guerra.
Foto: Kazuhiro Nogi/AFP/Getty Images
O primeiro ataque
Em 6 de agosto de 1945, o avião Enola Gay lançou, sobre Hiroshima, a primeira bomba nuclear da história. A bomba carregava o inocente apelido de "Little Boy". A cidade tinha então 350 mil habitantes. Um em cada cinco morreu em questão de segundos. Hiroshima foi praticamente varrida do mapa.
Foto: Three Lions/Getty Images
O Enola Gay
O ataque a Hiroshima estava planejado para acontecer em 1 de agosto de 1945, mas teve que ser adiado devido a um tufão. Cinco dias depois, o Enola Gay partiu com 13 tripulantes a bordo. A tripulação só ficou sabendo durante o voo que lançariam uma bomba atômica.
Foto: gemeinfrei
O segundo ataque
Três dias depois do ataque a Hiroshima, os americanos lançaram uma segunda bomba, sobre Nagasaki. A cidade de Kokura era o alvo original do ataque, mas o tempo nublado fez com que os americanos mudassem seus planos. A bomba apelidada de "Fat Man" tinha uma potência de 22 mil toneladas de TNT. Estima-se que 70 mil pessoas morreram até dezembro de 1945.
Foto: Courtesy of the National Archives/Newsmakers
Alvo estratégico
Em 1945, Nagasaki era sede da Mitsubishi, então fábrica de armas responsável por desenvolver os torpedos usados no ataque a Pearl Harbor. No entanto, apenas alguns soldados japoneses estavam baseados na cidade. A má visibilidade não possibilitou um ataque direto contra os estaleiros da fábrica.
Foto: picture-alliance/dpa
As vítimas
Durante meses após os ataques, dezenas de milhares de pessoas morreram por causa dos efeitos das explosões. Somente em Hiroshima, até o fim de 1945, 60 mil pessoas morreram por conta da radiação, de queimaduras e outros ferimentos graves. Em cinco anos, o número estimado de vítimas dos dois bombardeios atômicos é de 230 mil pessoas.
Foto: Keystone/Getty Images
Terror no fim da guerra
Depois de Hiroshima e Nagasaki, muitos japoneses temeram um terceiro ataque, a Tóquio. O Japão declarou então sua rendição, pondo fim à Segunda Guerra também na Ásia. O então presidente americano, Harry Truman, ordenou os bombardeios. Ele estava convencido de que essa era a única maneira de acabar com a guerra rapidamente. Para muitos historiadores, no entanto, os ataques foram crimes de guerra.
Foto: AP
A reconstrução
Devastada, Hiroshima foi reconstruída do zero. Apenas uma ilha, no rio Ota, foi mantida e se tornou o Parque Memorial da Paz. Hoje, há uma série de memoriais: o Museu Memorial da Paz de Hiroshima; a Estátua das Crianças da Bomba Atômica; as Ruínas da Indústria e Comércio; e a Chama da Paz, que vai permanecer acesa até a última bomba atômica do planeta ser destruída.
Foto: Keystone/Getty Images
Contra o esquecimento
Desde 1955, o Museu da Bomba Atômica e o Parque da Paz de Nagasaki prestam homenagem às vítimas dos ataques. No Japão, a reverência às vítimas desempenha um grande papel na cultura e na identidade nacional. Hiroshima e Nagasaki se tornaram símbolos mundiais dos horrores das armas nucleares.
Foto: Getty Images
Dia para relembrar
Desde os ataques de agosto de 1945, as pessoas em todo o mundo lembram as vítimas dos bombardeios atômicos. Em Hiroshima, acontece anualmente um memorial. Sobreviventes, familiares, cidadãos e políticos se reúnem para um minuto de silêncio. Muitos japoneses estão engajados contra o desarmamento nuclear.