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Dia do Trabalho

Friederieke Schulz (rr)1 de maio de 2007

Antigamente, quando os setores primário e secundário empregavam mais que a área de prestação de serviços, o 1º de Maio era um grande acontecimento. Mas esse tempo passou. Na Alemanha, ele é antes de tudo um feriado.

Protestos cada vez mais silenciososFoto: AP

Cerca de 100 funcionários da seguradora Allianz se reuniram no centro de Colônia para protestar. "Mãe Allianz rejeita seus filhos!", dizia um de seus cartazes. Muitos seguravam a bandeira do sindicato do setor de serviços Ver.di.

Há um ano, quando foram informados do corte de 7.500 vagas, eles ficaram chocados. Nunca um funcionário de uma seguradora alemã teve que temer por seu emprego. Uma vaga no setor era tida há décadas como um emprego bem pago e vitalício.

Bons velhos tempos

Esses empregados nunca tiveram motivo para ir às ruas ou mesmo se afiliar a um sindicato, explica a presidente do Conselho de Empresa da Allianz, Gabriele Burghard-Berg. "Eu mesma estou há 30 anos na empresa e um dia já tive orgulho da maneira justa como me tratavam como funcionária, da forma como o desempenho era recompensado, e por trabalhar numa firma na qual o ser humano era valorizado. Isso, pelo que parece, passou."

Pela primeira vez na vida, Gabriele Burghard-Berg e seus colegas têm que lutar pelo seu emprego e isso inclui empunhar a bandeirinha da Confederação Alemã de Sindicatos (DGB) durante os protestos de 1º de maio.

Quando o caso é sério…

Até um ano atrás, apenas 15% do total de funcionários da Allianz era afiliado ao sindicato Ver.di. Porém, desde que ficou claro que nem mesmo a seguradora está a salvo dos cortes de pessoal, esse número aumenta a cada dia. E, segundo Wolfgang Uellenberg, diretor regional da DGB, um movimento semelhante pode ser observado nos demais setores.

"No momento em que as pessoas percebem que o que está em jogo é seu dinheiro, seu trabalho, elas se afiliam a um sindicato." Especialmente entre jovens, mulheres e profissionais em regime integral cresce o total de membros, conta Uellenberg.

No entanto, o que ele não menciona é o fato de que a organização perdeu cinco milhões de afiliados desde o começo dos anos 90 e de que hoje apenas 20% dos trabalhadores alemães estão organizados em sindicatos.

Comida e diversão

Uellenberg não perde o ânimo e rejeita a idéia de que os sindicatos tenham perdido o significado. Só o grande interesse pelos tradicionais protestos de 1º de Maio já mostra que os alemães depositam grande esperança nos sindicatos, argumenta.

Mas ele próprio admite que, de ano em ano, os discursos ficam mais parcos, pois as pessoas só vêm para tomar cerveja e se divertir. Tendência, aliás, que a DGB acompanhou, transformando a data em uma festa popular, com rifas e shows.

A era dos discursos patéticos ficou para trás, lamenta Uellenberg, relembrando com nostalgia os velhos tempos. Como os anos 50, por exemplo, quando o 1º de Maio era um feriado político no qual os sindicatos protestavam pela reunificação alemã.

Feriado usurpado

A história do feriado de 1º de Maio é cheia de vicissitudes, inseparável da história do movimento sindical no qual tem sua origem. Na época imperial, centenas de milhares protestavam pela jornada de oito horas e pelo direito de se agrupar em sindicatos.

Os nazistas por sua vez, usurparam o Dia do Trabalho como instrumento de propaganda para fazer discursos demagógicos e inflamados, motivo pelo qual neonazistas até hoje gostam de protestar no 1º de Maio.

Também na antiga República Democrática Alemã (RDA) apenas aparentemente o dia era dedicado à luta pelos direitos do trabalhador. Tratava-se de um feriado garantido pelo Estado, no qual todos os empregados deveriam dar sua palavra de honra de que produziriam mais. Como no modelo soviético, o evento assemelhava mais a uma parada militar que um protesto voluntário.
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