Em Berlim está cada vez mais difícil encontrar moradia. Sites de anúncios imobiliários notam aumento de oferta incomum: aluguel de quartos em repúblicas em troca de sexo. Exigência não é crime.
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O fenômeno do isolamento em grandes metrópoles é comum no mundo todo: não importa a cultura ou o país, sempre haverá aqueles que se sentem sozinhos, apesar de estarem cercados por multidões. Em Berlim, o encontro da solidão com a crise imobiliária gerou uma reação inusitada.
Anúncios de quartos para alugar em troca de sexo aparecem com mais frequência em plataformas imobiliárias digitais. Assim como a busca por um apartamento, a procura por um quarto numa república em Berlim se tornou nos últimos anos uma tarefa árdua e, muitas vezes, frustrante até a obtenção de uma resposta positiva.
Nos anúncios, os inquilinos costumam ser bastante claros em relação aos seus estilos de vida e às expectativas que têm sobre os futuros colegas de apartamento. "Busco alguém que não goste de música eletrônica, não seja racista, não seja fanático religioso, não tenha problemas psicológicos, não tome antidepressivos, não use drogas, não faça artes marciais e seja heterossexual", destacava um dos anúncios.
Alguns buscam apenas dividir a moradia com pessoas que gostem de animais, vegetarianos, ou que estejam dispostos a cozinhar juntos de vez em quando. Outros já são bem específicos: um dos anúncios ressaltava que os moradores da república gostavam de práticas sexuais não convencionais e, por isso, buscavam dividir o apartamento com pessoas que não se incomodem com isso. A grande maioria pede aos interessados que mandem fotos ou o link do perfil no Facebook.
Até aí, tudo dentro do habitual, por mais estranho que pareça para alguns. Mas recentemente uma reportagem da emissora Radio Eins revelou um aumento dos anúncios de oferta de aluguel em troca de sexo. Certo inquilino destacava que, além dos 370 euros mensais pelo quarto de 40 metros quadrados, o aluguel previa também fazer sexo uma ou duas vezes por semana. Ele ainda buscava uma mulher magra, jovem e simpática para dividir o apartamento.
Páginas de aluguel na internet costumam apagar esse tipo de anúncio quando são denunciados por usuários. Segundo especialistas entrevistados pela emissora, a troca de moradia por sexo, porém, não é ilegal se não configurar coerção. Ou seja, se o acordo for firmado de livre e espontânea vontade, não há problema algum.
A reportagem destacou que, moralmente, esse tipo de anúncio é reprovável, mas não é suficiente para um processo criminal, mesmo argumentando que a tensa crise de moradia em Berlim possa levar uma pessoa a aceitar essa situação por medo de não encontrar um lugar para morar.
Diante do aumento desse tipo de anúncio, alguns inquilinos, principalmente homens que buscam mulheres para dividir o apartamento, vêm se precavendo. Um deles, por exemplo, dizia procurar mulheres porque já havia morado com outros homens e estava cansado de tanta bagunça. Outro ressaltava que era discreto e não dava em cima de colegas de apartamento. "Com amigas que você trará, sou mais descontraído, e se você tiver interesse em mim, como solteiro no momento, eu provavelmente não recusaria", concluía o texto.
Clarissa Neher trabalha como jornalista freelancer para a DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
A primeira linha subterrânea para transporte público na Alemanha foi inaugurada em 1902, em Berlim, cerca de 40 anos depois de a primeira do mundo ser aberta em Londres. Os alemães chamam o metrô de U-Bahn.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Kalker
Berlim, pioneira na Alemanha
No dia 15 de fevereiro de 1902, foi inaugurado o metrô berlinense, partindo da estação da Praça de Postdam em direção à estação Stralauer Tor. Três dias depois, o meio de transporte foi aberto ao público. Até dezembro do mesmo ano, foram abertas nove estações na rede metroviária. Na Alemanha, o trem subterrâneo chama-se Untergrundbahn ou U-Bahn.
Foto: Imago/G. Leber
Londres, primeiro metrô do mundo
Em 1863, começaram a circular os metrôs em Londres, na época, locomotivas a vapor. Como a fumaça incomodava os passageiros, a linha foi encerrada precocemente. Em 1890, os túneis da capital londrina foram eletrificados. Em Paris, a primeira linha da rede de metrô foi inaugurada em 1900. O Chemin de Fer Métropolitain (caminho de ferro metropolitano) deu origem à abreviatura no português, metrô.
Foto: picture-alliance/Heritage-Images
Da Berlim Ocidental à Oriental
O metrô de Berlim, primeiro trem subterrâneo da Alemanha, cresceu com a expansão de seus trilhos, que inicialmente percorriam pouco mais de 10 quilômetros. Ele sobreviveu a duas guerras mundiais e o Muro de Berlim. Durante a divisão da cidade, o trem só chegava ao lado oriental, comunista, após inspeções rigorosas. A segurança foi redobrada, para evitar que alemães do leste fugissem para o oeste.
Foto: DW/Kate Brady
Hamburgo
A eficiência dos trens elétricos em Berlim inspirou a cidade portuária de Hamburgo, que inaugurou sua rede ferroviária subterrânea em 15 de fevereiro de 1912. Por causa do rio Elba, no entanto, grande parte da malha foi construída sobre viadutos e aterros.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Marks
Colônia e outras
Em outras grandes cidades alemãs, o metrô subterrâneo foi introduzido após a Segunda Guerra, por conta da reconstrução dos centros urbanos. A Stuttgart, ele chegou em 1966; a Essen, em 1967; e a Frankfurt e Colônia, em 1968. Na foto, a escada rolante da estação de metrô Heumarkt, em Colônia.
Foto: Imago/blickwinkel/S. Ziese
Munique
À capital da Baviera, o sistema de metrô subterrâneo só chegou na década de 1970. Inicialmente ele estava previsto para ser inaugurado em 1974, mas, devido aos Jogos Olímpicos de 1972, começou a funcionar já em 1971. Na foto, a estação Münchner Freiheit, decorada pelo designer e artista alemão Ingo Maurer, com espelhos no teto e luzes azuis.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Warmuth
A rede mais longa do mundo
Desde dezembro de 2017, a mais extensa malha metroviária do mundo é a de Xangai, na China, com 637 quilômetros. Na Alemanha, a maior rede de metrô é a de Berlim, com 144 quilômetros, 12ª colocada no ranking mundial.
Foto: Imago/Xinhua/D. Ting
O mais longo trecho subterrâneo
A mais longa linha subterrânea da Alemanha é a U7 (foto), de Berlim, com 31,8 km. Já a linha de metrô mais longa, que corre embaixo e sobre o solo, é a linha U1 em Hamburgo, com 55,8 km. Em termos de inclinação, a linha U3, entre Frankfurt e Hohemark, supera uma altura de 204 metros.
Foto: Imago/R. Peters
Bunker de guerra
Estações de metrô especialmente profundas sob o solo foram construídas nos antigos países socialistas durante a Guerra Fria, para servirem também de abrigo numa eventual guerra nuclear. O recorde mundial de profundidade é a estação de metrô Arsenalna, em Kiev, na Ucrânia, com 105,5 metros. Na foto, a escada rolante de uma estação de metrô em São Petersburgo.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Brandt
A estação alemã mais profunda
Já nos países ocidentais, os metrôs não são tão profundos devido a questões arqueológicas (Atenas e Roma) ou geológicas (Oslo e Washington). A estação mais profunda da Alemanha é a Messehallen, em Hamburgo, 26 metros abaixo do solo. Também suas escadas-rolantes são recorde alemão, com 22 metros de extensão.