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'Hi-tech' e sustentável

14 de março de 2009

Um carro com zero emissão de CO2, plástico biodegradável, elevadores inteligentes, roupas feitas de materiais reciclados. Assim poderá ser o futuro – como indicam as inovações apresentadas na Ecogerma.

Paul, o carro que estaciona sozinho, é atração da feira em São PauloFoto: DW / Dias Carneiro

Um dos motes da Ecogerma, feira e congresso de tecnologias sustentáveis em São Paulo, é perguntar como será o mundo em 2050. Um passeio pelos estandes da feira deixa espaço para muito mais otimismo do que filmes de ficção científica, como O Exterminador do Futuro.

As propostas aqui apresentadas lembram constantemente que tecnologia não é sinônimo de progresso destrutivo, pelo contrário: pode se tornar cada vez mais limpa e mais eficiente, ainda mais se guiada pela filosofia da sustentabilidade.

Emissão zero, estacionamento automático

Tome-se, por exemplo, a indústria automobilística. Um observador que passar pelos enormes estandes da Volkswagen e da Audi pode se perguntar desde quando carros são exemplo de não-poluição. Em seguida, porém, pode se surpreender ao ver um carro que promete levar as emissões de CO2 a zero.

É o protótipo Tiguan HyMotion, da Volkswagen – um carro movido a hidrogênio e que só emite vapor d'água na reação química que gera eletricidade para o motor. A tecnologia ainda está sendo aprimorada pela empresa, mas é uma aposta para daqui a dez, 15 anos.

O mesmo acontece com o Paul, apelido do Passat desenvolvido com a VW para solucionar um dos problemas da grande cidade, leia-se: estacionamento. A dificuldade de entrar em vagas cada vez mais apertadas, sujeito a amassos e arranhões, pode ser superada graças a quatro câmaras, 10 sensores e um complexo sistema de computadores embutido no carro.

Basta o motorista sair do carro e apertar um botão que o Paul manobra, entra na vaga, tranca as portas e fica quietinho, sem ter travado qualquer contato físico com os veículos vizinhos. Na feira, as demonstrações dele entrando numa vaga perpendicular depois que o motorista saía do carro e apertava um botão arrancaram um “Oooooh!”s da platéia.

Um carro ligado na tomada

Jan Ebersold, diretor da Audi, ao lado do A1Foto: DW / Dias Carneiro

Na Audi, a novidade é o A1, um carro híbrido – ou seja, com um motor a combustível e outro elétrico, sendo que este último pode ser carregado na tomada. O veículo consome 15% a menos de combustível, mas ainda não está disponível no mercado.

O A1 ainda é um carro-conceito, e o exemplar exibido no Brasil, que custou 2,8 milhões de euros, é o único no mundo. Assim como os dois protótipos da Volks, foi a primeira vez que o A1 foi visto no Brasil, confirmando o lema da Ecogerma – “A Alemanha já viu. Chegou a vez do Brasil”.

As inovações também são vistas em outras áreas. A Bosch, por exemplo, apresenta no Brasil uma linha de aquecimento de água com alta capacidade de absorção de irradiação solar, promovendo maior eficiência térmica e menor gasto de energia em relação a outros modelos. O sistema aquece água com irradiação solar captada por placas solares, onde um fluido transfere o calor para a água do banho.

O sistema já está disponível no mercado brasileiro – para uma casa de três pessoas e um reservatório de 150 litros, o custo seria de cerca de 5 mil euros, estima Eduardo Nagasawa, do setor de vendas da Bosch. Em compensação, os custos com eletricidade ao longo do tempo seriam nulos, e isso no longo prazo: “Nós temos sistemas que estão funcionando há mais de 25 anos”, diz ele.

Plástico: biodegradável ou reaproveitável

Basf apresenta produtos de plástico biodegradávelFoto: DW / Dias Carneiro

A BASF apresenta sua resposta ao plástico convencional: o Ecobras, um plástico biodegradável que se decompõe em 90 dias na terra. O material combina um poliéster biodegradável desenvolvido pela BASF – o Ecoflex – com amido de milho modificado.

No estande, estavam exibidas algumas das aplicações do material: tubetes para a plantação de mudas – que dispensam a posterior retirada da terra por se decomporem ali mesmo –, cordinhas resistentes semelhantes às de nylon e as boas e velhas sacolas de plástico, estas sem risco de estarem flutuando no mar daqui a 200 anos.

Se essas sacolas são biodegradáveis, por que elas não substituem as do supermercado? “O Ecobras custa de duas a três vezes mais do que o plástico convencional, e agora estamos trabalhando para convencer o industrial de que o produto mais caro vale a pena”, explica Júlio Harada, especialista em desenvolvimento de plásticos da companhia.

A Henkel também propôs uma solução para o problema do lixo, mas de outra forma: promoveu um desfile de moda – Do Lixo ao Luxo – com roupas feitas a partir de material reciclado por estudantes de escolas vizinhas às suas fábricas. Além disso, a marca ofereceu workshops onde estilistas da grife Carlota Joakina mostraram como fazer acessórios estilosos a partir de materiais que geralmente são descartados.

Elevadores, jogos e caipirinha

No estande da ThyssenKrupp, um dos destaques é o elevador inteligente que pergunta previamente o destino dos passageiros, e agrupa-os de acordo com os andares para onde vão. “Alguns prédios em São Paulo já têm o elevador, que custa um pouco mais caro do que os convencionais, mas acaba compensando porque gasta 30% a menos de energia”, disse Katja Embden, assessora de Assuntos Corporativos e Institucionais da empresa.

A VW confronta o visitante com um quizFoto: DW / Dias Carneiro

Além das novidades, muitos dos estandes montados no Expo Center Transamérica trazem jogos ou desafios para conscientizar os visitantes sobre sua participação num mundo sustentável. Nos estandes de automóveis, por exemplo, simuladores de direção testam se o motorista dirige de forma econômica e fornecem orientações neste sentido.

E mesmo um estande que se tornava a maior atração nas últimas horas da feira anunciava em letras garrafais: caipirinha sustentável. "De que forma a caipirinha seria sustentável?", quis saber a repórter da DW-WORLD.DE. “É que sustenta você o dia inteiro”, respondeu, sorridente, a atendente Lorena Araújo.

Autor: Júlia Dias Carneiro
Revisão: Augusto Valente

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