Entre remunerações e adicionais, salários anuais médios de deputados alemães ultrapassam os 100 mil euros. Ainda assim, quantia fica bem abaixo dos rendimentos de grandes empresários.
Salão plenário do Bundestag, o Parlamento alemãoFoto: picture-alliance/dpa
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Desde 2016 os aumentos salariais para os parlamentares federais alemães não precisam ser mais negociados e aprovados em nível politico, ocorrendo automaticamente, com base na tendência geral do mercado de trabalho do país.
A coalizão de governo formada pela União Democrata Cristã (CDU) e Partido Social-Democrata (SPD) estabeleceu esse princípio, possivelmente também na esperança de dar fim ao sempre recorrente debate sobre o nível salarial dos políticos.
O segundo ajuste segundo a nova regra ocorreu em julho último: desde então os deputados do Bundestag recebem 214 euros a mais por mês, totalizando 9.542 euros de salário bruto.
De aluguéis a máquinas de café
Além do rendimento bruto, os políticos têm direito a um adicional para despesas de 4.318 euros mensais, livres de tributação. A quantia se destina a cobrir todos os gastos que eles tenham no contexto de seus mandatos – por exemplo, os aluguéis de uma segunda residência em Berlim ou de um escritório eleitoral –, sem que precisem apresentar comprovantes.
Mas isso não é tudo: mediante apresentação das notas fiscais correspondentes, os parlamentares alemães dispõem de até 12 mil euros anuais extras para modernizar e equipar seus escritórios e demais dependências ligadas a sua função.
Câmeras digitais, smartphones e máquinas de café estão entre os equipamentos financiados por esse complemento. A Associação dos Contribuintes da Alemanha (BdSt) critica tal liberalidade: por um lado a soma seria elevada demais, por outro os aparelhos também podem ser desviados para uso privado.
Quanto mais velho, mas dinheiro
Um atrativo especial é a assim chamada "remuneração por antiguidade" para os deputados. Após apenas um ano no Bundestag, quem conta 67 anos de idade ou mais recebe um extra de 238 euros por mês. Ao fim de um período de legislatura (normalmente quatro anos), o valor mensal sobe para 954 euros.
A quantia mais alta, após 27 anos de atividade parlamentar, perfaz atualmente 6.441 euros mensais – um adicional com que muitos assalariados só podem sonhar. Note-se, entretanto, que o período médio de atividade no parlamento alemão é de oito a 12 anos.
Além disso, os políticos também podem ter rendimentos de outras fontes, e um quarto deles fatura mais de mil euros por mês como advogado, agricultor ou consultor de empresas, por exemplo. Resumindo: a renda anual básica de um deputado federal alemão gira em torno dos 115 mil euros. A chanceler federal Angela Merkel recebe cerca 238 mil euros anuais.
O site Tagesschau.de, da emissora de TV ARD compara: o diretor geral de um banco no estado da Renânia do Norte-Vestfália recebe 343 mil euros por ano. Já os presidentes das 30 principais companhias do país, cotadas no DAX, fazem uma média de 5,5 milhões de euros anuais, incluindo gratificações – o suficiente para financiar 23 chefes de governo da Alemanha.
AV/ots/ard/dpa
Os principais partidos alemães
São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Aliança 90/Os Verdes e A Esquerda.
Foto: picture-alliance/dpa
União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história cinco chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não está organizada. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo e da humanidade. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada única com a CDU.
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Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com o proletariado. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
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Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
Foto: REUTERS/T. Schmuelgen
Partido Liberal Democrático (FDP)
O FDP foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". Resgata a herança política de legendas liberais proibidas pelo nazismo.
Foto: picture-alliance/dpa
A Esquerda (Die Linke)
Die Linke surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
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Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, e atualmente representada no Parlamento Europeu e em legislativos estaduais alemães, a AfD se alinha com outros partidos populistas de direita europeus, como FPÖ, FN ou Ukip. Só em 2016 ela definiu seu programa partidário, que oscila entre visões reacionárias, conservadoras, liberais e libertárias.
Foto: Reuters/W. Rattay
Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Partido Nacional-Democrata da Alemanha (NPD), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violeta, que reivindica uma política espiritualista.