Quatro em cinco alemães aceitam bem medidas anti-covid
24 de julho de 2020
Apenas 19% dos consultados não se habituaram a máscaras e outras regras impostas pela pandemia. Eleitores da populista AfD são os que têm mais dificuldade em se adaptar, ao contrário dos verdes.
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Entre os alemães, 79% já se habituaram às regras de distanciamento e obrigatoriedade do uso de máscaras ao fazer compras e nos transportes públicos, como medidas contra a pandemia de covid-19, mostra pesquisa realizada pelo instituto Infratest Dimap, divulgada nesta sexta-feira (24/07) pela emissora de direito público ARD.
Para a pesquisa, cuja margem de erro é de 1,4 a 3,1 pontos percentuais, o instituto consultou 1.064 eleitores alemães. Ela também revelou que 19% dos alemães ainda acham difícil cumprir as medidas, enquanto 2% responderam que não aderem às regras, não são afetados por elas, não vão às compras ou não usam o transporte público.
Acatar as medidas é especialmente difícil para 43% dos eleitores da sigla populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), assim como para 35% dos do Partido Liberal Democrático (FDP). Essa dificuldade afeta apenas 11% do Partido Verde e 12% das legendas da coalizão de governo União Democrata Cristã (CDU) e Partido Social-Democrata (SPD).
Desde o fim de abril, o uso de máscara é obrigatório no país nos meios de transporte público, lojas, supermercados e outros lugares fechados onde o distanciamento não pode ser mantido. No começo de julho, questionada por políticos, a chanceler federal Angela Merkel reiterou seu total apoio à medida. Para ela, "as máscaras são um recurso importante e, do ponto de vista atual, essenciais para manter baixo o número de infecções". Em diversas cidades da Alemanha, não usar a proteção pode acarretar multa.
Em meio às férias de verão, a Alemanha mantém restrita a realização de grandes eventos e segue barrando a entrada de visitantes de países onde a covid-19 não está controlada, como o Brasil. Além disso, o governo alemão lançou um aplicativo para celular que avisa os usuários, caso tenham tido contato próximo com indivíduos infectados com o novo coronavírus. A Alemanha registra um total de 205.295 casos confirmados e 9.117 óbitos em decorrência de covid-19, segundo dados da universidade de medicina americana Johns Hopkins.
Efeitos da pandemia de coronavírus sobre o meio ambiente
Da rápida queda na poluição do ar a animais selvagens que se atrevem a passear por centros urbanos, a crise do coronavírus teve fortes impactos sobre o meio ambiente.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/I. Aditya
Melhor qualidade do ar
À medida que o mundo está parado, a paralisação repentina da maioria das atividades industriais reduziu drasticamente os níveis de poluição. Imagens de satélite revelam até mesmo uma clara queda nos níveis globais de dióxido de nitrogênio (NO2) - um gás produzido principalmente por veículos e, portanto, responsável pela má qualidade do ar nas grandes cidades.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/I. Aditya
Menos emissões de CO2
Da mesma forma como com o NO2, aconteceu uma redução nas emissões de dióxido de carbono devido à diminuição nas atividades econômicas. A última vez em que isso aconteceu foi durante a crise financeira de 2008-2009. Somente na China, as emissões caíram cerca de 25% quando o país começou com medidas restritivas, de acordo com o Carbon Brief. Mas essa mudança provavelmente será apenas temporária.
Enquanto os seres humanos se isolam em suas casas, alguns animais aproveitam o espaço à disposição. Com o trânsito rodoviário reduzido, bichos menores, como porcos-espinhos saídos da hibernação, têm menos probabilidade de serem atropelados. Outras espécies, como os patos, podem estar se perguntando para onde foram as pessoas que lhes costumavam dar migalhas de pão no parque.
Foto: picture-alliance/R. Bernhardt
Mais atenção para o comércio de vida selvagem
Os conservacionistas esperam que o surto de coronavírus ajude a conter o comércio global de vida selvagem, responsável por deixar várias espécies à beira da extinção. A covid-19 provavelmente se originou em um mercado chinês que vende animais vivos e é um centro de vida selvagem traficada ilegal e ilegalmente. A repressão ao comércio de animais selvagens vivos pode ser um efeito positivo da crise.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Lalit
Águas mais limpas
Logo após a Itália impor o isolamento, imagens de canais cristalinos de Veneza foram compartilhadas em todo o mundo - as águas hoje estão muito longe de sua aparência turva habitual. E com os navios de cruzeiro temporariamente ancorados, os oceanos também experimentam queda na poluição sonora, diminuindo o estresse de animais marinhos, como baleias.
Foto: Reuterts/M. Silvestri
Problema dos plásticos continua
Mas não há só notícias positivas. Um dos piores efeitos colaterais ambientais da pandemia de coronavírus é o rápido aumento no uso de plástico descartável - de equipamentos médicos, como luvas, a embalagens plásticas, à medida que mais pessoas optam por alimentos pré-embalados. Mesmo cafés que continuam abertos não usam mais copos reutilizáveis, na tentativa de impedir a propagação do vírus.
Foto: picture alliance/dpa/P.Pleul
A crise do clima continua
Com o coronavírus dominando o noticiário, o problema do aquecimento global por enquanto parece deixado de lado. Especialistas alertam que decisões importantes sobre o clima não devem ser adiadas - mesmo com a conferência da ONU sobre o clima adiada para 2021. Embora as emissões tenham caído desde o início da pandemia, é improvável que em longo prazo ocorram mudanças generalizadas.