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Criminalidade

Quatro negros são acusados por agredir adolescente branco

6 de janeiro de 2017

Polícia de Chicago acusa formalmente quatro jovens negros de crimes de ódio por agredirem garoto com problemas mentais. Ele foi amarrado, amordaçado e agredido. Agressão foi transmitida ao vivo no Facebook.

Vídeo da agressão em imagem divulgada pela polícia de ChicagoFoto: picture-alliance/AP Photo/Chicago Police Department

Quatro jovens acusados de agredir em Chicago um adolescente com problemas mentais foram formalmente acusados nesta quinta-feira (05/01) pelas autoridades americanas de sequestro qualificado, crime de ódio, detenção ilegal qualificada e agressão qualificada com arma letal.

Os jovens negros Jordan Hill, Tesfaye Cooper, Brittany Covington e Tanisha Covington, estas duas irmãs, transmitiram a agressão do adolescente branco ao vivo pelo Facebook Live, num ataque que acabou acirrando as tensões raciais no país e gerando polêmica nas redes sociais. Tanisha tem 24 anos, e os demais, 18.

No sábado passado, Hill e a vítima, que tem 18 anos e não foi identificada pela polícia, se encontraram numa lanchonete da rede McDonald's num subúrbio de Chicago. Eles haviam sido colegas de escola e passaram dois dias juntos, dirigindo uma van roubada, onde dormiam, e visitando amigos.

Nesta segunda-feira, os pais do jovem branco avisaram a polícia que ele estava desaparecido. Ele só foi localizado nesta terça-feira, vagando pela rua, claramente desorientado e com frio, pois vestia shorts, camiseta e sandálias. Ele havia passado de quatro a cinco horas amarrado e amordaçado.

Segundo a polícia, tudo começou como uma briga de brincadeira no apartamento das irmãs que acabou tomando outras proporções. Quando seus agressores foram ameaçar um vizinho que reclamava do barulho, a vítima conseguiu fugir.

As imagens expostas nas redes sociais mostram a vítima amordaçada com uma fita, encurralada no canto de um quarto e com uma ferida no alto da cabeça, enquanto ao menos dois agressores o ameaçam e outros, atrás da câmera, o xingam. O jovem aparece com as mãos atadas. Segundo a polícia, ele foi obrigado a beber água da privada e teve parte do couro cabeludo cortada com uma faca.

As autoridades tentam compreender como a vítima acabou sendo agredida pelos quatro jovens, ameaçado com uma faca e se tornado alvo de comentários discriminatórios sobre "pessoas brancas". Nas imagens, um dos agressores se refere de forma obscena ao presidente eleito, Donald Trump.

"Isso jamais deveria ter acontecido", lamentou o cunhado da vítima, David Boyd. Um representante da família disse que o jovem agredido teve "profundas deficiências emocionais e físicas" durante sua vida.

A revolta gerada pela agressão ganhou grandes proporções, após um ano de crimes violentos e protestos em Chicago, com a polícia sendo acusada de agir com brutalidade e de ocultar erros cometidos pelos policiais. O Departamento de Justiça realiza um extenso inquérito sobre violações dos direitos civis por parte da polícia da cidade.

As tensões raciais foram acirradas numa sociedade que ainda sente os efeitos de uma campanha presidencial que dividiu o país. Alguns setores conservadores afirmam que a agressão perpetrada pelos jovens afro-americanos teria conexão com o movimento de defesa dos direitos civis Black Lives Matter ("Vidas negras importam", em tradução livre). A polícia afirmou que não há indícios de que haja qualquer ligação.

O presidente dos EUA, Barack Obama, qualificou o crime de desprezível. "Levo essas coisas muito a sério", afirmou. "Vemos imagens de tensões raciais, da violência nos smartphones, pela internet e pela imprensa", observou, ressaltando que "muitos desses problemas já existem há muito tempo".

RC/rtr/ap/lusa/efe

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