Hungria, Polônia, República Tcheca e Eslováquia discordam de proposta de redistribuição de 160 mil refugiados. ONG divulga vídeo que mostra migrantes sendo alimentados "como animais" em abrigo húngaro.
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República Tcheca, Hungria, Polônia e Eslováquia rejeitaram nesta sexta-feira (11/09) os planos da Comissão Europeia de distribuir entre os países-membros da União Europeia (UE) 160 mil refugiados que estão na Itália, Grécia e Hungria.
O ministro do Exterior da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, reuniu-se com seus homólogos dos quatro países do leste da UE, mas não conseguiu convencê-los a aceitar a proposta. "Eu disse aos meus colegas que temos que chegar a um acordo sobre um mecanismo de redistribuição justa dos migrantes. Temos que evocar a solidariedade europeia", disse. O ministro alemão espera que cerca de 40 mil refugiados cheguem a seu país no próximo fim de semana.
"Estamos convencidos de que deveríamos manter o controle sobre o número de pessoas que somos capazes de acolher", disse o ministro do Exterior tcheco, Lubomir Zaoralek.
Para o ministro do Exterior da Hungria, Peter Szijjarto, o objetivo principal deveria ser ter o controle sobre a fronteira externa da UE. Ele afirmou que, a partir da semana que vem, qualquer um que danificar as estruturas de fronteira da Hungria será processado.
"Aqueles que entrarem na Hungria de forma ilegal, destruindo a infraestrutura que protege a fronteira, estarão cometendo um crime e poderão ser condenados à prisão ou à extradição", disse Szijjarto.
Lutando para lidar com a chegada massiva de migrantes vindos dos países bálticos, a Hungria se ofereceu para sediar um encontro com dirigentes de vizinhos não pertencentes à UE, como Sérvia e Macedônia.
Um número recorde de pessoas, muitas das quais fugindo de guerras e conflitos, continuam chegando à Europa. Por volta de 7,6 mil entraram na Macedônia nas últimas 12 horas. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) prevê que 42 mil refugiados cheguem à Hungria na próxima semana.
"Como animais num galinheiro"
A Humans Rights Watch divulgou nesta sexta-feira um vídeo que mostra guardas vestindo máscaras cirúrgicas atirando comida a migrantes, num centro de acolhimento na cidade húngara de Roszke. Os refugiados estão "sendo mantidos em galinheiros como animais, no sol e sem comida ou água", disse Peter Bouckaert, da organização de direitos humanos.
"Havia cerca de cem pessoas tentando pegar sacolas plásticas com salsichas. Eles não são capazes de organizar um acampamento e tratá-los como seres humanos", disse a suposta autora das gravações, Michaela Spritzendorfer-Ehrenhauser, colaboradora da Igreja Católica na Áustria.
William Spindler, porta-voz do Acnur, prometeu enviar casas pré-fabricadas para 300 famílias na Hungria e disse que, em troca, "esperamos que as autoridades, sejam policiais ou militares, respeitem os direitos dos refugiados". As ações do Exército húngaro serão "observadas de perto", disse.
O governo húngaro enviou 3,8 mil soldados para ajudar na construção de uma cerca de quatro metros e 175 quilômetros na fronteira sul do país. Os rolos de arame farpado que separam atualmente os dois países não impedem a entrada dos refugiados.
Também nesta sexta-feira, a operadora ferroviária austríaca OeBB anunciou que vai manter suspenso os trens entre Áustria e Hungria durante o fim de semana para "estabilizar a situação das maiores estações de trem de Viena".
MP/dw/rtr/afp
Estações da fuga em imagens
Cerca de 3,7 mil quilômetros separam a Alemanha da Síria. Para os refugiados da guerra civil, essa viagem dura semanas até meses. E ela é perigosa, também na rota dos Bálcãs.
Foto: picture-alliance/dpa/N. Armer
Últimas forças
Duma é uma cidade síria a nordeste de Damasco. Mesmo ferido, um homem procura por sobreviventes nos escombros. Pouco antes, a região foi atacada por bombardeios das forças armadas sírias. Desde o início da guerra civil, em 2011, mais de 250 mil pessoas morreram no país, segundo as Nações Unidas.
Foto: picture-alliance/A.A./M. Rashed
Terror ao alcance dos olhos
No campo de refugiados em Suruc, na Turquia, cerca de 40 mil sírios procuraram refúgio da guerra civil. A poucos quilômetros dali, em Kobane, o conflito continua. O campo é organizado como uma pequena cidade, com mesquita, escola e ruas. Ninguém quer permanecer aqui por muito tempo.
Foto: Getty Images/C. Court
Marcas da guerra
Abdurrahman Yaser al-Saad conseguiu chegar à cidade portuária turca de Izmir. O sírio de 16 anos mostra aos outros refugiados uma cicatriz enorme na barriga. Ele estava na escola quando as forças armadas sírias bombardearam o local e ele ficou gravemente ferido.
Foto: picture-alliance/AA/E. Menguarslan
Esperança de uma vida melhor
Na viagem em direção à Europa, muitos refugiados acabam em Izmir. Daqui eles desejam ir para a Grécia. Coletes salva-vidas são fundamentais, pois muitos não sabem nadas, e os barcos dos atravessadores ficam superlotados. Enquanto aguardam a partida, muitos dormem ao ar livre, porque não podem pagar um hotel.
Foto: picture-alliance/AA/E. Atalay
Jogado de volta
Com suas últimas forças, esse refugiado conseguiu nadar de volta até a praia de Bodrum, na Turquia. Pouco antes ele havia tentado alcançar um barco de atravessadores, que, por muito dinheiro, levam as pessoas ilegalmente até a Grécia. As embarcações estão sempre superlotadas.
Foto: Getty Images/AFP/B. Kilic
Desamparo
Na praia de Kos, uma ilha grega, turistas observam como refugiados tentam chegar à costa com um barco inflável. A viagem ilegal de Bodrum até aqui custa cerca de mil euros por pessoa. São apenas quatro quilômetros de distância, mas muitos não sabem nadar e acabam morrendo afogados.
Foto: picture-alliance/dpa/Y. Kolesidis
Realidade incômoda
No caminho para o hotel ou para a praia, turistas passam por muitos refugiados. Devem olhar? Devem ajudar?
Foto: picture-alliance/AA/G. Balci
Com braços e pernas
Da Grécia, muitos refugiados tentam chegar à Europa ocidental pelos Bálcãs. Uma estação importante é a cidade de Gevgelija, na Macedônia. Depois de dias de espera, todos desejam conseguir um lugar em um trem para a Sérvia.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Passo a passo
Já nas primeiras horas do dia, centenas de refugiados caminham ao longo da linha do trem, da Sérvia para a Hungria. De lá, muitos desejam ir para a Áustria ou Alemanha. A caminhada de quilômetros exige de muitos suas últimas forças.
Foto: Getty Images/AFP/A. Messinis
Desespero
Com medo de ser levado para um campo de refugiados na Hungria, o pai sírio se joga, com sua mulher e filho, nos trilhos da estação de Bicske. Eles achavam que o trem os levaria de Budapeste até Viena. Em vez disso, eles devem ser registrados pelas autoridades húngaras.
Foto: Reuters/L. Balogh
Quase lá
Centenas de refugiados do Iraque, da Síria e do Afeganistão decidiram ir a pé até a Áustria, caminhando pela rodovia. Eles esperaram durante dias por um trem na estação de Budapeste. A polícia, porém, bloqueia o trecho com frequência.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Finalmente a chegada
Estação central de Munique: a esperança de muitos refugiados está na chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel. Diferente de outros países europeus, eles se sentem bem-vindos na Alemanha.