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Quebra de tabu: soldados alemães no Líbano

Heinz Dylong (sv)17 de agosto de 2006

A decisão é considerada inevitável: diante da trégua nos conflitos do Oriente Médio e com base na resolução da ONU, a Alemanha deve enviar tropas de paz ao Líbano. Uma decisão polêmica, analisa Heinz Dylong.

Há dez ou 15 anos, as missões internacionais das Forças Armadas alemãs ainda eram um tema delicado. A opinião pública precisou de tempo para se acostumar ao fato de que soldados almemães participam de missões fora do território nacional. Um ceticismo, que, em sua essência, é positivo e de bom tom, pois protege o país das artimanhas do patriotismo desvairado de tempos passados.

Além disso, a Alemanha é parte integrante de uma densa rede de relações internacionais, que faz do país um parceiro legítimo no cenário internacional. O problema é que este papel está automaticamente atrelado a expectativas das quais a Alemanha – o país mais populoso da Europa depois da Rússia – não pode se redimir. Isso vale também para a possível e provável missão da ONU no Líbano, da qual soldados da Bundeswehr devem participar. A intenção das Nações Unidas é evitar a perpetuação das hostilidades no sul do Líbano.

Ecos da história

O local onde os soldados vão permanecer estacionados e a participação imediata de Israel no conflito significam para a Alemanha, porém, estar pisando em terra icógnita. Pois a relação do país com Israel exige uma forma peculiar de conduta, uma vez que os ecos da história ainda podem ser ouvidos.

É absolutamente insuportável imaginar uma situação na qual um soldado alemão viesse a atirar em um soldado israelense. A participação única e exclusiva da Marinha alemã nas águas israelenses e libanesas e uma polícia de fronteiras relativamente pouco armada na divisa sírio-libanesa poderia servir de garantia de que não se vai chegar, de forma alguma, a um confronto direto entre soldados alemães e israelenses.

Resistência legítima

Obviamente há também na Alemanha uma resistência – legítima – ao envio de soldados alemães para a missão de paz no Líbano. Uma resistência pragmática, que deixa claros os limites da Bundeswehr e, essencialmente, declara o Oriente Médio como uma zona tabu para os soldados alemães. A atual missão no Líbano ainda está dentro das possibilidades das Forças Armadas Alemãs. Pelo menos é isso o que se ouve dos peritos, quando estes descrevem que já houve mais do que os atuais 7700 soldados alemães em missões internacionais. E também que não se pode falar que o Oriente Médio seja uma "zona tabu".

Há de lembrar a aceitação tanto do governo libanês quanto do israelense, em relação à resolução da ONU. E também o desejo explícito do primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, em prol da presença de soldados alemães na tropa de paz.

Desafio político

No mais, não se deve esquecer que o Oriente Médio é uma região vizinha à Europa. E o interesse alemão no estabelecimento da paz na região é no mínimo tão grande quanto em outras regiões do globo onde há soldados alemães estacionados.

Certo é que apenas a participação em uma tropa de paz não substitui os esforços em prol de um projeto político na região, que esclareça o papel da milícia islâmica radical Hisbolá e assegure o direito de existência de Israel. A contribuição para isso é o maior desafio para a política externa alemã.

Heinz Dylong é redator da Deutsche Welle.
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