Queda em Granada desencadeou apagão na Espanha e Portugal
14 de maio de 2025
Ministra diz que três incidentes em 20 segundos em Granada, Badajoz e Sevilha geraram perda de 2,2 gigawatts e desconexão da rede. Ela descarta ataque cibernético e diz que investigação da causa continua.
Incidente numa subestação elétrica na província de Granada (sul) foi o primeiro de trêsFoto: Fermin Rodriguez/NurPhoto/picture alliance
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Uma queda abrupta na geração de energia numa subestação em Granada, seguida por falhas poucos segundos depois em Badajoz e Sevilha, desencadeou o apagão sem precedentes ocorrido em toda a Espanha e em Portugal em 28 de abril, disse a ministra espanhola da Transição Ecológica, Sara Aagesen, nesta quarta-feira (14/05).
Perante o Congresso espanhol, a responsável pela pasta da Energia detalhou os eventos que levaram ao apagão que deixou toda a Península Ibérica sem energia por horas.
Segundo ela, que lidera uma comissão de investigação da qual participam empresas de energia elétrica do país e especialistas, duas fortes oscilações no sistema elétrico foram detectadas nos 30 minutos que antecederam o apagão, às 12h03 e às 12h19.
Após essas flutuações, três incidentes separados ocorreram às 12h33, num período de cerca de 20 segundos: o primeiro numa subestação elétrica na província de Granada (sul), o segundo perto de Badajoz (sudoeste) e o terceiro na província de Sevilha (sul).
A soma desses três eventos equivale a uma perda de pouco mais de 2,2 gigawatts em 20 segundos, o que levou a uma desconexão automática da península do sistema europeu, explicou a ministra.
Ataque cibernético é descartado
Esta é a primeira vez que as autoridades espanholas apontam uma origem específica. Porém, a causa da queda ainda não foi determinada. Isso poderá levar tempo e provavelmente não haverá respostas simples para o que parece ser uma questão complexa, disse Aagesen.
"Ainda precisamos determinar até que ponto essas duas flutuações que foram notadas 30 minutos antes" do apagão "têm algo a ver com o incidente elétrico", acrescentou a ministra, pedindo novamente cautela na determinação das causas do incidente. "Estamos analisando milhões de dados ", disse Aagesen.
A ministra descartou a possibilidade de um ataque cibernético à rede elétrica ter causado o apagão massivo. "Não há nenhuma indicação do operador do sistema de que a rede elétrica tenha sido alvo de um ataque cibernético", afirmou.
Ela disse que a investigação do governo também está analisando relatos de operadoras sobre volatilidade nos dias anteriores ao apagão e examinando o excesso de tensão como uma possível causa para a perda de geração.
Aagasen, em linha com o que têm dito as autoridades da Espanha nas últimas semanas, disse aos deputados que, depois das primeiras análises, sabe-se que não foi "nem um problema de cobertura, nem um problema de reservas, nem um problema de tamanho das redes".
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"Não houve nenhum alerta"
Ela também negou as sugestões de alguns parlamentares da oposição de que o governo havia recebido e ignorado alertas de especialistas sobre a possibilidade de um grande apagão, acrescentando que seria prematuro atribuir responsabilidades até que se saiba o que aconteceu naquele dia. "Não houve nenhum alerta, nenhum aviso", disse ela.
O uso de energia renovável pela Espanha como parte crescente de sua geração de eletricidade tem sido alvo de escrutínio desde o apagão, assim como seu plano de eliminar gradualmente a energia nuclear até 2035.
Críticos disseram que um possível fator que contribuiu para a interrupção pode ter sido a falta da chamada "inércia da rede", devido à participação relativamente pequena de geração nuclear e de combustíveis fósseis na matriz energética da Espanha.
Aagesen defendeu a política energética do governo, afirmando que as energias renováveis reduziram as contas de energia para residências e empresas e permitirão que a Espanha atraia mais investimentos, proporcionando maior autonomia energética num momento de instabilidade geopolítica.
O sistema elétrico espanhol continua a utilizar o mesmo nível de energias renováveis que utilizava antes e durante a interrupção, afirmou. "Um mix com mais energias renováveis reduz os riscos externos. Permite-nos antecipar, adaptar-nos e responder rapidamente a qualquer eventualidade."
Aagesen se manifestou aberta à ideia de prolongar a vida útil das usinas nucleares, mas apenas se os operadores puderem garantir a sua segurança e preços aceitáveis para os consumidores e se isso puder ser demonstrado como uma contribuição para a segurança do abastecimento.
as/bl (Reuters, Efe, Lusa)
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