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Queimadas no Pantanal batem recorde histórico em setembro

1 de outubro de 2020

Dados do Inpe mostram que bioma teve o maior número de focos de calor já registrado para o mês em mais de 20 anos. Amazônia também apresenta alta de 61% nos incêndios em comparação com 2019.

Jacaré carbonizado no Pantanal
Segundo UFRJ, 23% do Pantanal já foi queimadoFoto: Reuters/A. Perobelli

As queimadas no Pantanal bateram o recorde histórico em setembro, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (01/10) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No mês, foram registrados 8.106 focos de calor no bioma, o maior número contabilizado desde o início do monitoramento em 1998.

Em setembro, houve um aumento de 180% nos incêndios no Pantanal em relação ao mesmo mês do ano anterior, quando foram registrados 2.890 focos. Já em relação ao recorde anterior de queimadas registrado em setembro de 2007, o crescimento foi de 47%.

Faltando ainda três meses para o fim do ano, o número de queimadas no bioma já é o maior dos últimos 22 anos, com 18.259 focos, ultrapassando o recorde registrado ao longo de 2005 (12.536). Em relação a 2019, houve um salto de 201% nas queimadas registradas nos primeiros nove meses do ano.

Os dados do Inpe confirmam que o Pantanal enfrenta os piores incêndios das últimas décadas. Segundo uma análise da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 23% do bioma, que abriga a maior população de onças-pintadas do mundo, já foi queimado.

O Pantanal enfrenta também a pior seca dos últimos 60 anos. Especialistas indicam que o aumento dos focos na região está relacionado ao crescimento do desmatamento ilegal, que causa uma série de mudanças climáticas, como a alteração do ciclo natural das chuvas.

O Inpe também registrou 32.017 focos de incêndio na Amazônia em setembro, um aumento de 61% em comparação com o mesmo período anterior do ano anterior (19.925). O bioma teve o segundo pior setembro de queimadas dos últimos dez anos, cujo recorde ficou com 2017, quando foram registrados 36.569 focos.

O número, porém, é menor do que o recorde histórico para o mês, registrado em setembro de 2007, quando houve 73.141 focos de incêndio na região.

Em relação aos primeiros nove meses de 2019, quando houve 66.749 incêndios na Amazônia, as queimadas na região no mesmo período deste ano tiveram um aumento de 14%, chegando a 76.030 focos.

Os dados divulgados nesta quinta-feira vão na contramão do discurso feito na véspera por Jair Bolsonaro, na Cúpula da Biodiversidade das Nações Unidas. O presidente insistiu em minimizar o número de incêndios no país e destacou ações do governo para combater o desmatamento.

"Na Amazônia, lançamos a Operação Verde Brasil 2, que logrou reverter, até agora, a tendência de aumento da área desmatada observada nos anos anteriores. Vamos dar continuidade a essa operação para intensificar ainda mais o combate a esses problemas que favorecem as organizações que, associadas a algumas ONGs, comandam os crimes ambientais no Brasil e no exterior", disse Bolsonaro, mais uma vez acusando organizações não governamentais sem apresentar qualquer prova.

Em meio a fortes pressões de investidores e de diversos países europeus, o presidente voltou a dizer que a Amazônia seria alvo de cobiça estrangeira. "Rechaço de forma veemente a cobiça internacional sobre a nossa Amazônia. E vamos defendê-la de ações e narrativas que agridam a interesses nacionais", disse no pronunciamento.

Ambientalistas, no entanto, garantem que o aumento da devastação, tanto na Amazônia quanto no Pantanal, é fruto do abandono de políticas de preservação e da retórica ambiental do atual governo.

"A gravidade da situação é, sobretudo, reflexo da política ambiental do governo Bolsonaro, que, apesar da previsão de um período mais seco no Pantanal, não se esforçou para prevenir os incêndios", disse o Greenpeace, em nota. "Além disso, tem estimulado deliberadamente a impunidade e os crimes ambientais, a partir do enfraquecimento da capacidade de fiscalização dos órgãos competentes."

CN/efe/lusa/rtr/afp

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