Ministro da Saúde permanecerá isolado em hotel de Nova York. Seu primeiro diagnóstico surgiu quando integrava comitiva de Bolsonaro na Assembleia-Geral da ONU, na conturbada passagem da delegação brasileira pela cidade.
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O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou nesta sexta-feira (01/10), através de postagem em rede social, que voltou a testar positivo para covid-19, e terá de permanecer nos Estados Unidos.
Queiroga contraiu a doença em 21 de setembro durante uma viagem a Nova York, quando integrava a comitiva do presidente Jair Bolsonaro que participou da 76ª Assembleia-Geral da ONU. Ele acabou não voltando ao Brasil com o restante da delegação e ficou em isolamento no hotel, onde Bolsonaro também estava hospedado.
"Infelizmente, o exame RT-PCR que fiz ontem continua positivo, o que me impede de retornar ao Brasil ainda hoje. Sigo trabalhando a distância para acelerar a imunização dos brasileiros. Agradeço a todos que estão torcendo por mim. Estou sem sintomas e logo logo estarei de volta", escreveu o ministro em seu perfil no Twitter.
Durante a Assembleia-Geral, Queiroga esteve na sede ONU, mas assegura que esteve sempre de máscara. O ministro da Saúde, que já recebeu as duas doses do imunizante contra a covid-19, fez refeições nas ruas nova-iorquinas em companhia de Bolsonaro e de outros ministros.
Ele deu diversas entrevistas na parte externa do hotel onde estava hospedado, além de ter circulado pelas dependências da ONU e pelo Memorial do 11 de Setembro, onde esteve com Bolsonaro, que, por sua vez, não usou máscara.
Passeios e gestos obscenos
Ele também participou da reunião de Bolsonaro com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson. A notícia de que Queiroga havia contraído o vírus gerou preocupação na comitiva britânica, e fez com que todos os integrantes, inclusive Johnson, fossem submetidos a testes de covid-19.
Queiroga esteve em diversos locais em Nova York, acompanhando Bolsonaro e outros ministros. Ele causou polêmica ao mostrar o dedo médio para manifestantes brasileiros que protestavam contra Bolsonaro.
Após o primeiro diagnóstico do ministro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou que todos os membros da comitiva que viajou com Bolsonaro para Nova York adotassem regime de quarentena por 14 dias, após o retorno ao Brasil.
Pandemia no Brasil pelos olhos de um fotógrafo de guerra
Após cobrir conflitos em 35 países, o fotógrafo francês Jonathan Alpeyrie dirigiu suas lentes à evolução da pandemia de covid-19 no Rio de Janeiro e Manaus. Um painel contundente.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Um rosto aos mortos
Com uma média diária de quase 4 mil mortos, o Brasil é um dos países mais atingidos pela pandemia. O fotógrafo francês Jonathan Alpeyrie esteve lá no terceiro trimestre de 2020, também para dar um rosto às muitas vítimas da covid-19. Como neste enterro no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, um dos maiores da América do Sul.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Último adeus com distanciamento
Morto pelo novo coronavírus, um sexagenário, membro importante da comunidade da Favela Santa Marta, no bairro de Botafogo, é levado para o túmulo por funcionários de vestes protetoras. Os moradores dos bairros cariocas mais pobres têm sido vítimas numerosas da fúria do vírus e de uma política de saúde mais do que caótica.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Boas intenções não bastam
Não faltam iniciativas bem intencionadas de mitigar os efeitos letais do vírus potente, veloz e em frequente mutação. Porém elas não bastam para compensar as falhas de um sistema de saúde cronicamente deficiente e de uma liderança política contraditória e mesmo irresponsável. A pandemia avança: o Instituto Oswaldo Cruz não descarta que, em breve, as mortes diárias cheguem a 5 mil ou mais.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Em meio à guerra da pandemia
O francês Jonathan Alpeyrie é um repórter de guerra clássico. Suas foto-reportagens já o levaram à Síria, Ucrânia, Afeganistão e a focos de conflito na África, entre outros. Em 2020 ele esteve em Manaus, onde a variante P.1 do coronavírus foi detectada pela primeira vez. Cientistas temem que ela seja duas vezes mais contagiosa do que a cepa original.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Cavando novas sepulturas
Atualmente pesquisadores partem do princípio que a virulenta mutação P.1 seja a predominante em todo o Brasil. O presidente Jair Bolsonaro é com frequência cada vez maior responsabilizado pelo descontrole da pandemia, após ter minizado a ameaça por tanto tempo. Neste cemitério de Manaus, novas sepulturas tiveram que ser cavadas em ritmo acelerado, para comportar os muitos mortos a cada dia.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Impacto econômico no Norte
O coronavírus já alcançou os recantos mais distantes do Amazonas, vitimando em especial as populações mais frágeis, como a indígena. Os jovens da foto vivem em palafitas a uma hora da capital. A pandemia os atinge também economicamente, pois, com o desaparecimento dos turistas, vão-se também suas possibilidades de ganhar a vida.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Fé, a última que morre
Com tantas incertezas, a muitos brasileiros só resta mesmo a fé para ajudá-los a atravessar o dia a dia sem desesperar. Na Favela Santa Marta do Rio de Janeiro, este pastor abençoa os moradores: ao lado da pobreza, narcotráfico, ocupação policial e outras formas de violência, agora seu novo desafio é também sobreviver ao coronavírus.