Quem é J.D. Vance, senador escolhido por Trump como vice
16 de julho de 2024
Autor de "Era uma vez um sonho", senador de 39 anos é apoiador fervoroso do ex-presidente e pouco conhecido pela população.
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O ex-presidenteDonald Trump anunciou na segunda-feira (15/07) o senador americano J.D. Vance, do estado de Ohio, para ser seu vice de chapa nadisputa à Casa Branca.
Vance, de 39 anos, está em seu primeiro mandato no Senado. A nomeação completa sua vertiginosa transformação em umnovo rosto do Partido Republicano, já que, em sua recente vida política, o senador passou de opositor a aliado fervoroso de Trump.
Crítico da ajuda americana à Ucrânia e apoiador de regimes mais restritivos contra a imigração, o senador tem apelo entre eleitores da classe trabalhadora do Meio Oeste americano, região importante para a eleição presidencial.
A escolha, porém, não agradou todas as lideranças do partido Republicano, que esperava candidatos com mais experiência e articulação política, além de projeção nacional na vaga de vice.
A campanha de Trump agora, precisa reverter o desconhecimento do candidato. Segundo pesquisa da CNN realizada no final de junho, 13% dos eleitores registrados disseram ter uma opinião favorável sobre Vance e 20%, desfavorável. A maioria afirmou nunca ter ouvido falar dele ou não ter opinião.
Ascenção política
Nascido e criado em Middletown, em Ohio, Vance se juntou aos fuzileiros navais e serviu no Iraque. Ele cresceu em uma família operária no chamado "cinturão da ferrugem" americano, região profundamente marcada pelo declínio industrial nos EUA. Mais tarde, se formou em direito pela Universidade de Yale e iniciou uma carreira no Vale do Silício antes de entrar na política.
Vance ganhou destaque nacional com o livro de memórias Era uma vez um sonho, best-seller lançado em 2016, ano em que Trump estava concorrendo pela primeira vez à presidência. O livro descreve a origem familiar caótica de Vance e faz uma reflexão sobre as comunidades majoritariamente brancas da região da cordilheira dos Apalaches, marcadas pela pobreza, abuso de drogas, violência doméstica e falta de perspectiva.
A obra foi especialmente aclamada pela classe trabalhadora branca, a mesma que ajudou o ex-presidente a se eleger naquele ano e alçou Vance a uma condição de "porta-voz" dessas comunidades.
Embora aclamada em vários círculos por lidar com temas considerados tabus, a obra também rendeu algumas críticas negativas, especialmente por Vance atribuir parte significativa dos problemas dessas comunidades a uma cultura autodestrutiva e más decisões individuais, e não a barreiras econômicas.
Depois que Trump venceu a eleição de 2016, Vance voltou para seu estado natal, Ohio, e criou uma instituição de caridade contra o uso de opioides. Ele também começou a dar palestras e passou a ser convidado a jantares do Partido Republicano, onde sua história pessoal – incluindo as dificuldades que enfrentou por causa do vício em drogas de sua mãe – ganhou fôlego.
Vance usou suas aparições públicas para vender suas ideias para consertar o país e lançar as bases para entrar na política. Até então, evidenciava um perfil mais moderado, com vocação social, e se colocava como um republicano, mas "nunca Trump". À época, o empresário chegou a chamar Trump de "perigoso", "idiota" e "inapto" para o cargo.
Vance, cuja esposa, a advogada Usha Chilukuri Vance, filha de imigrantes indianos, também criticou a retórica de Trump, dizendo que ele poderia ser "o Hitler da América."
Aproximação com Trump
Mas quando Vance conheceu o ex-presidente em 2021, mudou sua opinião, e passou a citar as conquistas do bilionário como presidente. Ambos minimizaram as críticas feitas no passado, e Vance acabou vencendo a primária republicana e a eleição geral naquele ano com o endosso do ex-presidente.
Com o tempo, ele desenvolveu uma forte afinidade com Trump e passou a defendê-lo após eleito, classificando suas críticas passadas como um erro. Carismático, Vance virou figura popular na televisão, onde é um enérgico e leal defensor do candidato republicano às eleições presidenciais de novembro.
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Perfil
Para os democratas, Vance é um extremista. Chamado por Biden de um "clone de Trump", Vance ecoou a alegação falsa de que as eleições presidenciais em 2020 foram fraudadas. O senador disse que não teria certificado os resultados imediatamente se fosse vice-presidente e disse que Trump tinha "uma queixa muito legítima." Uma série de investigações governamentais e externas, porém, não encontraram qualquer fraude eleitoral que pudesse ter mudado o resultado da derrota de Trump para o presidente democrata Joe Biden.
Vance também sinalizou apoio a uma proibição nacional do aborto após 15 semanas durante sua campanha para o Senado, por exemplo, mas suavizou essa posição uma vez que os eleitores de Ohio apoiaram esmagadoramente uma emenda de direitos ao aborto em 2023.
No Senado, porém, Vance às vezes abraça o bipartidarismo. Ele e o senador democrata de Ohio, Sherrod Brown, copatrocinaram um projeto de lei de segurança ferroviária após um descarrilamento de trem em seu estado natal. Ele patrocinou uma legislação que estende e aumenta o financiamento para a restauração dos Grandes Lagos e ainda apoiou uma legislação bipartidária que beneficia trabalhadores e famílias.
Vance pode articular a visão de Trump
Pessoas familiarizadas com o processo de seleção do vice-presidente disseram que Vance traria à campanha habilidades de debate e a capacidade de articular a visão de Trump.
Apoiadores já o colocam na liderança de um movimento nacionalista encabeçado por jovens conservadores mais radicais. Kevin Roberts, presidente da Heritage Foundation, chamou Vance de uma voz líder para o movimento conservador em questões chave como o afastamento da política externa intervencionista, a economia de livre mercado e a "cultura americana em geral."
Charlie Kirk, fundador do grupo ativista conservador Turning Point USA, disse que Vance articula de maneira convincente a visão do mundo "America First" e poderia ajudar Trump em estados que ele perdeu por pouco em 2020, como Michigan e Wisconsin, que compartilham os valores, a demografia e a economia de Ohio.
Por outro lado, a escolha não agradou todos os republicanos, já que muitos não conheciam Vance, cuja trajetória política é curta. "Não tenho certeza se ele o ajudará na campanha", disse o veterano republicanoNeil Newhouse. "Ele não é tão conhecido nem mesmo em Ohio. Essa não é uma escolha de campanha. É uma escolha política."
A estrategista republicana Kellyanne Conway, que atuou como conselheira-chefe de Trump na Casa Branca, havia incentivado o ex-presidente a escolher um companheiro de chapa diferente.
Críticas rechaçam perfil eclético de Vance
Organizações da sociedade civil criticaram Vance. A organização Voto Latino emitiu comunicado contra a agenda anti-imigração do senador, que disse que os imigrantes estão "envenenando o sangue do país".
"A comunidade latina não esquecerá a extensa agenda anti-imigração de Vance em novembro", disse a cofundadora e presidente do Voto Latino, Maria Teresa Kumar. A ativista acrescentou que o senador republicano também promoveu teorias de conspiração xenófobas. " Vance demonstrou repetidamente que colocará sua lealdade a Trump acima de nossa democracia e dos direitos fundamentais", acrescentou.
A organização ambientalista Climate Power também criticou o "negacionismo climático" de Vance. A entidade acusa o senador de receber fundos do setor petroleiro. Assim como Trump, Vance diz que as mudanças climáticas foram criadas para angariar doadores democratas.
gq/cn (EFE, AP, ots)
O mês de julho em imagens
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Foto: Evan Vucci/AP Photos/picture alliance
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Foto: Gustavo Moreno/AP Photo/picture alliance
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Foto: Gofa Zone Government Communication Affairs Department
Arrecadação recorde após Kamala ser cotada para disputa presidencial
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Foto: Susan Walsh/AP Photo/picture alliance
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Foto: Susan Walsh/AP/dpa/picture alliance
Scholz exalta militares que tentaram matar Hitler há 80 anos
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Foto: Hannes P Albert/dpa/picture alliance
Apagão cibernético paralisa setores essenciais ao redor do mundo
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Foto: Bodo Marks/dpa/picture alliance
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Foto: Johanna Geron/REUTERS
O 10° aniversário da derrubada do voo MH17 na Ucrânia
Em cerimônia no monumento ao MH17 no povoado de Vijfhuizen, na Holanda, familiares e autoridades lembraram as 298 vítimas do voo da Malaysian Airlines, que foi abatido sobre a Ucrânia em 17 de julho de 2014 por um míssil de fabricação russa disparado de território controlado por rebeldes e tropas ligadas ao Kremlin. (17/07)
Foto: Sem van der Wal/ANP/picture alliance
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Foto: Jean-Francois Badias/AP/picture alliance
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Foto: Ines Pohl/DW
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Foto: Evan Vucci/AP Photo/picture alliance
A 13 dias de início dos Jogos, ministra francesa dos Esportes nada no Rio Sena
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Foto: Ministry Of Sport, Olympic And Paraolympic Games/AP/picture alliance
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Rede social do bilionário viola regras para conteúdo digital, aponta relatório preliminar da Comissão Europeia. Órgão alega que comercialização do "selo azul" na plataforma outrora conhecida como Twitter "afeta negativamente a capacidade que os usuários têm de tomar decisões livres e informadas sobre a autenticidade das contas e do conteúdo com o qual interagem". (12/07)
Foto: Alain Jocard/AFP [M]
Envio de mísseis americanos à Alemanha irrita Rússia
Reagindo ao anúncio de que a Alemanha abrigará bases de mísseis americanos de longo alcance a partir de 2026, a Rússia disse que avalia medidas para frear a "séria ameaça à segurança" do país por parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). "Essa decisão foi preparada por muito tempo e não é uma surpresa", afirmou o chanceler alemão, Olaf Scholz. (11/07)
Foto: Evan Vucci/AP Photo/picture alliance
Perigo de vida no Vale da Morte
O Death Valley, no deserto do leste da Califórnia e condado de Nevada, já é considerado o local mais quente do planeta. Em meio à atual onda de calor, então, as temperaturas nesse parque nacional americano têm ultrapassado diariamente os 50ºC. As autoridades dos EUA expediram alertas aos visitantes. (10/07)
Foto: Mario Tama/Getty Images
Rússia condena artistas de teatro à prisão
Em nova ofensiva contra liberdade artística, regime russo considerou que peça teatral "Finist", escrita cinco anos atrás e encenada em 2020, sobre o destino de "noivas do Estado Islâmico", é "apologia do terrorismo" e sentenciou diretora Zhenya Berkovich e dramaturga Svetlana Petriychuk a seis anos de prisão. (09/07)
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Foto: Efrem Lukatsky/AP Photo/picture alliance
Esquerda e centro conseguem frear ultradireita na França
A esquerda e o centro conseguiram frear o que parecia uma ascensão implacável da ultradireita francesa no segundo turno da eleição legislativa francesa. A aliança de esquerda Nova Frente Popular (NFP) e a coligação de centro Juntos, do presidente Emmanuel Macron, conseguiram formar as maiores bancadas de deputados, ficando à frente da ultradireitista Reunião Nacional (RN). (07/07)
Foto: Christophe Ena/AP/picture alliance
Reforma vence pleito presidencial do Irã
O reformista Masud Pezeshkian se impôs no segundo turno do pleito presidencial do Irã, que teve uma participação nas urnas de 49,9 %. Ele obteve 53,6 % dos votos, contra 44,3 % para o ultraconservador Saeed Jalili. Em seus primeiros comentários após o resultado eleitoral, o presidente eleito definiu a votação como o início de uma "parceria" com o povo iraniano. (06/07)
Foto: Vahid Salemi/AP/picture alliance
Após 14 anos com conservadores no poder, Reino Unido tem premiê trabalhista
Consagrado com uma maioria esmagadora na eleição legislativa antecipada, Keir Starmer, 61, é o sétimo primeiro-ministro do Partido Trabalhista. Ele substitui o conservador Rishi Sunak, que ficou menos de dois anos no cargo. O Partido Conservador perdeu as eleições ao conquistar apenas 121 assentos na Câmara dos Comuns (baixa), contra 412 do Trabalhista. (05/07)
Foto: JUSTIN TALLIS/AFP/Getty Images
Bolsonaro vira alvo da PF em duas frentes
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Foto: Eraldo Peres/AP/picture alliance
Furacão Beryl avança pelo Caribe
O furacão Beryl, de categoria 4, atingiu com força a costa sul da Jamaica após deixar um rastro de destruição em outras regiões do Caribe, com ao menos sete mortos. Serviços meteorológicos registraram ventos de até 220 quilômetros por hora. O governo impôs um toque de recolher em todo país e pediu que a população de 2,8 milhões obedeça possíveis ordens de evacuação. (03/07)
Foto: Curlan Chrissey Campbell/Reuters
Tumulto em cerimônia hindu na Índia deixa mais de 100 mortos
Mais de uma centena de pessoas, incluindo mulheres e crianças, morreram após um tumulto ocorrido ao final de uma cerimônia religiosa hindu no norte da Índia. Forte calor e falta de ar no local do evento podem ter contribuído para a tragédia. Pessoas que participaram da cerimônia disseram que cerca de 50 mil devotos estavam presentes no local. (02/07)
Foto: Manoj Aligadi/AP/picture alliance
Suprema Corte dos EUA diz que Trump tem imunidade contra processos criminais em ações oficiais como presidente
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