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Quem é o terrorista de Nova York?

1 de novembro de 2017

Investigações apontam que maior atentado na cidade desde o 11 de Setembro foi ato solitário: de um imigrante do Uzbequistão, que entrou legalmente nos EUA e despertou suspeita entre conhecidos e autoridades.

USA New York Autoanschlag in Manhattan
A caminhonete momentos após o atentado: oito mortos e 11 feridosFoto: picture-alliance/New York Daily News/J. Keivom

As autoridades americanas investigam nesta quarta-feira (01/11) se o atentado da véspera em Nova York, o mais mortal desde o 11 de Setembro na cidade, com ao menos oito mortos e 11 feridos, envolveu mais alguém além do motorista da caminhonete.

As investigações iniciais apontam para a ação de um "lobo solitário": Sayfullo Saipov, de 29 anos, um imigrante do Uzbequistão que vive nos Estados Unidos desde 2010 e que teria perpetrado o ataque com inspiração no "Estado Islâmico", mas sem ligação direta com a organização terrorista.

O terrorista, que foi baleado pela polícia e preso momentos depois do ataque, no oeste de Manhattan, deixou um bilhete dizendo que cometeu o atentado em nome do "Estado Islâmico". Ele alugou o veículo usado no ataque em uma loja da rede Home Depot localizada nos arredores de Nova York, e teria preparado o ataque durante semanas.

O governador de Nova York, Andrew Cuomo, disse que o terrorista parece ter agido sozinho: "Não há evidências para sugerir uma trama mais ampla ou um esquema mais amplo. Estas são as ações de um indivíduo, para causar dor e danos e provavelmente morte.”

Sem rastro digital

O ataque aconteceu numa ciclovia lotada às margens do rio Hudson, em Manhattan. Após o atropelamento em massa, a caminhonete se chocou com um ônibus escolar. Em seguida, o terrorista desembarcou e, com uma arma de ar comprimido e uma de paintball, avançou contra pedestres gritando "allahu akbar", árabe para "deus é grande".

Após atentado, polícia reforçou patrulhas na cidade, que comemorava o dia de HalloweenFoto: picture-alliance/AP Photo/A. Kudacki

Segundo as primeiras investigações, Saipov não deixou qualquer rastro digital: não existem registros seus online em grandes mídias sociais, como Facebook, Twitter e Instagram. Mas ele já despertava a suspeita de autoridades e conhecidos. Ele planejou o ataque "por várias semanas", disse John Miller, da polícia de Nova York.

Três anos após chegar legalmente aos EUA, Saipov teria se casado, em abril de 2013, com Nozima Odilova, seis anos mais jovem que ele e que também se registrou junto às autoridades americanas como natural de Tashkent, no Uzbequistão.

O suspeito tinha licença de motorista da Flórida e registro de moradia na cidade de Tampa. Ali, despertou a suspeita de um pregador na mesquita onde frequentava: o religioso disse ter tentado desviar Saipov do caminho do extremismo.

"Eu costumava dizer a ele: 'você está emotivo demais", disse o pregador muçulmano ao New York Times, em condição de anonimato. "Ele não aprendeu a religião de forma correta: e esse é o mal principal na comunidade muçulmana."

Depois de deixar Tampa, nos últimos meses Saipov estava vivendo em Nova Jersey, dirigindo caminhão e carros do serviço de transportes Uber. Ele trabalhou no Uber por seis meses, tendo passado sem problemas nos controles de background da empresa. Ao todo, segundo a companhia, ele fez mais de 1.400 viagens para o serviço.

Loteria de vistos

O único registro de Saipov na polícia é de abril de 2016, data em que faltou a um comparecimento perante um tribunal de pequenas causas em um caso relacionado à falta de freios adequados em seu veículo. O processo foi fechado meses depois, com o acusado se declarando culpado e pagando uma multa de 200 dólares.

Mas, ao olharem mais a fundo, investigadores descobriram que Saipov estava no radar das autoridades federais, por ter entrado em contato com outro cidadão do Uzbequistão que estava sendo investigado por terrorismo.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, insistiu na necessidade de mudar o atual sistema de imigração do país por outro "baseado no mérito".

Em uma série mensagens no Twitter, Trump reagiu à notícia de que Saipov chegou aos EUA graças ao Programa Anual de Vistos de Diversidade, um sorteio aleatório para pessoas de nações com baixas taxas de imigração para os EUA, popularmente conhecido como "loteria de vistos".

"Estamos lutando duro pela imigração baseada no mérito: não ao sistema de loteria dos democratas. Devemos ser muito mais duros (e mais inteligentes)", enfatizou o presidente.

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