Mais de uma taça de vinho por dia reduz expectativa de vida
13 de abril de 2018
Pesquisa diz que taxas máximas para consumo de bebidas alcoólicas sugeridas por autoridades sanitárias da maioria dos países contribuem para redução da expectativa de vida. Levantamento avaliou 83 estudos em 19 países.
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Quem bebe mais de dois litros e meio de cerveja ou mais de uma garrafa de vinho por semana corre mais risco de sofrer um acidente vascular cerebral, um aneurisma fatal ou uma parada cardíaca, aponta um estudo publicado nesta sexta-feira (13/04).
Para o levantamento, feito por uma equipe internacional de pesquisadores e divulgado na revista científica britânica The Lancet, pesquisadores internacionais analisaram 83 estudos envolvendo quase 600 mil consumidores de álcool de 19 países.
Os pesquisadores concluíram que consumir mais de 100 gramas de álcool por semana, o equivalente a um pouco mais de uma garrafa de vinho ou oito copos de 330 ml de cerveja, diminui a expectativa de vida consideravelmente.
De acordo com a pesquisa, o consumo de mais de 200 gramas de álcool puro por semana reduz a expectativa de vida em uma a dois anos, e a ingestão de mais de 350 gramas por semana, em até cinco anos.
O trabalho teve como foco quem desenvolveu e morreu em decorrência de derrame e diferentes formas de doenças cardíacas. Foram excluídos aqueles que já tinham um histórico de problemas do coração na época em que entraram no estudo.
Foram levados em conta idade, consumo de tabaco, nível educacional e profissão. Surpreendentemente, os pesquisadores não identificaram diferenças entre homens e mulheres quanto ao risco de morte devido ao álcool.
O estudo indica que os limites alcoólicos recomendados por muitos governos são altos demais. A Sociedade Alemã de Alimentação, por exemplo, estabelece como limite semanal de consumo saudável 140 gramas de álcool para homens e 70 gramas para mulheres. Nos Estados Unidos, o limite é de 196 gramas por semana, e no Reino Unido, de 140 gramas.
"Esses dados dão embasamento para a adoção de limites inferiores de álcool ao que o recomendado pela maioria das diretrizes atuais", afirmam os cientistas.
"Para os homens, estimamos que a redução a longo prazo do consumo de álcool de 196 gramas por semana [limite recomendado pelas autoridades de saúde dos EUA] para 100 gramas por semana ou menos é associado a uma maior expectativa de vida de cerca de um a dois anos", acrescentam.
Eles ressaltam que os estudos médicos sugerem que "consumidores de cerveja ou destilados, assim como bebedores compulsivos, têm o maior risco de mortalidade por todos os tipos de causas".
"O estudo é um sério sinal de alerta para muitos países”, afirmou em nota Jeremy Pearson, da British Heart Foundation, que cofinanciou o estudo.
MD/LPF/ap/dpa/afp
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Sete fatos e um mito sobre o álcool
Carnaval é, para muitos, um momento de tomar umas a mais. Boa hora para conferir um estudo científico sobre o assunto. Que traz notícias nem tão alegres...
Foto: picture-alliance/dpa
Me engana que eu gosto
Há décadas a ciência vinha oferecendo perspectivas reconfortantes aos amigos do copo: álcool em quantidades moderadas – um ou dois copos de vinho por dia, por exemplo – faz bem à saúde e até prolonga a vida, dizem. Infelizmente, tal bonança acabou: entre outras revelações, um relatório do "British Medical Journal" apresenta um convite à revisão radical dos hábitos etílicos.
Foto: picture-alliance/dpa
Fato 1: Os europeus bebem mais do que os outros
Consumindo 11,8 e 11,6 litros de álcool puro por ano, respectivamente, os alemães e os britânicos ocupam uma posição mediana entre os grandes bebedores – ao contrário do que se poderia imaginar. Porém, no geral, está comprovado que os nativos do Velho Continente tendem a se embriagar mais do que os da América do Norte ou da Ásia.
Foto: picture-alliance/dpa
Fato 2: Mas ninguém bebe mais do que um bielorrusso
A ex-república soviética Belarus ocupa o topo absoluto na lista dos países mais beberrões do mundo: a média do consumo de álcool puro entre sua população é de 17,5 litros por ano. E a Rússia vem cambaleando logo atrás, com 15,1 litros. Ou seja: mesmo com a contínua alta dos preços, o império de Vladimir Putin segue sendo o paraíso da vodca.
Foto: picture-alliance/dpa
Fato 3: Olhos puxados e álcool não combinam
Ou, em termos um tanto mais científicos: grupos étnicos como os asiáticos dispõem de quantidades menores das enzimas que metabolizam o álcool. É uma questão de genética. Talvez por isso o turista japonês da foto, flagrado na Oktoberfest de Munique, já pareça estar antecipando a ressaca.
Foto: dpa
Fato 4: Beber não é coisa para mulher
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as mulheres bebem menos da metade do álcool que os homens. Não é uma questão de machismo, é um mero fato fisiológico. Entre os fatores em jogo estão a diferença de tamanho e a composição do corpo feminino, cujo maior teor de gordura tende a concentrar o álcool. Já os homens apresentam mais água no corpo, o que favorece a difusão da substância.
Foto: Fotolia/Kitty
Fato 5: A prosperidade faz o beberrão
Nos países em desenvolvimento, como a China e a Índia, o consumo alcoólico está em alta. Homens e mulheres da classe média em expansão têm agora meios para adquirir boas bebidas importadas, como cerveja alemã ou vinho francês. Ou fazer como as jovens indianas da foto: viajar até a Oktoberfest de Munique para provar a típica cerveja bávara.
Foto: DW/I. Moog
Fato 6: Embriaguez é também questão religiosa
O menor consumo do mundo é registrado no Norte da África e no Oriente Médio. No Paquistão, Kuwait, Líbia e Mauritânia, só se ingere 0,1 litro de álcool puro por ano. É que, para a religião muçulmana, essa substância é "haram" – impura, e, portanto, proibida para os fiéis. Nesses países, a bebida mais popular é o chá.
Foto: picture-alliance/dpa
Fato 7: Álcool mata. Mesmo
E agora é que a coisa começa a ficar sem graça. A OMS alerta: o consumo etílico está relacionado a mais de 200 enfermidades e condições crônicas. Essa lista, que inclui o câncer e a cirrose, mata 3,3 milhões de amigos do copo por ano – o equivalente a cerca de 6% do número global de óbitos. Mas... só se a pessoa beber muito, não é mesmo?
Foto: Getty Images
O mito: Um copo de vinho ao dia prolonga a vida
Errado. O relatório do "British Medical Journal" aponta falhas técnicas nos estudos anteriores que aconselhavam o consumo alcoólico moderado. Como eles não distinguiam entre não bebedores e os menos saudáveis ex-bebedores, os antigos cálculos não são confiáveis. Portanto, a forma mais saudável de beber, é mesmo não beber uma só gota.
Foto: DW/D. P. Lopes
A solução?
Para quem acredita cem por cento nos pesquisadores britânicos e quer ter vida longa a todo custo, só resta seguir o exemplo do Paquistão. Como mostra a foto, a república islâmica destrói regularmente, em massa, as garrafas que apreende, contrabandeadas de sua vizinha, a emergente e cada vez mais alcoólica Índia. Algum candidato a adotar solução tão radical? Quem sabe em 2016?