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Quem corre mais riscos com o novo coronavírus

12 de março de 2020

Homens mais do que mulheres, e idosos e pessoas já doentes devem tomar cuidado redobrado, pois a taxa de mortalidade entre eles é bem maior.

Mulher anda na rua com proteção na boca em Kiev, na Ucrânia
Idosos são um dos grupos mais atingidos pelo novo coronavírusFoto: picture-alliance/dpa/S. Chuzavkov

O novo coronavírus vai se espalhar rapidamente nas próximas semanas nos países que ainda não foram muito afetados, dizem especialistas. Na Alemanha, ele poderá infectar até dois terços da população. No Brasil, o Ministério da Saúde prevê um aumento exponencial em até duas semanas, e essa nova situação deverá se manter por no mínimo mais oito semanas.

Porém, na ampla maioria dos casos, a infecção resultará em sintomas leves, e os atingidos desenvolverão anticorpos contra o vírus Sars-Cov-2.

Quem corre mais riscos?

Os idosos são os que mais correm riscos. A partir dos 65 anos, a taxa de mortalidade cresce exponencialmente. Por exemplo na China: a taxa de mortalidade entre os infectados até 40 anos é de 0,2%. Entre 70 e 79 anos, é de 8%. E acima de 80 anos, sobe para 14,8%.

Por isso, principalmente os idosos deverão se cuidar nas próximas semanas ou meses, e mais ainda se eles já tiverem alguma outra doença. Esse grupo de risco deve de todas as maneiras evitar aglomerações, shows ou encontros em clubes e associações.

Avós não devem de forma alguma cuidar dos netos caso estes estejam de quarentena e não puderem ir à escola. E parentes devem assumir a tarefa de ir ao supermercado.

Quase todos os mortos pelo coronavírus já estavam doentes antes da infecção. Segundo uma análise dos casos na China feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS), os riscos são maiores em casos de doenças cardiovasculares, diabetes, pressão alta, doenças respiratórias crônicas e câncer.

E como é entre homens e mulheres?

Segundo a OMS, os homens morrem mais do que as mulheres em decorrência do Sars-Cov-2. A taxa de mortalidade na China, em meados de fevereiro, era de 2,8% para os homens e de 1,7% para as mulheres. No surto de Sars de 2003, em Hong Kong, as taxas eram semelhantes. As gripes comuns também atingem os homens com mais força do que as mulheres.

O sistema imunológico das mulheres é mais resistente do que o dos homens. Isso se deve ao hormônio feminino estrogênio, que estimula o sistema imunológico e combate agentes patogênicos de forma mais rápida e eficaz. O hormônio masculino testosterona, ao contrário, inibe o sistema imunológico.

Há também motivos genéticos, diz o virologista Thomas Pietschmann. Segundo ele, "alguns genes relevantes para a imunidade, por exemplo os genes que são responsáveis por reconhecer os agentes patogênicos, estão codificados no cromossomo X". Como as mulheres têm dois cromossomos X, e os homens apenas um, elas estão em vantagem.

O modo de vida também é determinante. Em qualquer lugar do mundo, as mulheres costumam levar uma vida mais saudável do que os homens. Na China, pouco mais da metade dos homens fuma. Entre as mulheres, o percentual é de apenas 3%.

E as crianças?

As crianças não são as mais atingidas pelo novo coronavírus. Até agora, não há crianças entre os mortos.

Claro que também crianças são infectadas, mas elas não desenvolvem a doença ou apenas apresentam sintomas leves. A explicação ainda não é conhecida. Médicos acreditam que isso se deva à imunidade inespecífica, que todo ser humano tem ao nascer e que age da mesma maneira contra qualquer agente estranho ao organismo.

Como proteção contra os primeiros agentes patogênicos, a mãe passa ao feto e mais tarde ao recém-nascido, por meio do leite materno, sua própria imunidade, chamada específica ou congênita. Desta fazem parte, por exemplo, as células exterminadoras naturais e os macrófagos.

Essa imunidade costuma dar conta do recado até as crianças desenvolverem sua própria imunidade específica, o que ocorre até os 10 anos de idade. E também depois disso, o sistema imunológico continua aprendendo a se defender de novas doenças.

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