Estudo aponta que países industrializados são os que mais se beneficiam economicamente da integração internacional. Suíça lidera o ranking, enquanto Brasil aparece na 37ª posição, à frente de Argentina, China e Índia.
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A população dos países industrializados é a que mais se beneficia economicamente da globalização, aponta um estudo da Fundação Bertelsmann, da Alemanha, divulgado nesta sexta-feira (08/06).
O estudo analisou 42 países industrializados e emergentes. A Suíça lidera o ranking de beneficiados pela integração global, seguida por Japão, Finlândia, Irlanda, Israel e Alemanha.
O Brasil figurou na 37ª posição, atrás da Bulgária e do Chile, por exemplo, e à frente dos também emergentes México, Rússia e Argentina. A Índia aparece na última posição, precedida pela China.
Na Alemanha, por exemplo, de 1990 a 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou, em termos reais, 1.150 euros por habitante por ano, graças à globalização. Na Suíça, foram 1.900 euros no mesmo período. Na Índia, apenas 20 euros. O Brasil fechou o período com 125 euros de crescimento por ano por habitante. Na Grécia, que atravessou uma das mais graves crises econômicas recentemente, o valor foi de 895 euros.
Nos Estados Unidos, o salto foi de 445 euros por ano e o país ficou na 25ª colocação na lista final. "Partindo do princípio de um alto grau de globalização, os EUA pouco expandiram seus laços internacionais desde 1990", de acordo com o estudo.
O cálculo é baseado num índice preparado pelos pesquisadores da consultoria Prognos AG em nome da Fundação Bertelsmann. As interdependências internacionais são acompanhadas no cálculo por fatores econômicos, políticos e sociais de cada país.
Levando em conta somente o ano de 2016, o Brasil, por exemplo, fechou em antepenúltimo no quesito economia, penúltimo no quesito social e em nono lugar no quesito política.
"Protecionismo é o caminho errado"
Como o levantamento faz um cálculo médio para países inteiros, os números não mostram perdedores individuais da globalização. "Para a Alemanha, é sabido que, por exemplo, a indústria têxtil e parte da eletrônica e algumas regiões são perdedoras da globalização. Nem todos na Alemanha são vencedores", afirma Cora Jungbluth, autora do estudo.
"O relatório mostra que a globalização pode claramente gerar ganhos em termos de prosperidade. O protecionismo é o caminho errado. Mas a globalização deve ser concebida de tal maneira que o ser humano esteja no centro", comentou Aart De Geus, diretor-executivo da Fundação Bertelsmann.
De Geus também se referiu à guerra comercial internacional impulsionada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que impôs tarifas de importação sobre aço e alumínio. Trump tem repetidamente classificado o livre comércio como algo prejudicial ao seu país. Na quinta-feira, a União Europeia reagiu com taxações de produtos americanos, como uísque, suco de laranja, calças jeans e motocicletas. Economistas temem uma escalada da guerra comercial.
A Fundação Bertelsmann suspeita que, em consequência da crise econômica e financeira global que eclodiu há cerca de dez anos, o volume do comércio mundial diminuiu e, em seguida, enfraqueceu mais do que antes da crise. Posteriormente, os mercados domésticos ganharam em importância e, desta forma, o crescimento do PIB impulsionado pela globalização foi menor no geral.
PV/dpa/ots
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A exploração por trás das roupas baratas
De onde vêm as peças baratas que custam apenas alguns euros? O fotógrafo esloveno Jost Franko documentou a jornada dos têxteis baratos desde os campos de algodão até os shoppings ocidentais.
Foto: Jost Franko
Suar pelos ricos
Issa Gira, de 67 anos, planta algodão há vários anos em Burkina Faso, mas continua lucrando menos de um dólar por dia. Toda a família tem de ajudá-lo na lavoura, inclusive o garoto da foto. O consumidor final nem toma conhecimento das precárias condições em que vivem essas pessoas.
Foto: Jost Franko
Controle do peso
Após a colheita, os agricultores de Burkina Faso trazem o produto para os postos de coleta na vila mais próxima. Antes disso, uns ajudam os outros a comprimir o algodão em grandes fardos, para pesá-lo. "Ninguém se preocupa com o cultivo, o primeiro elo da cadeia de produção de roupas", adverte o fotógrafo.
Foto: Jost Franko
Quase tão valioso quanto ouro
Mais de quatro milhões de pessoas trabalham na produção de algodão em Burkina Faso. O algodão é a segunda matéria-prima burquinense mais valiosa, depois do ouro. A Sofitex é uma das três empresas no país que compram o algodão dos agricultores e lhes dá empréstimos. A Sofitex exporta cerca de 540 mil toneladas de algodão por ano. Na foto, agricultores em cima de um contêiner da empresa.
Foto: Jost Franko
Colonialismo moderno
"Os subsídios do Ocidente para a produção de algodão levam a dumping nos preços, causando altos prejuízos aos países pobres", afirma Franko. Para ele, a produção de algodão e de roupas nos países pobres é só outra forma de colonialismo. "As pequenas empresas muitas vezes trabalham como contratadas de empresas maiores. O aluguel é caro para os trabalhadores, por isso eles também dormem no local."
Foto: Jost Franko
Costureiras em Daca
Trabalhadoras cortam tecido em uma fábrica em Daca, Bangladesh, coração mundial da indústria têxtil barata, onde elas ganham em média 2,20 euros por dia. Empresas como H&M, Walt Disney e Lidl têm seus produtos fabricados aqui. A região foi manchete em 24 de abril de 2013, quando o prédio Rana Plaza desabou, causando a morte de 1.129 pessoas.
Foto: Jost Franko
O outro lado da União Europeia
"É difícil falar de condições justas de produção mesmo em marcas caras", diz Franko sobre esta foto, que mostra trabalhadores romenos. "As condições de trabalho nas fábricas de roupas da Romênia são muito melhores que na maioria dos países asiáticos e africanos, mas os salários, de no máximo 200 euros, ainda são extremamente baixos, em certos casos menores que na China. E essa é a União Europeia!"
Foto: Jost Franko
Curta vida útil
A indústria da moda passa por uma estagnação em termos de tendências. Por isso, muitas peças de roupa podem ser usadas por mais tempo. Mesmo assim, a cada ano são vendidas mais de 80 bilhões de peças em todo o mundo. A má qualidade e o baixo preço facilitam o descarte. Só nos Estados Unidos surgem a cada ano mais de 15 milhões de toneladas de lixo têxtil.
Foto: Jost Franko
De olho só no preço
"O algodão tem uma história obscura, e, na minha opinião, os problemas decorrentes de seu comércio nunca foram resolvidos", lamenta o fotógrafo Jost Franko. Embora se fale muito disso, os consumidores parecem não se preocupar: "Acho que é mais fácil fechar os olhos. Os problemas têm raízes profundas e não são só da indústria têxtil."
Foto: Jost Franko
Movimento global
Fashion Revolution é um movimento global que exige maior transparência, sustentabilidade e ética na indústria da moda. A semana em que se lembra o desabamento do Rana Plaza em Bangladesh foi declarada Semana da Revolução da Moda, com a campanha #whomademyclothes, em que o consumidor é encorajado a questionar "Quem fez minhas roupas" e exigir maior transparência na cadeia de produção de têxteis.