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Quem promete o que na eleição alemã

Christoph Ricking
23 de setembro de 2017

Veja as propostas de cada legenda em relação aos temas que mais preocupam os eleitores alemães, como segurança, trabalho, impostos e imigração.

Jogo de dados em frente a fotos de Angela Merkel e Martin Schulz
Foto: picture-alliance/U. Baumgarten

Mais de 60 milhões de eleitores alemães estão convocados a escolher os novos deputados do país neste domingo (24/10), numa eleição que, ao final, definirá se a chanceler federal Angela Merkel continuará no poder.

Para conquistar os eleitores, cada partido definiu suas metas em relação a uma série de assuntos. Veja o que eles estão prometendo em áreas como segurança, trabalho, impostos e imigração, caso cheguem ao poder:

Segurança

Os principais partidos da Alemanha concordam no quesito segurança: o país precisa de mais policiais. A CDU e o SPD querem 15 mil novos policiais nos níveis nacional e estadual. Também o Partido Verde e o partido A Esquerda defendem o aumento no número de policiais.

Os liberais reivindicam um equilíbrio entre segurança e liberdade e exigem o respeito dos direitos fundamentais e do Estado de direito. O partido rejeita o armazenamento de dados e defende uma abordagem "responsável" em relação à vigilância por vídeo. Já o nacionalista de direita AfD dá especial atenção em seu programa eleitoral ao combate da criminalidade praticada por estrangeiros.

Mercado de trabalho

Pleno emprego até 2025 – essa é a meta da CDU, partido da chanceler federal Angela Merkel, em seu programa eleitoral. O objetivo é reduzir a taxa de desemprego para menos de 3%. Um objetivo difícil, considerando que a média de 2017 é 5,9%. A CDU/CSU defende também a flexibilização da jornada de trabalho e mais apoio aos empreendedores.

Pleno emprego: meta de CDU e SPDFoto: picture-alliance/dpa/C. Rehder

Também os social-democratas querem a criação de mais postos de trabalho para alcançar o pleno emprego. O SPD quer ajustar o salário dos trabalhadores terceirizados ao dos funcionários contratados.

Já os verdes querem melhorar as condições de trabalho com pisos salariais específicos por setor mais altos que o salário mínimo, ou por meio de um horário de trabalho flexível. A Esquerda quer estender o período de concessão do auxílio desemprego e elevar o piso mínimo dos atuais 8,84 euros por hora para 12 euros. Já o Partido Liberal Democrata (FDP) exige melhores condições para empregadores por meio de menos regulações sobre o horário de trabalho. Além disso, o partido quer apoiar empreendedores e start-ups.

Imigração

A CDU/CSU quer manter baixo o número de refugiados no país. Um limite concreto, no entanto, como pretende a CSU, não aparece no programa eleitoral. Ambos prometem uma lei que permita a entrada no país de trabalhadores qualificados que tenham um contrato para trabalhar na Alemanha. CDU e CSU não querem uma lei de imigração e prometem deportar todos os que tiverem os pedidos de asilo rejeitados.

Imigração conforme o modelo canadense: uma demanda do SPD e dos verdesFoto: picture-alliance/The Canadian Press/A. Bresge

O SPD quer uma lei de imigração nos moldes do sistema de pontuação empregado no Canadá. O Parlamento seria responsável por definir o número de imigrantes. Quem quiser migrar para a Alemanha receberia pontos conforme a qualificação, conhecimentos linguísticos e idade. Quanto mais pontos, melhores suas chances de ficar na Alemanha.

Leia a cobertura completa sobre a eleição na Alemanha em 2017

Da mesma forma, os verdes prometem fazer pressão por uma lei de imigração com sistema de pontos. Eles querem que a qualificação profissional de estrangeiros seja mais facilmente reconhecida e reivindicam menos burocracia nesta avaliação. Refugiados deveriam ter a possibilidade de trocar seu status para o de "trabalhadores migrantes" desde que cumpram determinados requisitos. Os verdes também são explicitamente contra deportar refugiados para o Afeganistão.

A Esquerda rejeita um sistema de pontuação aos moldes canadenses. Na visão do partido, a Alemanha deveria ser uma "sociedade aberta à imigração", facilitando consideravelmente a naturalização. 

Já a AfD defende uma cota anual mínima de deportações. Para evitar a chegada de novos refugiados, defende  o fechamento das fronteiras e a construção de cercas. 

Integração

A CDU/CSU quer  impedir que a dupla cidadania seja transmitida de geração para geração. O programa eleitoral da legenda prevê que migrantes e seus filhos podem ter dois passaportes, mas as próximas gerações devem se decidir por uma nacionalidade. Além disso, o partido defendem que a "cultura guia" seja a alemã. Nesse contexto, define uma série de valores e habilidades, como o idioma, a motivação e a equiparação entre homem e mulher.

Os verdes, o SPD e A Esquerda rejeitam o debate sobre a "cultura guia". Os três partidos são a favor da manutenção da dupla cidadania. 

Política fiscal

O programa de CDU e CSU quer eliminar cerca de 15 bilhões de euros em impostos. A taxa de tributação mais alta, de 42%, incidiria sobre uma renda anual a partir de 60 mil euros, em vez dos atuais 54 mil euros, no caso de pessoas solteiras. A taxa de tributação para ricos, de 45%, atingiria rendas anuais a partir de 232 mil euros, em vez dos atuais 251 mil euros, também no caso de solteiros. Além disso, a CDU promete que a chamada "taxa de solidariedade" seja extinta gradualmente entre 2020 e 2030 – recuando 0,5 ponto percentual por ano. Essa contribuição existe desde a década de 1990 principalmente para financiar os custos da reunificação alemã.

Por impostos mais baixos: CDU, SPD e FDP prometem salários líquidos maioresFoto: picture alliance/dpa

Também o SPD defende um alívio fiscal de 15 bilhões de euros. Além disso, quer elevar para 60 mil euros o piso para a tributação mais alta. No entanto, os social-democratas querem canalizar novamente uma parte do dinheiro para o governo, criando uma faixa de imposto mais alta ainda, com um percentual de 45% sobre uma renda anual (para solteiros) a partir de 76 mil euros. A tributação para ricos com renda a partir de 250 mil euros subiria de 45 para 48%.

Os liberal-democratas planejam amplas reduções de impostos – no total de 30 bilhões de euros no próximo período legislativo. A Esquerda defende uma taxa de 75% para ricos, no caso de renda anual a partir de um milhão de euros. O partido também quer taxas mais altas sobre rendimentos da receita do capital, bem como sobre heranças.

Defesa

A CDU quer aumentar os gastos com a defesa para 2% do Produto Interno Bruto da Alemanha até 2025 – como reivindicam a Otan e os Estados Unidos. Os liberais  também querem aumentar os gastos com a defesa. 

Já o SPD é contra a meta de 2%. Os verdes e A Esquerda rejeitam aumentar os gastos com a defesa do país. A Esquerda, particularmente, quer até reduzir o orçamento em 30% e retirar as tropas alemãs de todas as missões no exterior. Além disso, o partido quer tirar a Alemanha da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

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