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ConflitosSíria

Quem são os drusos, grupo no centro de disputa Israel-Síria

Matthew Ward Agius
18 de julho de 2025

Comunidade integra vertente religiosa composta por sistema eclético de doutrinas, tem sido foco de nova onda de violência na Síria, que levou Israel a bombardear Damasco.

Homens das forças drusas, uma minoria na Síria, celebram segurando armas, sobre uma caminhonete, na província de Sueida, no sul do país, a retirada das tropas do governo da região.
Combatentes das forças drusas celebram a retirada das tropas do governo sírio da província de Sueida nesta semanaFoto: Shadi Al-Dubaisi/AFP

Uma minoria está no centro de um conflito na Síria, após a eclosão de uma nova onda de violência. O que começou como um enfrentamento entre beduínos locais e drusos transformou-se num embate internacional depois de Israel bombardear o centro da capital síria, Damasco, nesta semana. Apesar de um cessar-fogo ter sido declarado, o número de mortos já chega a mais de 300.

Mas quem são os drusos e por que eles protagonizam esse episódio? A comunidade drusa tem uma longa história no Oriente Médio, com populações espalhadas por diferentes países da região.

Os drusos integram uma seita religiosa caracterizada por um sistema eclético de doutrinas. Eles praticam uma religião abraâmica única que se desenvolveu a partir de um ramo do islamismo xiita a partir do século 11. Mas não se identificam como muçulmanos: acreditam na reencarnação e não aceitam conversões.

Na Síria, estima-se que sejam cerca de 700.000, o que representa cerca de 3% da população. Os outros grupos principais no país são os sunitas, cerca de 70% da população, os alauitas, em torno de 10%, e os xiitas, 3%. Devido aos recentes episódios de violência, os drusos têm pressionado o novo governo provisório sírio, dominado por sunitas, a assegurar direitos das minorias.

Onde vivem os drusos?

Em todo o mundo, existem cerca de um milhão de drusos. Na Síria, as comunidades estão localizadas predominantemente na província de Sueida, no sul do país, e nos bairros de Jaramana e Ashrafiyat Sahnaya, em Damasco. Líbano, Israel e Jordânia também têm populações drusas.

Estima-se que 150.000 vivam em Israel e que cerca de 20% tenham cidadania israelense. E, assim, são elegíveis para o serviço militar obrigatório, com oficiais de alto escalão sendo considerados importantes. A maioria deles vive no norte israelense e nas Colinas de Golã, ocupadas por Israel.

A relação com a Síria

Após o colapso do regime autoritário de Bashar al-Assad, na Síria, houve respostas distintas da comunidade drusa ao governo liderado pelo ex-líder rebelde Ahmed al-Sharaa.

Alguns líderes manifestaram apoio a uma Síria unificada e plural e expressaram disposição para trabalhar com o governo interino. Outros adotaram uma postura mais conflituosa. A comunidade drusa também opera suas próprias forças de segurança e, com isso, resistiu à centralização do novo governo.

No início deste ano, mais de 100 drusos foram mortos em confrontos com as forças do governo, que, estima-se, também mataram outras 1.700 pessoas, grande parte da minoria alauita.

Após a retirada das tropas governamentais de Sueida nesta semana, al-Sharaa se comprometeu a proteger a comunidade drusa da violência, dizendo que responsabilizaria "aqueles que transgrediram e abusaram do nosso povo druso, já que essas pessoas estão sob a proteção e responsabilidade do Estado".

A relação com Israel

O governo de Israel afirma que deseja proteger os drusos sírios, e há certo apoio a essa posição entre drusos israelenses. Embora existam diferentes facções e opiniões dentro da comunidade drusa da Síria, observadores afirmam que a maioria rejeita as ofertas de "proteção" de Israel.

Analistas veem a postura de Israel como um pretexto para limitar a influência síria no sul do país. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, já exigiu anteriormente "a desmilitarização completa do sul da Síria". Tropas israelenses, no entanto, foram observadas se movimentando além das zonas-tampão entre Israel e a Síria, avançando ainda mais para o sul.

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