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Quem são os Reichsbürger?

20 de outubro de 2016

Movimento de extrema direita não é unificado nem tem ideologia própria. Em comum, a negação da existência da República Federal da Alemanha, com suas instituições e leis, e o reconhecimento do "Império Alemão".

Reichsbürger
Bandeira de um "reino" diante de uma casa em Georgensgmünd, na BavieraFoto: picture-alliance/dpa/N. Armer

O movimento de extrema direita Reichsbürger (literalmente cidadãos do Império Alemão) não é claramente definido, já que não existe um movimento propriamente dito nem uma ideologia própria e unificada. Há diversos pequenos grupos e também indivíduos isolados que são, em parte, desafetos. Eles existem principalmente nos estados de Brandemburgo, Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental e Baviera.

Uma coisa, porém, todos parecem ter em comum: eles não reconhecem a existência da República Federal da Alemanha como Estado e afirmam que o Império Alemão continua existindo (para alguns, dentro das fronteiras de 1937) e é um território ocupado pelos Aliados. Assim, eles não reconhecem a legitimidade da Lei Fundamental (Constituição), das autoridades e dos tribunais e não aceitam notificações oficiais.

Como não aceitam a existência da República Federal da Alemanha, os Reichsbürger rejeitam também o pagamento de impostos e taxas e criam os seus próprios pequenos "territórios", com denominações como "Segundo Império Alemão", "Estado Livre da Prússia" ou "Principado Germânia". Eles imprimem documentos fictícios, como passaportes e carteiras de motorista, e produzem camisetas e bandeiras. Até dinheiro próprio alguns mandam imprimir.

Um caso notório é o de Wolfgang Ebel, frequentemente apontado como o precursor do fenômeno. Já em meados dos anos 1980, ele se declarou "chanceler imperial" e criou, em Berlim, um "governo imperial provisório", afirmando que poderia, em nome dos Aliados, governar o "Império Alemão". Como vários outros Reichsbürger, Ebel considera a República Federal da Alemanha uma empresa e não um Estado, fruto de uma conspiração de judeus e maçons. Logo alguns seguidores se afastaram dele e criaram seus próprios "reinos", dando início à divisão que existe até hoje.

Reichsbürger protestam em Berlim, diante do Reichstag, contra a existência da República Federal da AlemanhaFoto: Imago/Future Image

Trabalho adicional e ameaças

De acordo com o serviço secreto interno da Alemanha, existem apenas algumas centenas de Reichsbürger no país. Em Brandemburgo, o número é estimado entre 150 e 200 pessoas. Em geral, eles são do sexo masculino, têm mais de 50 anos e pertencem às classes menos favorecidas da sociedade. As autoridades avaliam que há vários casos inofensivos. Estudiosos afirmam que muitos deles são pessoas falidas que, diante da cobrança de contas, taxas e multas, argumentam que o Direito alemão não vale para elas. Mas há também muitos notórios populistas, neonazistas e antissemitas.

Um problema adicional é a crescente radicalização de alguns Reichsbürger. A maioria dos casos começa com o envio de requerimentos e de recursos às autoridades locais, contestando cobranças e outras exigências legais. Independentemente do conteúdo, os órgãos públicos alemães são obrigados por lei a protocolar e analisar todos esses requerimentos. Vários prefeitos reclamam que, além de gerar trabalho sem sentido, os Reichsbürger também os agridem verbalmente e até fisicamente. Em muitos casos, as agressões são filmadas e divulgadas na internet.

Reichsbürger exibe um "passaporte do Império Alemão"Foto: Picture-Alliance/dpa/P. Seeger

Na Baviera há um caso em que Reichsbürger invadiram um tribunal e furtaram arquivos. Devido aos constantes ataques em Wittenburg, em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, os funcionários da prefeitura local receberam treinamento de segurança. Objetos pontiagudos foram retirados das mesas de trabalho, e as portas da prefeitura não são mais fáceis de abrir. Em Brandemburgo, sistemas de chamadas de emergência foram testados no edifício da Secretaria da Fazenda.

Casos de violência extrema

Os Reichsbürger têm chamado a atenção por ações cada vez mais violentas. Na Saxônia-Anhalt, a polícia foi chamada para evitar o uso de armas numa ação de despejo. Na cidade de Reuden, também na Saxônia-Anhalt, um Reichsbürger atirou contra policiais das forças especiais de segurança, que, na visão dele, "invadiram o seu Estado".

A polícia encontrou grandes quantidades de armas e munições em várias operações de busca em domicílios. Em Höxter, na Renânia do Norte-Vestfália, um grupo do "Estado Livre da Prússia" tentou montar sua própria força de segurança comprando armas no exterior.

Após o recente incidente na Baviera, quando um homem atirou contra quatro policiais, causando a morte de um deles, o secretário estadual do Interior, Joachim Herrmann, anunciou que os Reichsbürger começarão a ser observados e acompanhados de mais perto pelas autoridades locais.

PV/dw/dpa/ard

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