Quem será o vice de Kamala Harris na corrida à Casa Branca?
3 de agosto de 2024
Candidata democrata assegurou o apoio interno necessário para sacramentar sua nomeação. Agora, ela corre contra o tempo para escolher seu vice. Dois governadores e um senador são os favoritos no páreo. Saiba quem.
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A três meses das eleições presidenciais americanas, o Partido Democrata corre para formar sua nova chapa, após o anúncio da desistência de Joe Bidenà tentativa de reeleição. Nesta sexta-feira (02/08), a vice-presidente, Kamala Harris, assegurou o apoio interno necessário para sacramentar a nomeação, a ser oficializada em convenção partidária marcada para o dia 19 de agosto – rito que deve ser uma mera formalidade.
Agora, resta saber quem será seu vice. A expectativa é que o anúncio seja feito na próxima terça-feira, em um evento de campanha na Filadélfia.
Antes da decisão, Harris pretende se encontrar pessoalmente com todos os aspirantes ao posto neste fim de semana, no Observatório Naval em Washington, onde fica a residência oficial dos vice-presidentes dos EUA.
A DW lista os principais nomes cotados.
Josh Shapiro
Relativamente novo no cenário político nacional e considerado um moderado, o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, é um dos nomes favoritos nas casas de apostas.
Com 51 anos, ele poderia beneficiar Harris em dois pontos em particular: o primeiro seria ajudar a converter os votos da Pensilvânia, que, com seus 19 delegados, é considerado um dos estados-pêndulos (swing states), ou seja, que votam em democratas ou em republicanos, dependendo do contexto em que se desenvolvem as eleições.
Além disso, poderia angariar votos do importante eleitorado judeu nos EUA. Por outro lado, a escolha de Shapiro poderia afastar o pequeno eleitorado palestino. De qualquer forma, é pouco provável que isto seja decisivo no resultado das eleições.
Antes de se tornar governador, derrotando o candidato apoiado por Donald Trump em 2022, Shapiro foi duas vezes procurador-geral da Pensilvânia e responsável por denunciar casos de abuso sexual contra crianças cometidos por sacerdotes católicos.
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Tim Walz
Conhecido por sua maneira prática e direta de transmitir mensagens políticas, o governador de Minnesota, Tim Walz, deu ao ex-presidente Donald Trump o rótulo de "weird", que significa "estranho" ou "esquisito", em português, tornando o termo frequente entre os democratas quando o candidato republicano ou seu vice, J.D. Vance, se manifestam.
"Você já viu Trump rir?", perguntou Walz recentemente à CNN: "Quando Trump ri, é de alguém e não com alguém!", declarou.
Walz nasceu em 1964, mesmo ano que Harris, e com declarações como essa quer mostrar como é possível perturbar um adversário político rindo dele.
"Apenas ouça esse cara", recomenda Waltz referindo-se a Trump. "Ele simplesmente deixa escapar qualquer m**** que lhe vem à cabeça: nós o levamos muito a sério!"
Mark Kelly
Na lista dos três favoritos está também Mark Kelly, de 60 anos, senador pelo Arizona, outro estado-pêndulo, onde Biden venceu Trump por pequena margem em 2020.
Kelly é um ex-militar e ex-astronauta, com status de herói popular. Entre 1996 e 2011, seu local de trabalho, assim como o de seu irmão gêmeo Scott, foi na cabine de ônibus espaciais.
Trump é "um velho desesperado e assustado", diz Kelly, "nada mais do que um criminoso condenado", em contraste com Harris, afirma, que é uma candidata "fantástica e histórica".
Depois que sua esposa quase morreu ao ser baleada em 2011, Kelly faz campanhas a favor do controle de armas.
Outros nomes possíveis
Andy Beshear, governador de Kentucky de 46 anos e um defensor do aborto, Pete Buttigieg, secretário de Transportes de Biden de 42 anos e pré-candidato nas primárias democratas em 2020, e JB Pritzker, o bilionário governador de Illinois de 59 anos, também são contados para assumir o posto de vice na chapa democrata.
Para Harris, a relação pessoal de confiança parece ser tão importante quanto as considerações estratégicas.
"A química tem que estar certa", enfatizam repetidamente pessoas próximas a ela.
le/ra (ARD, ots)
Que poderes tem o presidente americano?
Muitos pensam que quem chefia a Casa Branca tem a supremacia política mundial. Mas não é bem assim: os poderes do presidente dos Estados Unidos são limitados por instrumentos democráticos.
Foto: Klaus Aßmann
O que diz a Constituição
O presidente dos EUA é eleito por quatro anos, com direito a uma reeleição. Ele é, ao mesmo tempo, chefe de Estado e de governo. Cerca de quatro milhões de pessoas trabalham no Executivo americano, incluindo as Forças Armadas. É tarefa do presidente implementar as leis aprovadas pelo Congresso. Como o mais alto diplomata, ele pode receber embaixadores − e assim reconhecer outros Estados.
Foto: Klaus Aßmann
Controle entre os Poderes
Os Três Poderes se influenciam mutuamente, de forma que limitam o poder um do outro. O presidente pode conceder indultos a pessoas condenadas e nomear juízes federais − mas somente com a aprovação do Senado. O presidente também nomeia seus ministros e embaixadores − se aprovados pelo Senado. Esta é uma das formas de o Legislativo controlar o Executivo.
Foto: Klaus Aßmann
A importância do Estado da União
O presidente informa o Congresso sobre a situação do país no pronunciamento chamado Estado da União. Embora não esteja autorizado a apresentar propostas de leis ao Congresso, o presidente americano pode apresentar ali os temas que acha importantes e, assim, pressionar o Congresso a tomar atitudes. Mas não mais do que isso.
Foto: Klaus Aßmann
Ele pode dizer "não"
Quando o presidente devolve um projeto de lei ao Congresso sem sua assinatura, isso significa que ele o vetou. Esse veto só pode ser anulado pelo Congresso com uma maioria de dois terços em ambas as câmaras (Câmara dos Representantes e Senado). Segundo dados do Senado, em toda a história, dos pouco mais de 1.500 vetos, apenas 111 foram anulados, ou seja, 7%.
Foto: Klaus Aßmann
Pontos indefinidos
A Constituição e as decisões da Suprema Corte não explicitam claramente quanto poder o presidente tem. Um truque permite um segundo tipo de veto, o "veto de bolso". Sob certas circunstâncias, o presidente pode "embolsar" um projeto de lei e assim ele não terá validade. O Congresso não pode anular esse veto. O truque já foi usado mais de mil vezes.
Foto: Klaus Aßmann
Instruções com poder de lei
O presidente pode ordenar aos funcionários do governo que cumpram suas responsabilidades. Essas ordens, conhecidas como "executive orders", têm força de lei. Ninguém precisa ratificá-las. Mesmo assim, o presidente não pode fazer o que bem entender. Tribunais podem derrubar essas ordens ou o Congresso pode aprovar uma lei contra elas. Ou então o próximo presidente pode simplesmente revogá-las.
Foto: Klaus Aßmann
Pequena autonomia
O presidente pode negociar acordos com outros governos, mas no final eles têm que ser aprovados por uma maioria de dois terços pelo Senado. Para contornar isso, em vez de acordos, os presidentes usam "acordos executivos", são documentos governamentais que não requerem a aprovação do Congresso. Eles podem ser aplicados desde que o Congresso não se oponha ou aprove leis que invalidem o acordo.
Foto: Klaus Aßmann
Congresso pode intervir
O presidente é o comandante supremo das Forças Armadas, mas é o Congresso que pode declarar guerra. Não está definido até que ponto um presidente pode comandar soldados em um conflito armado sem aprovação prévia. Isso aconteceu na Guerra do Vietnã, quando o Congresso interveio por lei após achar que o presidente extrapolou sua competência.
Foto: Klaus Aßmann
Impeachment e rejeição do Orçamento
Se um presidente abusar de seu cargo ou cometer algum crime, a Câmara dos Representantes pode iniciar um processo de impeachment. Isso já aconteceu três vezes na história americana, mas sem sucesso. No entanto, existe uma ferramenta mais poderosa para tolher o presidente: por ser responsável pela aprovação do Orçamento público, o Congresso pode vetá-lo e, assim, paralisar o trabalho do governo.