Quem tem permissão para usar a marca "Chocolate de Dubai"?
Nadine Mena Michollek
7 de dezembro de 2024
Consta que tudo começou com o desejo de uma grávida – e a combinação de chocolate, creme de pistache e aletria ganhou o mundo. Porém, não se trata de uma denominação de origem protegida? E quem poderia explorá-la?
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Uma feira de Natal tradicional na cidade de Colônia, com guloseimas e um aroma doce no ar. O público é internacional: além de alemão, escuta-se falar francês, inglês, holandês.
Atrás da vitrine de uma das barraquinhas está um monte de castanhas de caju e frutos secos. Mas a maior parte da clientela está mesmo à procura do produto colocado bem no centro da pilha: chocolate de Dubai feito à mão.
O estande pertence à empresa Kischmisch, que a rigor comercializa especialidades da Ásia Central. Mas, como conta o fundador Nasratullah Kushkaki, atualmente o novo chocolate é o campeão de vendas, esgotado quase todos os dias – apesar do preço de 7,50 euros (R$ 47,90) por 100 gramas.
O empresário teuto-afegão não está sozinho em aproveitar a onda: pelos mercados natalinos do país, se pode tomar chocolate de Dubai quente, comê-lo em crepes e waffles. Mas será que é permissível simplesmente adotar essa marca assim?
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Chocolate, creme de pistache, aletria e marketing
Como sugere o nome, essa variação de chocolate tem sua origem na cidade mais populosa dos Emirados Árabes Unidos. Consta que a criadora foi Sarah Hamouda, fundadora da firma Fix Dessert Chocolatier.
No Instagram, ela conta que tudo começou com seus desejos de grávida. Como o marido simplesmente não encontrava em Dubai nada que os satisfizesse, ela própria inventou a combinação de chocolate em barra com recheio de pistache e fios crocantes de aletria, ou cabelo de anjo. A ideia viralizou no TikTok.
Qualquer um pode produzir essa mesma variação de chocolate, a questão é se pode ser chamada "de Dubai". Em geral, uma indicação de origem para produtos alimentares precisa ser registrada em âmbito internacional. Exemplo conhecido é o champanhe: esse tipo de vinho espumante só pode ser denominado assim se realmente provém da região francesa de Champagne.
As normas de proteção de origem estão estipuladas no Ato de Genebra do Acordo de Lisboa, assinado por 30 parceiros internacionais, entre os quais a União Europeia. Contudo ele só é válido nos países signatários, o que não é o caso dos Emirados Árabes Unidos, explica o advogado especializado em patentes Rüdiger Bals.
Por outro lado, também são possíveis acordos bilaterais, complementa o Departamento Alemão de Patentes e Marcas (DPMA): "Teoricamente, os emiradenses poderiam declarar 'chocolate de Dubai' como uma indicação de origem protegida em seu país, e requerer à Comissão Europeia que a reconheça."
Pedidos de registro avançam, vendas também
No momento, numerosas confeitarias, influenciadores e até grandes fabricantes de chocolate, como a suíça Lindt, estão surfando no modismo, vendendo seus cobiçados produtos como "chocolate de Dubai" – a preços pouco justificáveis e forçando os fãs a ficarem horas nas filas para comprá-los.
Apenas na Alemanha, foram apresentados 19 requerimentos para registro de marcas para doces com a designação "Dubai", no resto da Europa são mais de 30. Porém Bals está cético de que esses pedidos tenham sucesso, "pois no direito de marcas se examina, entre outros pontos, se há componentes diferenciais relevantes, e aí o nome "chocolate de Dubai' não vai bastar".
Enquanto a polêmica burocrática corre, a nova mania prospera. O comerciante Nasratullah Kushkaki é um dos que estão lucrando com a enorme demanda da novidade "exótica" na feira natalina de Colônia.
O encanto dos mercados de Natal da Alemanha
Os mercados de Natal existem desde a Idade Média. A cada ano, cerca de 2.500 feiras oferecem decoração natalina, vinho quente e outras delícias. A DW selecionou alguns dos mais bonitos.
Foto: Essen Marketing GmbH
Striezelmarkt de Dresden
O mercado de Natal mais antigo da Alemanha é o Striezelmarkt, realizado pela primeira vez em 1434. O mercado abriu seus portões no dia 23 de novembro pela 588ª vez. Os visitantes devem experimentar obrigatoriamente o vinho quente, assim como os tradicionais doces Dresdner Christstollen e Striezel.
Foto: picture alliance/dpa/dpa-Zentralbild
O Christkindlesmarkt de Nurembergue está de volta
O Christkindlesmarkt abre sempre na sexta-feira do primeiro fim de semana de Advento e é marcado por um prólogo lido pelo Christkind (Menino Jesus), representado por uma garota fantasiada de anjo. O mercado de Nurembergue é um dos maiores e mais populares da Alemanha. Antes da pandemia de covid, ele atraía 2 milhões de pessoas ao ano. Ele volta a ser realizado após uma pausa de dois anos.
Foto: picture alliance/Geisler-Fotopress
Colônia tem a feira de Natal mais popular
Outro célebre mercado de Natal alemão é realizado aos pés da Catedral de Colônia. Com mais de 4 milhões de visitantes por ano, é um dos mais procurados no país. Os organizadores colocam ênfase na sustentabilidade. Todas as mercadorias que não vêm da Alemanha ou da Europa precisam ter a certificação de comércio justo.
Foto: picture alliance/Panama Pictures
Magia natalina em frente à prefeitura de Berlim
Este ano, Berlim terá cerca de 60 mercados de Natal. O que fica em frente à prefeitura da cidade é um bom lugar para começar o passeio. Uma volta na roda gigante de 50 metros de altura oferece uma vista magnífica sobre Berlim. Há também uma pista de patinação no gelo e muitos lugares para degustar vinho quente.
Foto: Janina Mähliß
Em Leipzig, as tradições são mantidas vivas
O mercado de Natal de Leipzig fica no centro da histórico da cidade e remonta ao século 15, o que faz dele um dos mercados mais antigos da Alemanha. Com cerca de 300 bancas, ele também é um dos mais visitados. Não se pode perder os trombonistas que tocam diariamente música tradicional da varanda da prefeitura.
Foto: picture alliance/dpa
Mercado de Natal de Lübeck
O mercado de Natal de Lübeck tem uma tradição de 400 anos. Ele fica em meio aos prédios históricos do centro antigo, considerado Patrimônio Mundial pela Unesco. O mercado foi aberto em 21 de novembro. Além das bolachas de gengibre, vinho quente e maçãs assadas, os visitantes podem ver a produção de marzipã. O famoso produto de Lübeck é popular em toda a Alemanha, mesmo fora da época natalina.
Foto: picture alliance/dpa
Dortmund tem a maior árvore de Natal da Alemanha
Fãs de mercados de Natal têm uma atração especial em Dortmund: uma árvore de Natal de 45 metros de altura, enfeitada por 50 mil luzes e ornamentos. Nas dezenas de bancas, são vendidos decorações, presentes, lanches e muito mais.
Foto: picture alliance/dpa
Gastronomia de todo o mundo em Essen
Há de tudo para todos no mercado de Natal de Essen, com suas mais de 250 bancas onde os visitantes podem encontrar produtos artesanais, assim como delícias culinárias de todo o mundo. E mais: em 2022 o mercado celebra 50 anos.
Foto: Essen Marketing GmbH
Natal na água em Lindau
O pitoresco mercado no porto de Lindau fica junto ao Lago de Constança, com os Alpes no horizonte. E inclui um evento especial: no sábado após o dia de São Nicolau (6 de dezembro), corajosos nadadores mergulham nas águas geladas do lago.