Sem o ex-presidente, tendência é de pulverização. Em um primeiro momento, Marina é a maior beneficiada, mas saída do petista abriria possibilidades para outros nomes, como Joaquim Barbosa, que começa a despontar.
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Favorito nas eleições presidenciais deste ano, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou mais distante de ver sua candidatura vingar após ser condenado em segunda instância em janeiro, o que o colocou na rota da Lei da Ficha Limpa.
Preso desde o dia 7 de abril, o petista também arrisca nem sequer participar da campanha eleitoral. Oficialmente, o partido ainda mantém o ex-presidente como pré-candidato e se agarra ao lema "eleição sem Lula é fraude”.
Nos bastidores, no entanto, alguns membros da sigla já começam explorar silenciosamente cenários em que a candidatura do petista será mesmo barrada. Estão sendo estudadas alternativas como a substituição de última hora de Lula pelo ex-prefeito Fernando Haddad ou pelo ex-governador Jaques Wagner ou até mesmo uma aliança com o pré-candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes.
Tudo isso para tentar segurar junto ao partido as intenções de voto de Lula, que passam de 30%, segundo várias pesquisas.
Dispersão e anulação
Mas o PT vai enfrentar dificuldades de segurar esses eleitores. Os cenários sem Lula, por enquanto, indicam dispersão dos votos entre vários candidatos – alguns até mesmo de tendência ideológica oposta ao petista – e um aumento gritante de votos brancos e nulos.
De acordo o analista Oliver Stuenkel, da FGV-SP, sem Lula na disputa, a eleição vai ser pulverizada.
Apesar dessa dispersão, já é possível apontar os candidatos que mais se beneficiariam imediatamente da ausência: Ciro Gomes e Marina Silva (Rede). Segundo o instituto Datafolha, Marina poderia herdar, já num primeiro momento, 20% dos votos do petista, aponta levantamento divulgado neste domingo (15/04). Ciro aparece em seguida, com 15%.
Segundo o Datafolha, parte do eleitorado de Lula se dispersaria. Eles se mostram dispostos a apoiar até nomes da direita, como Jair Bolsonaro (PSL) e Geraldo Alckmin (PSDB).
Sem Lula, Bolsonaro passa por enquanto para a primeira posição isolada em todas as pesquisas. Segundo a última do Datafolha, ele chega a 17% das intenções de voto, em empate técnico com Marina Silva, que teria 15%.
Mais chamativo, no entanto, é que mais de um terço dos eleitores de Lula declararam que vão votar branco ou nulo caso o petista fique de fora da eleição. "Isso demonstra que o eleitorado é do Lula, e não do PT. É um eleitorado heterogêneo", diz o cientista político Riscado Ismael, da PUC-Rio.
Segundo o Datafolha, nos cenários sem Lula, um possível substituto petista como Jaques Wagner só seria capaz por enquanto de abocanhar 1% dos votos do ex-presidente. Outro levantamento já havia apontando que o poder de transferência de votos de Lula já não é mais ou mesmo de outrora, quando o petista era capaz de emplacar facilmente desconhecidos do eleitorado como Dilma Rousseff. Entre os lulistas, apenas dois terços dizem que votariam no indicado pelo ex-presidente com certeza.
Tal cenário pode ser desestimulante para os petistas que esperam herdar automaticamente os votos, mas também sugere que todos os pré-candidatos têm bastante campo para tentar ampliar seu apelo junto ao eleitorado.
Ciro, Marina e Bolsonaro
Ideologicamente próximo de Lula, Ciro Gomes vem assumindo um protagonismo maior desde que os problemas legais passaram a assombrar a candidatura do petista. No PT, algumas figuras cogitam até mesmo oferecer ao pedetista a cabeça de chapa em uma eventual aliança, com um vice sendo do PT.
Contam a favor de Ciro o fato de ele ter experiência em eleições presidenciais (foi candidato em 1998 e 2002) e de o PDT contar com mais 61 milhões de reais do recém-criado fundo de campanhas, além da possibilidade de fechar alianças. No entanto, vários petistas não gostaram de Ciro ter se mantido distante do ex-presidente nas últimas semanas. Ele, por exemplo, não compareceu ao ato de Lula em São Bernardo do Campo antes da prisão.
Segundo Datafolha, sem Lula na disputa, Ciro passaria de cenários em que aparece com 5% para 9% das intenções de voto.
Já Marina Silva, a maior beneficiária da saída de Lula nas últimas pesquisas, tem uma trajetória biográfica com o mesmo apelo que a de Lula teve nas campanhas passadas. Ex-seringueira que se tornou senadora e ministra, ela também tem experiência em campanhas presidenciais.
No entanto, seu partido, a Rede, sofre com o raquitismo. Sem uma bancada relevante no Congresso, Marina nem sequer conta o número mínimo de deputados para garantir sua presença nos debates na TV. Só deve comparecer se as TVs que organizarem os eventos a convidarem. A Rede também conta com apenas 10 milhões de reais do fundo de campanhas – bem atrás dos mais de 200 milhões da fatia do PT. Sem Lula, ela passaria de 10% para até 15% das intenções de voto.
Bolsonaro, por sua vez, parece à primeira vista o maior beneficiário da saída de Lula, já que passa automaticamente para o primeiro lugar nas pesquisas. Ele chega até a herdar alguns votos do ex-presidente. Segundo o cientista político Carlos Pereira, da FGV-Rio, alguns eleitores de Lula podem se identificar com o discurso de "lei e ordem” do ex-militar. No entanto, adverte ele, a candidatura de Bolsonaro tende a murchar com o tempo, especialmente sem Lula na disputa.
"Ele vai esvaziar por não fazer parte de um partido com capilaridade no país e porque seu apelo depende muito de se apresentar como um anti-Lula”, afirma Pereira.
Bolsonaro é filiado ao PSL, uma sigla nanica, que terá pouco tempo na TV se não fechar alianças com siglas maiores, além de apenas 9 milhões de reais do fundo de campanha. O candidato é conhecido nacionalmente e conta com bastante presença na internet. Mas a falta de estrutura partidária e experiência em campanhas majoritárias ficou evidente em uma viagem recente a Curitiba, quando seus coordenadores locais não conseguiram arregimentar nem um grupo mínimo em um evento no centro da cidade.
Sem Lula, Bolsonaro passaria de 15%-16% para até 17%.
O fator Joaquim Barbosa
Uma das incógnitas da próxima eleição presidencial é se o ex-presidente do Supremo Joaquim Barbosa será candidato, seja como cabeça de chapa ou vice. Em meio à confusão da prisão de Lula, ele se filiou sem alarde ao PSB, que terá 118,8 milhões de reais para o fundo de campanha.
Assim como Lula, Barbosa tem potencial para vender uma biografia para o eleitorado. Ele já começa a despontar nas pesquisas. Sem Lula na disputa, ele passa de 8% para 10% das intenções, segundo a última pesquisa Datafolha.
De acordo com a consultoria Eurasia, Barbosa não pode ser menosprezado. Um relatório recente apontou que Barbosa pode ter o perfil mais competitivo nesta eleição, já que possui credenciais anticorrupção e pode ser visto como alguém de fora do sistema político tradicional.
Alckmin e os candidatos de centro
Sem Lula na disputa, o tucano Geraldo Alckmin abocanha poucos novos votos por ora. No entanto, Alckmin acredita que pode ampliar sua votação entre os órfãos de Lula. Recentemente, ele passou a fazer mais discursos com temas sociais – ainda que sem deixar de criticar o ex-presidente.
Por enquanto, o tucano não passa de 8% das intenções de voto dependendo do cenário. Nesta semana, disse que a seis meses das eleições "pesquisa não representa nada”. Seu partido vai contar 185 milhões de reais do fundo de campanha.
Segundo o cientista político Carlos Pereira, da FGV-Rio, sem Lula, a tendência é que o segundo turno inclua dois candidatos de centro, sem a presença da esquerda (petista ou não).
De acordo com ele, é provável que um desses candidatos seja do PSDB, ou seja, Alckmin, e o outro do governo Michel Temer, que deve recuperar a influência no processo por causa da melhora da economia. "Sem Lula, a esquerda vai perder espaço", completa.
Como não cair em "fake news"?
02:20
Os votos da esquerda pura
Durante o período em que permaneceu entrincheirado em São Bernardo do Campo aguardando a prisão, Lula fez seguidos elogios aos pré-candidatos Guilherme Boulos (Psol) e Manuela D'ávila (PCdoB). Mas o gesto foi interpretado por analistas como uma tentativa de unificar a esquerda em torno do PT e estava longe de significar que o ex-presidente decidiu apoiar os dois.
Manuela e Boulos, por ora, aparecem como beneficiários modestos da herança de Lula. A comunista só herda por enquanto 3% dos votos. Boulos, apenas 1%. Nas eleições, o partido de Manuela vai contar com 30 milhões de reais do fundo de campanha. O Psol de Boulos, 21,4 milhões. Embora os valores sejam consideráveis para essas siglas, os dois partidos devem encontrar dificuldade para realizar campanhas de estatura nacional.
O melhor resultado eleitoral do Psol em uma eleição presidencial foi 2006, quando o partido conseguiu 6,85% dos votos no primeiro turno. A candidata foi a senadora Heloisa Helena, à época muito mais conhecida do que Boulos hoje. O PC do B também está longe de possuir a capilaridade de outros partidos. Tem apenas 80 prefeitos e um governador (Maranhão) pelo país. "O dinheiro, a influência e a presença nos estados e municípios ainda são fundamentais em uma disputa nacional”, diz Oliver Stuenkel, da FGV-SP.
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A trajetória política de Lula
Das greves no ABC à Presidência. Da condenação pela Lava Jato ao terceiro mandato. Os principais momentos políticos na vida de Luiz Inácio Lula da Silva.
Foto: Getty Images/AFP/C. Petroli
Lula e as greves do ABC
Em 1975, Lula foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema e ganhou projeção nacional ao liderar uma série de greves no final da década. Em 1980, foi preso e processado com base na Lei de Segurança Nacional após comandar uma paralisação que durou 41 dias. Lula ficou 31 dias no cárcere do Dops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social).
Foto: Instituto Lula
Fundação do PT
Em 10 de fevereiro de 1980, pouco antes de ser preso, Lula ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT) com apoio de intelectuais e sindicalistas. Em maio do mesmo ano, ao sair do cárcere, foi eleito o primeiro presidente do partido. O pernambucano, então, ingressaria de vez na política: em 1982, concorreu ao governo de São Paulo e, em 1986, foi eleito deputado constituinte.
Foto: Getty Images/AFP/C. Petroli
A campanha de 1989
O PT lançou a candidatura de Lula nas primeiras eleições presidenciais diretas após o fim do regime militar. Com uma imagem de operário e um discurso de esquerda, Lula provocou temor em vários setores da economia, que se alinharam ao candidato Fernando Collor. O petista foi derrotado no segundo turno, depois de uma campanha que envolveu acusações de manipulação da imprensa a favor de Collor.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Gostoli
A campanha de 1994
No embalo das primeiras denúncias de irregularidades no governo Collor, Lula lançou, em 1992, o movimento "Fora Collor" em apoio ao impeachment. Em 1994, concorreu novamente à Presidência, com Aloizio Mercadante como vice, mas foi derrotado no primeiro turno por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), lançado como "pai do Plano Real". O PT, por outro lado, elegia seus primeiros governadores (DF e ES).
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A campanha de 1998
Em 1998, Lula sofreu uma de suas piores derrotas eleitorais. À época, o petista teve como candidato a vice o ex-governador Leonel Brizola (PDT), um dos seus rivais na eleição de 1989 e com quem disputava a hegemonia na esquerda brasileira. A fórmula não deu certo. Lula obteve só 31% dos votos, e o então presidente Fernando Henrique Cardoso foi reeleito com 53% no primeiro turno.
Foto: picture alliance/AP Photo/R. Gostoli
A posse de Lula
O eterno candidato do PT finalmente assumiu a Presidência em janeiro de 2003, após oito anos de governo do PSDB. Lula foi eleito com 61% dos votos válidos no segundo turno. A vitória foi alcançada após uma campanha que vendeu uma imagem mais moderada do petista – simbolizada no slogan "Lulinha paz e amor" – com o objetivo de acalmar os mercados e ampliar o eleitorado do partido.
Foto: O. Kissner/AFP/Getty Images
Economia em alta
Após as turbulências no final do governo Fernando Henrique Cardoso, a economia brasileira voltou a crescer com Lula, embalada sobretudo pelo boom das commodities. Foi o período da descoberta do pré-sal e investimentos em grandes obras de infraestrutura. O crescimento médio do PIB no segundo mandato chegou a 4,6%. O bom momento catapultou a popularidade de Lula, que chegou a 87% no final de 2010.
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Queda na desigualdade
Os programas sociais lançados por Lula, como Minha Casa, Minha Vida e ProUni, também contribuíram para a popularidade do presidente. O Bolsa Família, criado em 2004 a partir da unificação de outros programas de transferência de renda, se tornaria o carro-chefe. Quase 28 milhões de brasileiros saíram da zona de pobreza nos oito anos do governo Lula, afirmou um balanço em 2010.
Foto: Vanderlei Almeida/AFP/Getty Images
O escândalo do mensalão
Em 2005, o governo Lula foi atingido em cheio pelo escândalo de compra de votos de deputados, o mensalão. Apesar do desgaste, Lula sobreviveu à crise. Outros, como o ministro José Dirceu, uma das figuras fortes do governo, caíram em desgraça. No início, Lula afirmou que assessores o haviam "apunhalado", mas depois mudou o discurso e disse que o caso era uma invenção da oposição e da imprensa.
Foto: picture alliance / dpa / picture-alliance
A eleição de Dilma
Em 2007, logo após ser reeleito com mais de 60% dos votos, Lula começou a preparar o terreno para a sua sucessão. Como sucessora, ele escolheu a sua então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, uma tecnocrata sem experiência nas urnas. Nos três anos seguintes, Lula promoveu a imagem de Dilma junto aos brasileiros. A estratégia funcionou, e ela foi eleita em 2010.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/EBC
Prestígio mundial
Durante a Presidência, Lula gozou de prestígio mundial e se reuniu com os mais importantes chefes de Estado do planeta. Em abril de 2009, em um encontro do G20, o presidente dos EUA na época, Barack Obama, cumprimentou o colega e disse: "Adoro esse cara! O político mais popular da Terra". No mesmo ano, Lula apareceu em 33º lugar na lista das pessoas mais poderosas do mundo da revista Forbes.
Foto: AP
Luta contra o câncer
Em outubro de 2011, Lula foi diagnosticado com câncer na laringe, sendo submetido a um agressivo tratamento – pela primeira vez desde 1979, ele aparecia sem a barba. Exames apontaram a remissão completa do tumor cerca de cinco meses depois, e Lula voltou a se engajar nas campanhas do PT. Uma das grandes vitórias eleitorais de 2012 foi a de Fernando Haddad na Prefeitura de São Paulo.
Foto: AFP/Getty Images
Lula e a Lava Jato
Em março de 2016, Lula foi alvo de um mandado de condução coercitiva na Operação Lava Jato, que investigou escândalos de corrupção na Petrobras. O ex-presidente foi levado para depor sobre um sítio em Atibaia, um triplex no Guarujá e sua relação com empreiteiras investigadas na Lava Jato. No mesmo dia, a PF cumpriu mandados em residências do petista e de sua família, além do Instituto Lula.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Réu em diferentes processos
Nos meses seguintes, Lula foi denunciado por uma série de crimes, como corrupção passiva, lavagem de dinheiro, obstrução da Justiça e tráfico de influência, tornando-se réu em cinco processos diferentes. O petista sempre desmentiu as acusações, negou a prática de crimes e disse ser vítima de perseguição política. Ele também negou ser proprietário dos imóveis investigados.
Foto: picture-alliance/abaca
Morre Marisa Letícia
Em fevereiro de 2017, morreu a ex-primeira-dama Marisa Letícia. Lula e Marisa se conheceram em 1973, no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo. Ela esteve ao lado do marido durante a sua ascensão política, desde os tempos do sindicato, quando liderou passeata em apoio a sindicalistas presos, passando pela fundação do PT, costurando a primeira bandeira do partido, até a Presidência.
Foto: Reuters/N. Doce
Caravana pelo país
Visando uma nova candidatura à Presidência no ano seguinte, Lula começou em 2017 uma caravana pelo Brasil que reuniu milhares de pessoas. Em junho de 2018, o PT confirmou sua pré-candidatura, mesmo com ele já preso. Em agosto, o Tribunal Superior Eleitoral impediu que ele concorresse. Como sucessor, Lula escolheu Fernando Haddad, que chegou ao segundo turno, mas foi derrotado por Jair Bolsonaro.
Foto: Ricardo Stukert /Instituto Lula
Lula é condenado
Lula foi condenado pela primeira vez em 12 de julho de 2017. A sentença do juiz Sergio Moro determinou 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, ligados ao triplex no Guarujá. O TRF-4 confirmou a condenação em segunda instância, além de aumentar a pena para 12 anos e um mês de prisão. Foi a primeira condenação de um ex-presidente por corrupção no Brasil.
Foto: Abr
Derrota no STF
Por 6 votos a 5, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) negaram, em 4 de abril de 2018, um pedido de habeas corpus preventivo apresentado pela defesa de Lula para evitar uma eventual prisão após o fim dos recursos na segunda instância da Justiça Federal. Manifestantes contrários e a favor de Lula foram às ruas por ocasião do julgamento.
Foto: picture alliance/AP Photo/S. Izquierdo
Lula se entrega à PF
Em 7 de abril de 2018, Lula se entregou à Polícia Federal, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, após ordem de prisão expedida por Sergio Moro. Antes de se entregar, Lula fez um discurso acalorado aos apoiadores. De Congonhas, Lula partiu de avião para Curitiba, onde começou a cumprir sua pena.
Foto: Paulo Pinto/Instituto Lula
Vigília em frente à PF em Curitiba
Depois da prisão de Lula, apoiadores do ex-presidente revezaram-se em um acampamento em frente à Polícia Federal de Curitiba, onde ele permaneceu preso. O local recebeu constantes visitas de políticos e de artistas, do Brasil e do exterior. Apoiadores também realizaram caravanas pelo país, com o slogan "Lula Livre". Em fevereiro de 2019, Lula também foi condenado no caso do sítio em Atibaia.
Foto: Ricardo Stuckert
Solto após 19 meses na prisão
Lula deixou a prisão em 8 de novembro de 2019, depois de passar um ano e sete meses na sede da Polícia Federal em Curitiba. A soltura ocorreu após o STF derrubar uma decisão que autorizava a prisão em segunda instância, beneficiando diretamente o petista, que passou a recorrer em liberdade. Após deixar a prisão, Lula fez um discurso para apoiadores repleto de críticas à Lava Jato.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Correa
Supremo anula condenações
Após o fim da prisão, a campanha "Lula Livre" focou na anulação de suas condenações. Os advogados do petista recorreram até o Supremo, alegando que ele era vítima de perseguição judicial. Em abril de 2021, o plenário do Supremo concluiu que Moro não era o juiz competente para atuar nos processos do petista, e dois meses depois decidiu que Moro era parcial. As condenações de Lula foram anuladas.
Foto: Alexandre Schneider/Getty Images
Uma aliança inesperada
A preparação da sexta campanha presidencial de Lula envolveu uma costura política inusitada. O petista e aliados articularam para ter como vice o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, que foi filiado ao PSDB por 33 anos e era seu antigo adversário. A aproximação teve o objetivo de atrair o voto conservador e vingou: em abril de 2022, o PSB, novo partido de Alckmin, confirmou sua indicação.
Foto: Ricardo Stuckert/AFP
Em busca do voto anti-Bolsonaro
Lula lançou sua pré-candidatura em maio de 2022, defendendo a união de pessoas de orientações políticas variadas contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. No evento, Alckmin prometeu lealdade, disse que o futuro do Brasil "está em jogo" e foi aplaudido pelos petistas.
Foto: NELSON ALMEIDA/AFP
Triunfo na busca por terceiro mandato
Após uma das campanhas mais tensas da história brasileira, Lula conquistou novamente a Presidência. Com apoio de uma frente ampla que reuniu forças de centro e antigos adversários, o petista impôs uma derrota inconteste sobre o extremista de direita Jair Bolsonaro. Aos 77 anos, Lula se tornou o político mais velho a conquistar o Planalto.