Martine Grael e Kahena Kunze: "Queremos inspirar meninas"
3 de agosto de 2021
Jovem dupla conquista medalha de ouro na vela para o Brasil numa edição dos Jogos marcada pelo protagonismo de mulheres brasileiras. As agora bicampeãs olímpicas esperam deixar um legado na vela feminina.
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As brasileiras Martine Grael e Kahena Kunze conquistaram a medalha de ouro na classe 49er FX da vela nos Jogos Olímpicos de Tóquio nesta terça-feira (03/08). É o segundo título olímpico da dupla, que já havia subido ao topo do pódio no Rio de Janeiro em 2016.
A medalha de prata após a disputa realizada na Baía de Enoshima ficou com as alemãs Tina Lutz e Susann Beucke, e a de bronze, com as holandesas Annemiek Bekkering e Anette Duetz.
Martine e Kahena iniciaram na segunda posição geral a disputa da medal race, a última regata da competição, que oferece pontuação dobrada e dura 20 minutos, dez a menos que as 12 provas anteriores. O barco da Holanda acumulava 70 pontos perdidos, assim como o do Brasil, mas levava vantagem nos critérios de desempate. As alemãs vinham logo atrás, com 73 pontos perdidos.
As brasileiras fecharam a prova em terceiro e garantiram o bicampeonato, escrevendo mais um capítulo em sua bela história olímpica. Na classificação geral, elas terminaram com 76 pontos perdidos, contra 83 das alemãs e 88 das holandesas.
"Vela feminina como legado"
Esta é a 19ª medalha olímpica do Brasil na vela e a nona da família Grael. Martine, de 20 anos, é filha de Torben Grael, que conquistou cinco medalhas olímpicas, e o tio, Lars Grael, levou outras duas.
Kahena, de 20 anos, também vem de uma família com tradição na vela: seu pai, Claudio Kunze, foi campeão mundial júnior na classe Pinguim nos anos 1970.
"Ainda não caiu a ficha. Está difícil de acreditar. Foi uma semana muito difícil de velejar", disse Martine após a conquista do ouro. Ela também destacou o impacto da pandemia sobre a dupla: "Foi um ciclo de um ano a mais, foram cinco anos que a gente passou entre tristezas e alegrias."
Kahena definiu o campeonato como "de recuperação". "No primeiro dia, aconteceram coisas e parecia que o ouro estava longe."
Ela também disse esperar inspirar outras meninas a velejar. "A gente tem meninas que já com a nossa última medalha abriram o horizonte, e é isso o que a gente quer. A gente quer inspirar e trazer a vela feminina como um legado."
As jovens entraram para um seletíssimo rol de velejadores brasileiros com dois ouros em Jogos Olímpicos e se tornaram as primeiras, entre homens e mulheres, a conseguir o feito em edições consecutivas – Torben Grael e Marcelo Ferreira, na classe Star, e Robert Scheidt, na Laser, foram campeões em 1996 e 2004.
Sem levar em conta modalidades coletivas, antes de Martine e Kahena, apenas o atleta brasileiro Adhemar Ferreira da Silva havia conseguido o feito de conquistar dois ouros em edições consecutivas dos Jogos Olímpicos, vencendo no salto triplo em 1952, em Helsinque, e em 1956, em Melbourne.
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Terceiro ouro e protagonismo feminino
A medalha na vela é a terceira de ouro do Brasil em Tóquio, após as conquistas históricas da ginasta Rebeca Andrade e do surfista Ítalo Ferreira. No total, o Brasil acumula 14 medalhas nos Jogos.
Até agora, brasileiras, que são minoria na delegação do país, chegaram seis vezes ao pódio: foram dois ouros (da dupla Martine Grael e Kahena Kunze e da ginasta Rebeca Andrade no salto), duas pratas (da skatista Rayssa Leal, de apenas 13 anos, e de Rebeca Andrade no individual geral), e dois bronzes (de Mayra Aguiar, no judô, e da dupla de tenistas Laura Pigossi e Luisa Stefani).
Também nesta terça-feira, Alisson dos Santos, paulista de apenas 21 anos, levou o bronze nos 400 metros com barreiras. Depois foi a vez de Thiago Braz garantir mais um bronze no salto com vara. O também paulista Abner Teixeira ficou ainda com a medalha de bronze no boxe.
lf/ek (Efe, Reuters, Agência Brasil, ots)
As mascotes dos Jogos Olímpicos
Os Jogos tiveram mascotes a partir de 1972, em Munique. Animais e figuras reais ou fantasiosas representam cada edição e motivam atletas e espectadores.
Foto: kyodo/dpa/picture alliance
Munique 1972: cão-salsicha Waldi
A primeira mascote da história dos Jogos Olímpicos foi o dachshund (cão-salsicha) Waldi. O famoso designer alemão Otl Aicher, que o concebeu para Munique 1972, escolheu esta raça canina porque ela se caracteriza pela resistência, tenacidade e agilidade, atributos importantes dos atletas.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Weigel
Montreal 1976: o castor Amik
O castor preto Amik representa, para os canadenses, trabalho árduo. O nome significa castor na língua algonquin, a mais difundida entre os indígenas canadenses. A escolha pelo animal, nativo do Canadá, se deveu a características importantes para um atleta: paciência e trabalho duro para construir as barragens onde vive.
Foto: Sven Simon/imago
Moscou 1980: o urso Misha
Em 1980, os Jogos em Moscou tiveram o animal nacional da Rússia como mascote. Ele foi concebido pelo caricaturista e ilustrador de livros infantis russo Viktor Chizhikov, que alcançou fama internacional com Misha. A imagem da mascote chorando na cerimônia de encerramento emocionou o mundo.
Foto: Sven Simon/imago
Los Angeles 1984: a águia Sam
Outro animal símbolo nacional: a águia Sam. Idealizado pelo desenhista Robert Moore, dos estúdios Disney, o animal tinha um chapéu cartola e gravata borboleta nas cores da bandeira dos Estados Unidos.
Foto: Tony Duffy/Getty Images
Seul 1988: o tigre Hodori
Nos Jogos na capital da Coreia do Sul, o escolhido foi o tigre Hodori, um animal enraizado na cultura e mitologia coreanas, e que representa vigor e espírito de luta. Em sua cabeça, a mascote usa um sangmo, chapéu típico de músicos populares sul-coreanos. Seu criador foi Kim Hyun. O nome é uma mistura de horangi, que significa tigre, e dori, diminutivo de garoto.
Foto: Sven Simon/imago
Barcelona 1992: o cão pastor Cobi
A mascote espanhola idealizada pelo designer Javier Mariscal no estilo do cubismo foi uma homenagem ao pintor espanhol Pablo Picasso. O nome vem do comitê organizador dos Jogos de Barcelona.
Foto: Pressefoto Baumann/imago
Atlanta 1996: Izzy
Izzy foi a primeira mascote olímpica que não representava um animal típico do país. O designer americano John Ryan criou uma criatura puramente imaginária. O difícil era dizer do que se tratava, tanto que o nome é uma abreviação de "Whatizit", forma informal da pergunta "What’s it?" (O que é isso?, em inglês).
Foto: Michel Gangne/AFP/Getty Images
Sydney 2000: Olly, Syd e Millie
Pela primeira vez, os Jogos tiveram três mascotes numa edição. Criadas pelo designer Matthew Harton, elas representam animais nativos australianos. Olly, cujo nome vem de Olimpíada, é um pássaro kookaburra; Syd, versão reduzida de Sydney, é um ornitorrinco; e Millie, batizada em homenagem ao novo milênio, é um equidna, espécie de porco-espinho.
Foto: Arne Dedert/dpa/picture-alliance
Atenas 2004: Athena e Phevos
As mascotes dos Jogos Olímpicos de Atenas foram uma homenagem à mitologia grega. Athena e Phevos receberam os nomes de irmãos do Olimpo. Athena era a deusa da sabedoria e deu o nome à cidade onde se realizaram os Jogos. Phevos era o outro nome de Apolo, deus da luz e da música. A inspiração para o desenho, feito por S. Gogos, foi uma "aitala", boneca de terracota encontrada em escavações.
Foto: Alexander Hassenstein/Bongarts/Getty Image
Pequim 2008: Beibei, Jingjing, Huanhuan, Yingying e Nini
Os Jogos na capital chinesa tiveram cinco mascotes, cada um numa cor dos anéis olímpicos: Beibei, um peixe; Jingjing, um panda; Huanhuan, o fogo olímpico; Yingying, um antílope tibetano; e Nini, uma andorinha. Os nomes foram derivados de "Beijing huanying ni", que significa "Pequim lhe dá as boas-vindas".
Foto: Kazuhiro Nogi/AFP/Getty Images
Londres 2012: Wenlock e Mandeville
Wenlock e Madeville – esta última mascote dos Jogos Paralímpicos – lembram gotas de aço. Elas têm na cabeça um escudo laranja que lembra os sinais luminosos sobre os táxis ingleses. O olho, uma câmera, simboliza a era digital. Um nome vem de Much Wenlock, que teria inspirado o Barão de Coubertin a criar os Jogos da Era Moderna, e o outro vem de Stoke Mandeville, berço do Movimento Paralímpico.
Foto: Julian Finney/Getty Images
Rio 2016: Vinícius e Tom
A mascote Vinícius é uma mistura de macaco e gato selvagem e representa a fauna brasileira. Já a mascote paralímpica Tom combina várias plantas e representa a flora brasileira. Os nomes foram inspirados em Vinícius de Moraes e Tom Jobim.
Foto: Sebastiao Moreira/dpa/picture alliance
Tóquio 2020: Miraitowa e Someity
Miraitowa significa "futuro" (mirai) e "eternidade" (towa), em japonês. O projeto do artista Ryo Taniguchi foi escolhido por estudantes japoneses e combina futurismo com o tradicional estilo mangá. Já Someity, mascote dos Jogos Paralímpicos, mistura o termo "Someiyoshino", um tipo popular de flor de cerejeira, e a expressão "so mighty" (tão poderoso, em inglês).
Foto: picture-alliance/Kyodo/Maxppp
Paris 2024: os barretes Les Phryges
As mascotes dos Jogos de Paris também vêm em dupla: Les Phryges, em versão olímpica e paralímpica. Sua forma é inspirada no barrete frígio, "uma peça de vestuário que é um simbolo de liberdade, tem sido parte de nossa história há séculos e data a tempos remotos", "um símbolo de revoluções" e onipresente na França, explica o website do evento.